sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

CV-LIB:PRESIDENTE GARANTE QUE “NÃO VAI HAVER NUNHUMA CRISE POLÍTICA”

Reagindo de viva voz às acusações do PAICV 
Na conferência de imprensa de hoje, as declarações de Armindo Maurício foram tema recorrente, com JCF a achar “natural”, tendo em conta o período pré-eleitoral e a reagir com humor à pergunta sobre uma eventual crise: “Crise de quê?! De energia?”…
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Praia, 12 de Janeiro 2012 – Começando por desvalorizar as declarações de Armindo Maurício, o secretário-geral do PAICV que, dias antes, o acusou de não ser imparcial, o Presidente da República considerou hoje, em conferência de imprensa a que já fizemos referência em peça anterior, ser “natural que, de vez em quando, principalmente quando estamos em períodos de inicio pré-eleitoral, haja tentações de especulações ou até de utilizar a Presidência da República para alguns jogos de natureza partidária”, mas sugerindo tratar-se de “uma coisa conjuntural, pouco relevante”. E rematou, dizendo:”a pedra angular da minha candidatura e, agora, da minha magistratura, é ser um moderador do sistema político”.
Mas, como era de supor, os jornalistas continuaram a questioná-lo sobre o tema, nomeadamente, se as declarações de Maurício não seriam susceptíveis de indiciar uma crise. Com a ironia que o caracteriza, Jorge Carlos Fonseca não deixou de provocar os risos dos profissionais da Comunicação Social presentes: “Crise de quê?! De energia?”…
Procurando tornear as perguntas sobre o incidente, JCF traçou a linha de rumo do seu mandato: “o que vou fazer – e nisso sou muito firme – é exercer uma magistratura de influência política e moral na sociedade cabo-verdiana, de uma forma isenta, para que o interesse nacional de Cabo Verde seja sempre preservado”, adiantando ainda ser sua intenção “dialogar em permanência com o Governo, mas também com a oposição”.
Quanto aos rumores de instabilidade iminente, supostamente provocada pelas declarações do secretário-geral tambarina, o Presidente não quis deixar de referir que “não há crise nenhuma” e afirmando: “como Presidente de Cabo Verde, garanto aos cabo-verdianos que não vai haver nenhuma crise política, porque eu como garante da estabilidade política e institucional tudo farei para que a estabilidade se mantenha, para que haja diálogo institucional, para que haja uma cooperação leal e construtiva entre os órgãos de soberania, nomeadamente, entre o Presidente da República e o Governo”.
O “recado” estava dado, parecendo sugerir, como referiu uma fonte de Liberal, que “o PR não engoliu o anzol, o PAICV ganhou as eleições e, mesmo que não queira, o Primeiro-ministro tem de cumprir o mandato até ao fim”, porquanto, “as habilidades de José Maria Neves não colhem guarida para os lados do Plateau”…


No balanço da deslocação ao centenário do ANC 
AFINAL JOSÉ MARIA NEVES TINHA TODA A INFORMAÇÃO SOBRE A VISITA À ÁFRICA DO SUL
A fazer fé nas palavras do Presidente da República, o Primeiro-ministro anda a jogar fora do baralho, ou seja, com cartas por debaixo da mesa. Só assim se percebe o seu aparente desconhecimento sobre a deslocação de JCF à África do Sul, como insinuou dias antes aos jornalistas…
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Praia, 12 de Janeiro 2012 – Ao contrário de que, dias antes, havia declarado implicitamente aos jornalistas, José Maria Neves conhecia todos os pormenores da visita do Presidente à África do Sul para participar nas comemorações dos 100 anos de vida do Congresso Nacional Africano (ANC).
Efectivamente, quando abordado pelos jornalistas que o inquiriam sobre a opinião quanto à polémica visita de Jorge Carlos Fonseca, o Primeiro-ministro, visivelmente incomodado, devolveu a pergunta ao Chefe de Estado: “se for uma viagem para participar em comemorações partidárias, terão de perguntar ao PR”… dando a entender que o Governo não veria com bons olhos uma deslocação entendida por alguns sectores como de participação num evento de natureza meramente partidária.
Aliás, segundo uma fonte de Liberal, dentro do próprio Ministério das Relações Exteriores corriam rumores da “incomodidade” do ministro Jorge Borges. Mas as declarações do Presidente da República em conferência de imprensa realizada ao final da manhã de hoje, no Palácio do Plateau, vêm desfazer equívocos e rumores, porquanto JCF - logo a partir do momento do convite, conhecido que foi o modelo de participação e ter sido garantida a presença de mais de 50 Chefes de Estado e de Governo - falou com o Executivo, “seja com o senhor Primeiro-ministro, seja com o senhor ministro das Relações Exteriores, e pudemos, de forma muito útil, discutir o interesse de Estado na visita, o perfil da visita, o que se pretendia e a melhor maneira de conseguir objectivos que interessam a Cabo Verde”, garantiu aos jornalistas o Presidente da República.
INTENÇÃO ERA PROVOCAR UMA CRISE
Ainda segundo a mesma fonte - confrontada com a nossa estranheza pela aparente desconexão entre o Primeiro-ministro e o Chefe de Estado -, “José Maria Neves vinha preparando em lume brando o cenário de divergências graves entre a Presidência e o Governo, para abrir espaço às declarações públicas de Armindo Maurício. A ideia era a de criar um cenário de instabilidade que permitisse abrir uma crise política atirando o ónus da culpa para o Presidente da Republica”, porém, a reacção branda de Jorge Carlos Fonseca considerando “naturais” as declarações de Maurício, teriam frustrado o objectivo inicial. Mas porquê, quisemos saber: “porque o PAICV percebeu que, em tempos de crise que só tendem a agravar-se, a criação de um cenário de ruptura que levasse o Presidente a demitir o Governo, dissolver a Assembleia Nacional e convocar eleições antecipadas, abriria a possibilidade de - depois da previsível derrota do partido e a entrega da difícil gestão da crise à oposição - um regresso em força ao Governo nas eleições de 2016”, concluiu a nossa fonte…
ÊXITO A 100 POR CENTO
“Não caindo num lugar-comum, o balanço é extremamente positivo”, afirmou Jorge Carlos Fonseca, adiantando que “o interesse da visita era, logo à partida, por ser um convite que privilegia Cabo Verde, sermos convidados a participar no centenário do ANC, que é uma instituição africana ímpar, com uma importância histórica reconhecida no combate anti-colonial, em especial na luta contra o apartheid”, pelo que – ainda segundo o PR – “comemorar cem anos de existência, neste contexto, seria uma oportunidade única para Cabo Verde, do ponto de vista político e simbólico, marcar a sua presença num acto desses”, ademais porque “Cabo Verde no seu percurso, de forma modesta, contribuiu para esse combate contra o colonialismo e o apartheid, nessa zona austral do nosso continente”, sendo este conjunto de factores que, segundo o Chefe de Estado, garantiu o êxito do primeiro objectivo da visita.
O segundo objectivo, decorre da importância de “dialogar com vários Chefes de Estado e de Governo africanos, porque a não ser numa cimeira da União Africana estas ocasiões são muito raras”. Mas, refere ainda JCF, o mais importante da visita foi o encontro privado com o Presidente Jacob Zuma, “dialogar com ele questões da cooperação a diversos níveis e questões que interessam na afirmação de Cabo Verde no contexto africano no seu todo”.
“Todos estes objectivos foram conseguidos”, alega ainda Fonseca, realçando que “tivemos a satisfação de, por exemplo, num jantar de gala oferecido pelo Presidente Zuma a mais de 4000 personalidades políticas, sociais e culturais – e com a presença de vários Chefes de Estado e de Governo -, de ouvir o nome do Presidente de Cabo Verde ser expressamente nomeado entre as figuras que se considerou terem marcado o acto com a sua presença”.
O convite expresso a Jacob Zuma para visitar Cabo Verde – e que agora irá ser agendado por via diplomática, em estreita colaboração da Presidência da República e do Governo -, pode abrir janelas de oportunidade de cooperação com a maior economia África, cujo Produto Interno Bruto (PIB) corresponde a 20 por cento do PIB de todo o continente africano.

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