PRAIA-O primeiro-ministro cabo-verdiano lembrou que os empréstimos concessionais que Cabo Verde tem recebido vão acabar em 2013, data a partir da qual terá acesso apenas a empréstimos a preço de mercado.
José Maria Neves, numa intervenção feita sexta-feira na sessão de abertura do IX Encontro Nacional de Secretariado (ENASEC), sublinhou que, a partir dessa data, Cabo Verde termina o período de transição de País Menos Avançado (PMA), passando "a tempo inteiro" a País de Rendimento Médio (PRM).
"Hoje, Cabo Verde está num momento crucial deste seu percurso. Vamos deixar de receber empréstimos concessionais. Até agora, construímos estradas, portos e aeroportos com ajuda pública ao desenvolvimento ou com empréstimos concessionais", referiu, citado pela agência Inforpress.
O chefe do executivo da Cidade da Praia recordou que os juros dos empréstimos concessionais são "reduzidíssimos", variando entre o 1 e os 1,5%, além de um longo período de carência, que vão ser pagos pelo governo no prazo de 25 a 30 anos.
José Maria Neves alertou também que a ajuda externa "está a esgotar-se e que as fontes tradicionais de financiamento do desenvolvimento estão "em falência", pelo que os cabo-verdianos "terão de ser muito inteligentes, criativos, inovadores" para que se possa fazer face a um "momento crucial" para o país.
"O futuro depende da nossa capacidade hoje de fazer as coisas certas, mas sobretudo de inventar boas coisas para fazer", disse, acrescentando que Cabo Verde precisa dramaticamente de criar riquezas e de ser competitivo para poder continuar a fazer os investimentos na Educação, entre outras áreas.
A 1 de Janeiro de 2008, as Nações Unidas elevaram o estatuto de Cabo Verde à categoria de País de Rendimento Médio.
A 21 de Março último, ao tomar posse como chefe do novo executivo saído das legislativas de 6 de Fevereiro deste ano, José Maria Neves assumiu que tem cinco anos "difíceis" pela frente, devido sobretudo a uma "complexa, conturbada e inesperada" atmosfera mundial, em que a fragilidade da economia do país pode sofrer danos.
O alto défice da economia, em torno dos 13%, mais do quádruplo da estipulada em Maastricht - o escudo cabo-verdiano está ligado ao euro -, pode agravar-se já em 2013, quando terminarem então os empréstimos concessionais.
O valor do défice está alicerçado precisamente nos empréstimos concessionais de longo prazo, razão por que José Maria Neves decidiu manter a anterior ministra das Finanças, Cristina Duarte, já conhecida e bem vista no mundo financeiro, sobretudo pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial (BM).
http://oje.sapo.cv/noticias/nacional/emprestimos-concessionais-a-cabo-verde-terminam-em-2013-alerta-jose-maria-neves
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