BISSAU-Os governos da Guiné-Bissau e Cabo Verde vão institucionalizar a realização de cimeiras de dois em dois anos, alternadamente em cada país, anunciou hoje em Bissau o primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves.
José Maria Neves cumpre hoje o terceiro dia de uma visita de cinco à Guiné-Bissau com encontros com empresários e políticos. Durante a manhã encontrou-se com o primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, a quem reafirmou que Cabo Verde tem uma imensa dívida para com o povo da Guiné-Bissau.
Apelidando de "histórica" a visita à Guiné-Bissau, José Maria Neves disse que se hoje em Cabo Verde se fala da democracia, liberdade e desenvolvimento é porque "houve gente que deu o seu suor, as suas lágrimas, a sua própria vida, houve heróis da Guiné-Bissau e gente anónima que contribuíram para que isto pudesse acontecer".
"Por mais que façamos será impossível poder pagar esta nossa grande dívida", disse, acrescentando: "Por isso a Guiné-Bissau pode contar com toda a amizade, com toda a solidariedade do povo de Cabo Verde, do governo de Cabo Verde".
Carlos Gomes Júnior respondeu que a dívida é recíproca, porque também houve combatentes de Cabo Verde que participaram na luta de libertação dos dois países. Mas o que mais emocionou Carlos Gomes Júnior foi o anúncio de José Maria Neves de que Cabo Verde iria contribuir para a reforma das forças de segurança, dando dinheiro para um fundo de pensões para militares que está a ser criado.
À frente de delegações dos dois governos, José Maria Neves e Carlos Gomes Júnior garantiram que Cabo Verde e Guiné-Bissau vão cooperar muito mais daqui para o futuro e praticamente em todos os domínios.
José Maria Neves falou de "concertação" em áreas como a governação eletrónica, segurança social, reforma do Estado, formação profissional, transportes ou agricultura, disse que os dois países querem criar condições para que as empresas possam fazer negócios em áreas como o turismo, a agricultura ou as pescas, e sugeriu mais transportes aéreos e marítimos entre os dois países.
José Maria Neves quer ter já no próximo ano em Cabo Verde pescado da Guiné-Bissau e quer em parceria desenvolver o agronegócio na Guiné-Bissau. A isso respondeu Carlos Gomes Júnior: "ambicionamos poder fornecer uma boa parte dos alimentos procurados hoje em Cabo Verde". E acrescentou que acordos nos domínios dos transportes aéreos e marítimos são fundamentais.
A cultura também não foi esquecida, com José Maria Neves a falar de mais cooperação, nomeadamente na área do património relacionado com a luta de libertação, e com Carlos Gomes Júnior a considerar imperioso "por gente a trabalhar" nessa área.
"Cabo Verde e Guiné-Bissau poderão organizar periodicamente feiras da cultura, feiras da música, feiras do artesanato, do livro, há muitas coisas que podemos fazer em comum", disse o primeiro-ministro de Cabo Verde.
Carlos Gomes Júnior lembrou ainda que a Guiné-Bissau tem madeira e potencialidades na agricultura e na mineração e que eventualmente tem petróleo, e garantiu que a vontade de cooperação é grande e que o governo está aberto a "tudo fazer para propiciar aos investidores cabo-verdianos toda a segurança nos seus investimentos".
E a tudo isso respondeu José Maria Neves: "Há uma imensidão de oportunidades para que os nossos dois países possam trabalhar conjuntamente e há uma grande disponibilidade, grande vontade política, em poder trabalhar com o governo da Guiné-Bissau".
Bissau, 28 novembro
Inforpress/Lusa
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