Hoje é 13 de Janeiro, o dia em que há 21 anos atrás os cabo-verdianos iam pela primeira vez às urnas eleger pelo voto directo, secreto e universal os seus governantes. É por isso dia de festa, para celebrar a liberdade e a democracia.
E neste momento de celebração a Presidência promove a partir de hoje e até o dia 20 de Janeiro, a “Semana da República” no Palácio do Plateau. E,a semana actividades que vão desde visitas guiadas a palestras e cinema. Eventos que marcam dois feriados “muito importantes” da história do país e, como tal, Jorge Carlos Fonseca quer que “toda a gente comemore” e lembre que a democracia ainda “tem fragilidades e não é suficientemente forte nem independente”.
“Pode haver uma data mais ligada a um partido político ou outro, mas são feriados nacionais portanto deviam ser datas nacionais. Mas é normal que nesta altura, e tendo em conta o percurso histórico e político do país, as pessoas liguem mais a uma data do que a outra. É normal que isso aconteça, embora não devesse acontecer”, considera JCF.
Em conferência de imprensa, Jorge Carlos Fonseca diz que o Presidente da República “tem de respeitar os feriados nacionais e os eventos historicamente marcantes, tanto a data que assinala a democracia e liberdade quanto a dos Heróis Nacionais” e, neste sentido, a Presidência vai assinalar as datas com um conjunto de actividades.
“Chamamos a ‘Semana da República’ e abrimo-nos de uma forma pedagógica, mostrando à sociedade cabo-verdiana e aos partidos políticos que toda a gente deve comemorar o 13 e o 20 de Janeiro. São datas importantes para Cabo Verde. A democracia é importantíssima e a independência também”, reforça.
O Presidente defende ainda que “o 13 de Janeiro é uma data decisiva para Cabo Verde já que representa o momento em que, pela primeira vez na história independente do país, houve eleições livres”. “O cabo-verdiano escolheu livremente os seus representantes e isso é fundamental na história de um país. O 5 de Julho também é uma data decisiva porque não seríamos um país democrático se não fossemos um país independente”, acrescenta.
“São datas importantes e temos de nos habituar a comemorar tudo aquilo que é importante para a nossa história e a nossa história nem começa com o 5 de Julho nem com o 13 de Janeiro, felizmente temos uma história que vai muito atrás, com muito mais tempo, muito antes da independência e muitíssimo antes da democracia”, realça.
O Presidente aproveita ainda para lembrar que “a declaração de que Cabo Verde é a 26º democracia do mundo, que veio de uma instituição credível e respeitada, deve encher os cabo-verdianos de orgulho e de auto-estima, mas tem de se ler isso com humildade e sentido de responsabilidade”.
“Todos nós sabemos que a nossa democracia é frágil, porque uma democracia consolidada tem de ter pilares sólidos, tem de ter um sistema judicial forte, tecnicamente, e independente e não temos ainda isso em Cabo Verde. Não temos em Cabo Verde uma opinião pública forte, isto é quase óbvio, e numa democracia forte tem de haver uma opinião pública que funcione como uma instância informal do controlo e influência dos poderes. Não temos”, considera o Presidente da República.
Programa da “Semana da República”
As actividades começam nesta sexta-feira, 13, “Dia da Liberdade e da Democracia” tendo como público-alvo os alunos do 12º ano de liceus da ilha de Santiago que podem fazer uma visita guiada ao palácio do Plateau, a partir das 15 horas. De seguida ouvem uma palestra sobre “Democracia e Constituição” proferida por Odair Varela. O dia termina com um momento musical.
No sábado, 14, o dia é dedicado às crianças dos jardins da capital que, através do “Stória Stória” na voz de Hermínia Curado e o piano de Ricardo de Deus vão proporcionar momentos de alegria e aprendizagem aos mais novos.
Na terça-feira, 17, a partir das 19 horas, e para o público em geral é exibido o projecto audiovisual ‘Utopia’, de César Shofield Cardoso com Lúcia Cardoso, Ndú e Djinho Barbosa e produção de Samira Pereira. Um projecto apoiado pela Fundação Amílcar Cabral. Também será exibido ‘Cabralista’, do realizador cabo-verdiano Valério Lopes, e que foi considerado o melhor documentário na segunda edição do Cabo Verde Internacional Film Festival, no Sal em 2011.
Na sexta-feira, 20, Dia dos Heróis Nacionais e a fechar a Semana da República as comemorações são feitas com o programa ‘Roda Viva’ e, para isso, são convidados jovens universitários, indivíduos pertencentes a associações da sociedade civil e personalidades ligadas mais directamente ao processo da luta de libertação nacional.
Numa roda de conversa informal serão apresentados vários depoimentos sobre a luta pela independência e sobre a vida pessoal e prática política de Amílcar Cabral. A roda não fecha sem música e poesia.
IMN
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