quarta-feira, 27 de maio de 2009

SHELL RESPONDE ACUSAÇÕES GRAVES EM NOVA IORQUE


Por causa da morte do líder do Povo Ogoni, Ken Saro-Wiwa em 1995
SHELL RESPONDE ACUSAÇÕES GRAVES EM NOVA IORQUE

Nova Iorque, 27 Maio - Baseado numa lei de 1789, que dá a cidadãos não norte-americanos o direito de entrar com processos em tribunais dos EUA para casos de violações dos direitos humanos, independentemente de onde aconteceram, uma das maiores multinacionais do mundo, a poderosa empresa SHELL (Royal Dutch Shell) começa a ser julgado a partir de hoje, quarta feira, num tribunal distrital de Nova Iorque.
Segundo o jornalista holandês Thijs Bouwknegt, em causa no julgamento, está o assassinato do activista nigeriano Saro-Wiwa há 14 anos. Esta morte teria alegadamente sido encomendada pela Shell junto da junta militar nigeriana de então para silenciar uma voz incómoda contra os interesses da ponderosa petrolífera.
QUEM ERA SARO-WIWA?
O Jornalista Ken Saro-Wiwa era um dos críticos mais activos contra as operações da Shell na Nigéria. Seu Movimento para a Sobrevivência do Povo Ogoni (MOSOP) representava as comunidades do Delta do Níger mais afectadas pelas actividades da Shell.
Saro-Wiwa foi assassinado há 14 anos pelo regime ditatorial nigeriano, por liderar o MOSOP numa marcha contra a destruição do ambiente e da subsistência do seu povo pelas operações de extracção e exploração petrolífera da multinacional no Delta do Níger.
A Amnistia Internacional considera Saro-Wiwa, defensor da não-violência, um "prisioneiro de consciência". Um tribunal militar condena Saro-Wiwa por homicídio. Governos e organizações de todo o mundo acusam o tribunal de fraude, apelam à libertação do líder e ecologista e tentam levar a Shell a intervir. Sem êxito.
Parentes de Saro-Wiwa alegam que a Shell apoiou a repressão dos ogoni, assim como a perseguição dos seus líderes. Eles também dizem que a Shell estava preocupada porque os protestos iriam atrapalhar suas operações e manchar sua imagem internacionalmente, e que a companhia “procurou eliminar aquela ameaça através de uma campanha sistemática de violações dos direitos humanos”.
SHELL NA NIGÉRIA
Conforme escreve o mesmo supracitado jornalista, “a Royal Dutch Shell iniciou a produção de petróleo no Delta do Níger em 1958. Derrames de óleo, explosões de gás e desmatamento acabaram com os recursos naturais do Delta e destruíram a subsistência de fazendeiros e pescadores do povo ogoni. Mas foi apenas no início dos anos 90 que os ogoni começaram a protestar contra a repressão e exploração pela Shell e pela junta militar.
Entre 1990 e 1995, soldados nigerianos conduziram ataques massivos e brutais contra os ogoni para reprimir o crescente movimento de protesto. Muitos vilarejos ogoni foram incendiados e seus líderes colocados na prisão. E a Shell teria apoiado estas acções”.
A Shell, no entanto, nega que tenha procurado silenciar Saro-Wiwa, alegando que, ao contrário, “tentou persuadir o governo a dar-lhe clemência”.
RESUMINDO
O julgamento da Royal Dutch Shell, vem na sequência de vários casos similares contra algumas das maiores companhias petrolíferas do mundo, também sob suspeita de crimes em países em desenvolvimento. A Chevron pode ter que pagar uma multa de 27 bilhões de dólares por poluir as florestas do Equador e a Exxon Mobil está sendo processada por camponeses da Indonésia que dizem que soldados contratados para vigiar uma fábrica de gás natural cometeram violações dos direitos humanos.
Norberto B.C.Silva
Fonte:RNW

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