A Direcção da Cadeia Central da Ribeirinha (em São Vicente) está suspensa, por alegada participação em casos de corrupção, envolvendo presos condenados por narcotráfico e associação criminosa. O director da Ribeirinha, três e chefes e uma subchefe terão sido subornados por Lígia e Zé Pote, condenados a 17 e 25 anos de prisão, respectivamente, por implicação no caso da droga do Sal.
Uma fonte próxima do Ministério da Administração Interna, que confirmou a suspensão do director da Cadeia de São Vicente, dos três chefes e da subchefe, escusou-se, entretanto, em avançar com os pormenores de tal decisão.
Ambas estarão na posse de elementos que confirmam a existência de ilícitos que configuram situações de favorecimento e corrupção, com o envolvimento das chefias do estabelecimento prisional e de alguns reclusos.
De acordo com a mesma fonte que pediu anonimato, estas suspensões servem para pôr cobro a uma "onda de corrupção, em larga escala", que se instalou na Ribeirinha, bairro onde se situa a cadeia.
DINHEIRO A RODOS
Este caso foi despoletado há cerca de dois meses, quando uma subchefe foi suspensa, na sequência de uma denúncia de Lígia Furtado, que a acusou de lhe ter ficado com cerca de mil contos.
"A partir daí muitos podres vieram à tona", diz a fonte do A NAÇÃO, sublinhando que a maior gravidade está relacionado com o facto de "Lígia ter feito uma transacção de dez mil contos, guardando essa mesma quantia no cofre do director da Cadeia". Esse montante, ao que tudo indica, servia para a compra de favores e benesses. Por exemplo, Lígia está matriculada na Universidade do Mindelo e "desloca-se com alguma frequência àquele estabelecimento de Ensino Superior para prestar provas".
Esta situação fez com que o director-geral dos Serviços Penitenciários e Reinserção Social, Fidel Tavares, se deslocasse a São Vicente para a adopção de medidas que se impunham. Uma delas foi a escolha de uma nova equipa para assegurar a gestão do estabelecimento prisional, fazendo-se acompanhar do chefe da Cadeia Central da Praia, José Joaquim, para assumir, interinamente, as funções de director da Ribeirinha, até o apuramento dos factos.
ANTECEDENTES
De recordar que os reclusos em causa foram condenados pelo Tribunal da Comarca do Sal, a 23 de Outubro de 2009. O Supremo Tribunal de Justiça manteve as penas de José Arlindo (Zé Pote), antigo empresário (25 anos de prisão); Jorge Gonçalves, também antigo empresário (24 anos); e Tigana, ex-agente da Polícia Nacional; mas desceu de 23 para 17 anos a de Lígia Furtado, assistente de bordo; e de 12 para seis anos a do também empresário Naiss.
Entre os bens definitivamente perdidos para o Estado, todos apreendidos na ilha de Santiago, estão 20 prédios urbanos, entre apartamentos e vivendas; seis lotes de terreno e cinco viaturas todo o terreno. O caso remonta a 2007, quando as autoridades policiais apreenderam no aeroporto do Sal três malas com 70 quilogramas de cocaína.
http://www.alfa.cv/anacao_online/index.php/destaque/1654-direccao-da-cadeia-de-sao-vicente-suspensa-por-corrupcao
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