A Diva e os seus palcos
É a primeira vez que a cantora de voz rouca e grave sobe ao palco na capital para apresentar o seu primeiro trabalho – “Palco d’ Vida”. Mas muitos foram os palcos que Diva Barros já pisou. Isto não a impede de se lembrar da primeira vez que subiu a um. Foi para cantar com Tito Paris, estava ela ainda a estudar em Lisboa. Até hoje sente o friozinho no estômago antes de entrar em cena. Quanto ao espectáculo na Assembleia, no dia 25, Diva promete surpresas.
Os palcos da vida
SAPO: Diva, pela primeira vez na Praia para apresentar o “Palco d’Vida”. Quais as expectativas para o concerto?
Diva: É a primeira vez na Praia com o “Palco d’Vida”, mas já cantei muitas vezes portanto as expectativas estão no máximo. Sempre tive um bom público na Praia.
Diva nãorevela detalhes do espectáculo na Assembleia Nacional mas garante surpresas. Diva vai estar em palco com o director musical do “Palco d’Vida” e chefe da banda, Hernani Almeida, o pianista Khaly, Jorginho na bateria, Zé Paris como baixista, Djassa no cavaquinho. Era previsto Ndu estar na percurssão, mas por questões de agenda, vai ter de ser substituído por Rob Leonardo. E como back vocals Cremilda e Diego.
S: Este verão (no Festival Baía das Gatas) protagonizou um grande momento musical ao actuar com a Alcione. Como foi esse momento?
D: Foi um momento mágico por várias razões. Primeiro porque quando cumprimentei (naquela noite) a Alcione, ela pensou que era ela própria que estava a falar. Depois porque tiramos a prova dos nove em palco, não temos vozes iguais mas sim timbres parecidos. Foi uma grande honra para mim cantar com uma senhora da música.
Diva revela ainda que gostaria muito de gravar com a diva brasileira que completou 40 anos de carreira. “Pela carreira dela, pela voz e pela postura dela (Alcione)”, acrescenta a cantora mindelense.
S: Depois de ter partilhado o palco com vários artistas nacionais e não só, algum artista em especial, para além da Alcione, que já vimos que foi especial, deixou marcas?
D: Partilhei o palco muitas vezes com muita gente. Gostei de partilhar o palco com o brasileiro Chico César, que fez o esforço de cantar em crioulo e eu cantei uma música muito badalada dele a “Mama África”. Ele foi uma simpatia em palco. Partilhei momentos em palco com o Bana, com o Boy G Mendes, com o Vlu, com a Celina Pereira, com a Titina, portanto partilhei o palco com os grandes nomes da cena cabo-verdiana.
Diva lamenta que não ter tido a oportunidade de partilhar o palco com outra diva, a dos pés descalços, Cize, antes da Cesária Évora ter optado por encerrar a carreira. A nível internacional a cantora de São Vicente refere ainda Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gilberto Gil, entre outros artistas que aprecia e ouve há muito tempo. “Quem sabe, que a vida ainda é longa e há muitas coisas que nos esperam”, comenta. De resto, confessa que a música brasileira tem uma certa influência na sua carreira.
S: A música fez sempre parte da sua vida, mas só em 2010 surgiu um primeiro CD. Porquê?
D: Este trabalho é o Palco da Diva na Vida (…) tudo na vida tem o seu tempo. O “Palco d’Vida” resulta de toda esta passagem pelos palcos da vida. E vou confessar, gostei sempre mais dos palcos do que dos estúdios. (risos). Depois de repente, pensei: “Vou fazer um trabalho porque as pessoas precisam de ter um trabalho feito”. É da exigência (do público) e da experiência (adquirida) que resulta este trabalho.
S: E a primeira vez em palco, ainda se lembra?
D: Perfeitamente! É um momento que fica registado para sempre. É um friozinho que fica na barriga e que sinto todas as vezes que entro em palco e sei que vou sentir amanhã. A minha primeira vez (em palco) foi quando estava a estudar em Lisboa e já cantava aqui e acolá. O Tito (Paris), que ia apresentar um trabalho, teve a coragem de me convidar e eu, o atrevimento de aceitar. Entrei a cantar “Rainha de Estrela”, com um friozinho mas passado alguns segundinhos já estava à vontade em palco. É um momento que nunca mais me esqueço…
O Tito Paris ficou como seu padrinho de palco.
“Vou morrer com música, com certeza”
O que muitos fãs não sabem é que Diva é mestre em Organização e Gestão de empresas com especialização em Finanças. É o “lado direito” dela como explica. O “lado esquerdo” é o musical.
S: Nunca houve a tentação de deixar os estudos para seguir a carreira musical?
D: Não porque os meus pais apostaram em mim. E eu tive uma bolsa de estudos porque era uma grande aluna (sorriso). A formação universitária ajuda a qualquer pessoa a abrir portas na vida. A minha formação académica é o meu lado direito, a música é o meu lado esquerdo. O meu lado direito interfere no lado esquerdo em termos de organização de espectáculos. Gosto de coisas bem-feitas e organizadas.
Durante muito tempo dedicou 70 por cento da sua vida à carreira de gestora. O restante tempo dedicava ao palco. Assim nunca tirou férias. Hoje, apesar de manter um escritório, dedica 80 por cento do tempo à música. E férias? Nem vê-las. “Para quê? Já nem sinto falta. Estar em palco para mim é um momento de “relax”. Não quero saber de férias nenhumas”, diz Diva.
S: E uma vida sem música?
D: Não! Nunca vivi sem música. Sou filha de músico (Artur Gomes), com quatro anos cuidava do cavaquinho do meu pai. Eu acordo com música, mesmo que não seja em minha casa. Tomo banho a cantar, eu vivo com música (…) Portanto vou morrer com música, com certeza (…) A música é um elemento de alma tão grande e a alma é mais importante do que o físico. Faz parte de nós. É a maior criação do ser humano.
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Depois do “Palco d’Vida”
Diva quer voltar a Angola. Já passou por vários continentes: África, Europa, América. Não descarta a hipótese de ir a Ásia. O público varia conforme o país. “Depende da cidade”, diz Diva. Mas cantar em casa é sempre diferente. “Nos Estados Unidos, sinto que estou em casa”, explica a cantora que justifica que nos EUA o público é maioritariamente cabo-verdiano.
S: E um novo trabalho?
D: Vou festejar no palco da Praia um ano do lançamento do “Palco d’Vida”. (Este trabalho) tem ainda alguns meses para percorrer o mercado porque ainda não terminei a minha digressão internacional. Quero ainda ir a uns países europeus e aos Estados Unidos. O trabalho tem de ganhar ainda a sua maturidade e ai irei entrar em estúdio novamente. Mas claro, já estou a fantasiar sobre o meu segundo trabalho. Mais alguns meses nos palcos e depois vou para os estúdios.
S: Gostava de ser nomeada para os CVMA de 2012?
D: Já fui informada pela comissão que tenho várias nomeações. Agora vamos a ver se passo para a fase definitiva da selecção. Gostava muito. Já ganhei dois prémios em Cabo Verde e fiquei muito contente. É gratificante porque quer dizer que “a tua gente” já ouviu e gostou da tua música.
@CM/SAPO CV
http://noticias.sapo.cv/vida/noticias/artigo/1203219.html
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