domingo, 27 de novembro de 2011

CV(Sapo.cv):Sara Tavares de volta aos palcos

“Fiquei com menos paciência para as tretas da vida”

Depois de ter estado parada cerca de um ano e meio, Sara Tavares regressa em grande com uma tournée internacional para promover o seu último disco – “Xinti”.  Depois de Brasil, Polónia, Portugal e Angola, Sara esteve em Cabo Verde para dar dois concertos memoráveis, na Praia e no Mindelo. 
“Xinti” Tour
“Fiquei doente e nunca tive oportunidade de apresentar o concerto maduro com as outras dimensões que se vão conseguindo descobrir ao longo da carreira das tournées”, afirmou Sara Tavares, explicando assim a necessidade de fazer esta tournée internacional. 
“Xinti” é o segundo álbum da cantora. Não o faz questão de explicar, já que para ela o melhor de um músico “é fazer música e não explicá-la”. “Queria que as pessoas o (disco) sentissem”. Neste álbum usa os mesmos ritmos que no álbum “Balancé”, muitos dos mesmos músicos, mas este é um álbum que fala mais de estados da alma e pede uma sonorização mais delicada, mais suave.
A krioulidade
Sara Tavares nasceu em Portugal e é filha de pais cabo-verdianos.
A mãe é de Santo Antão e o pai é da Praia. “Embora tenha nascido em Portugal, sempre senti, que sim era portuguesa, mas uma portuguesa especial (…). Aqui não sinto que seja uma cabo-verdiana diferente dos outros, até porque a diáspora é muito grande e é uma realidade super aceite e integrada (…)e as pessoas não deixam de ser cabo-verdianas porque estão ou já nasceram na diáspora.”
Fala num sentimento de pertença e numa herança genética que lhe permitem sentir o “funaná tão profundo” e que faz com que o “batuque mexe com as coisas lá dentro no estômago”. Sara revela que tem vontade de voltar sempre e não exclui, um dia, vir cá ficar por mais tempo.
Garante que o crioulo sempre fez parte da sua vida e para cantar na língua materna dos pais teve apenas de ganhar coragem. “Logo quando comecei a compor em português, comecei também a compor em crioulo”. E justifica: “Se eu quisesse transmitir quem eu era também tinha de transmitir que era filha de pais cabo-verdianos e que havia essa dimensão na minha vida”.
A doença
Em Dezembro de 2009, Sara soube que estava doente (um tumor benigno no cérebro). “Foi o único período da minha vida que tive bem afastada da música”, confessa. Na fase inicial de recuperação, o problema afectava a sua coordenação motora não lhe permitindo tocar viola sequer. Explica que resolveu não lutar contra isso
Sara concentrou-se na família e assim passou a estar mais tempo com os seus. “Durante esse ano e meio, deu para acompanhar o nascimento dos meus últimos sobrinhos e o crescimento deles”. 
“Não sinto que tenha mudado (…) sempre senti que a vida era muito fugaz e tinha que aproveitar”, diz com uma tranquilidade a cantora e acrescenta que teve uma criação simples. Sara explica que se calhar a principal diferença, entre o antes e o depois da doença, é que agora tem mais urgência de viver as coisas importantes e com “menos paciência para tretas”. 
Não tem pressa de viver, mas antes “vontade de viver mesmo” e “não acordar para correr atrás do dinheiro ou do vento”. Quer aproveitar os amigos e a família, porque “as pessoas vão-se (…)Este ano perdi o meu irmão e a minha avó”.
O regresso aos palcos tem sido “muito bom”. A cantora fica feliz com a reacção do público que sente que esteve preocupado com ela e agora mostra-se contente com o seu regresso.

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