1-Cidade da Praia, 05 abr (Lusa) -A nomeação do ex-chefe da diplomacia de Cabo Verde como Alto Representante da União Africana (UA) para a Costa do Marfim não tem o acordo das partes em conflito, pelo que está sem efeito, disse hoje o primeiro-ministro cabo-verdiano.
José Maria Neves lembrou que a nomeação da José Brito é uma questão da UA e que Cabo Verde não apresentou qualquer candidatura ao cargo.
"É uma questão da UA e não de Cabo Verde, que não se candidatou a este cargo. Foi uma indicação da UA e não é uma questão do Governo de Cabo Verde. Não fizemos nenhum corredor diplomático para isso e foi uma sugestão da UA que não obteve consenso das partes", frisou o chefe do executivo da Cidade da Praia.
Falando aos jornalistas após entregar no Parlamento cabo-verdiano o Programa de Governo da VIII Legislatura, José Maria Neves insistiu que a questão "não é um assunto da diplomacia cabo-verdiana".
A 28 de março último, em declarações à Agência Lusa, José Brito garantiu que a nomeação apenas lhe fora transmita pela UA de forma oficiosa e não oficial, razão pela qual não avançaria com qualquer iniciativa.
Três dias antes, a UA anunciara a nomeação de José Brito como Alto Representante da organização para a Costa do Marfim, com o mandato de "estabelecer pontes" entre Alassane Ouattara, presidente eleito nas presidenciais de novembro, e Laurent Gbagbo, chefe de Estado cessante e que se recusa a abandonar o poder.
No entanto, Ouattara fez saber publicamente que, dadas as "relações pessoais e políticas" de José Brito com Gbagbo, não aceitava a nomeação, contrariamente ao presidente cessante marfinense.
A 10 de março, em Adis Abeba, a União Africana aprovou um conjunto de propostas, entre elas uma resolução que defende a nomeação de um Alto Representante para "trabalhar para a realização, sob a égide da UA e da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), de negociações entre as partes marfinenses a fim de elaborar um plano de aplicação" das decisões da organização pan-africana.
A UA aprovou nessa data as conclusões do painel de chefes de Estado nomeados para o processo, reconheceu Ouattara como chefe de Estado legítimo, na sequência da vitória nas presidenciais de novembro, e pediu ao presidente vencedor para nomear um "governo de abertura" e ajudar a encontrar "uma saída honrosa" para o adversário.
Segundo organizações internacionais, milhares de pessoas morreram na sequência dos violentos confrontos pós-eleitorais.
JSD./Lusa/Fim
2-PM recusa intrometer-se na campanha, mas reafirma apoio a Inocêncio de Sousa
Cidade da Praia, 05 abr (Lusa) -- O líder do PAICV, José Maria Neves, afirmou hoje que recusa intrometer-se na campanha eleitoral das presidenciais deste ano em Cabo Verde, mas reiterou que tudo fará para eleger Manuel Inocêncio de Sousa.
O também primeiro-ministro, em declarações aos jornalistas após ter entregue o Programa de Governo no parlamento, garantiu, por outro lado, que o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) "não está dividido" e que os militantes terão liberdade de voto nas eleições, cuja data está ainda por marcar.
"Não quero intrometer-me na campanha eleitoral das Presidenciais. O PAICV já tomou uma posição, nos seus órgãos próprios. Tenho a lealdade para com o meu partido e por razões éticas, como presidente do PAICV, farei tudo para que as decisões do PAICV sejam cumpridas", disse, aludindo ao apoio a Inocêncio de Sousa.
Na qualidade de líder do PAICV, José Maria Neves comentava a candidatura de Aristides Lima, antigo secretário-geral da força política atualmente no poder e presidente do Parlamento nos últimos dez anos, que se apresentou sexta-feira última como concorrente à sucessão de Pedro Pires à revelia do antigo partido único.
"Permitam-me não valorizar nem fazer nenhum tipo de comentário sobre as candidaturas que existem. O PAICV já tomou uma decisão, apoia Manuel Inocêncio de Sousa e apelo a todos os militantes, amigos e família do PAICV para que nos mantenhamos unidos em torno da difusão da decisão que o PAICV tomou", insistiu.
"Já disse várias vezes que tenho a lealdade, tenho de respeitar as regras e decisões do partido, que decidiu apoiar a candidatura de Manuel Inocêncio de Sousa. Desde 12 de fevereiro que o meu candidato às presidenciais é Manuel Inocêncio de Sousa e vou fazer absolutamente tudo o que estiver ao meu alcance para que esta decisão do PAICV possa fazer caminho", frisou.
Segundo José Maria Neves, os militantes são "absolutamente livres" para escolher o candidato.
"Os militantes do partido são absolutamente livres. Não há nenhum extremismo, nenhuma intolerância em relação a nenhum dirigente ou militante do PAICV. Não há divisão no seio do partido. Não há divisão no Conselho Nacional, nem na Comissão Política do partido", referiu.
Questionado sobre a razão de não ter falado ainda com Aristides Lima, que sexta-feira última, ao apresentar a candidatura, lamentou desse facto, José Maria neves respondeu que tem andado "extremamente ocupado".
"Tenho estado extremamente ocupado na preparação do Programa de Governo. Ontem (segunda-feira) estive o dia todo no Conselho de Ministros e, no fim-de-semana, estive a trabalhar na Moção de Confiança e no Programa de Governo para cumprir os prazos constitucionais", respondeu.
José Maria Neves salientou ainda que, na campanha para as presidenciais, espera que todos se fixem em "ideias e projetos" e não em ataques pessoais ou na "fulanização da política", deixando também avisos.
"Concentremo-nos no debate das ideias, nas alternativas. Acho que os três candidatos presidenciais devem debater ideias, projetos. Nenhum candidato consegue ganhar fazendo oposição ao presidente do PAICV ou ao primeiro-ministro. Nenhum candidato consegue ganhar fazendo intrigas e acusando ou ofendendo o presidente do PAICV. Cada candidato deve trabalhar fazendo a promoção das suas ideias e projetos", concluiu.
JSD./Lusa/Fim
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