HAIA-A Holanda subordina os direitos humanos aos próprios interesses econômicos. Essa foi a crítica ouvida pelo ministro das Relações Exteriores holandês, Uri Rosenthal, durante um debate no parlamento sobre o orçamento do seu ministério. O próprio Rosenthal acredita que direitos humanos e os negócios da Holanda com outros países não se excluem.
De qualquer forma, é sob o comando de Rosenthal que há uma grande mudança na política holandesa para o exterior. Na nova política, o estímulo à prosperidade econômica é a palavra chave, explica Rosenthal:
“Temos que garantir que 70% da nossa riqueza venha das exportações. Dessa, além disso, que três quartos seja dentro da Europa. O que significa que nós continuamente precisamos ir para fora, e essa é também a razão pela qual eu declaro promovida a prosperidade também como parte integral da política internacional holandesa”.
Grandes mudanças
Durante o debate, o parlamentar do partido socialista SP, Harry van Bommel, foi um dos grandes críticos de Rosenthal. Que o ministro mude as condições fica claro, entre outras coisas, pelas visitas que o ministro vem fazendo fora do país com a rainha Beatrix, segundo Van Bommel. É o caso da controversa visita de Beatrix a Omã. No início desse ano a viagem foi postergada devido a violência contra os manifestantes, mas agora a visita a Omã vai acontecer. Os embaixadores holandeses também passaram a se focar em outros aspectos, nota Van Bommel:
“Há também o traslado de embaixadas de países onde a Holanda oferece ajuda ao desenvolvimento ou destina atenção especial aos direitos humanos, para o fortalecimento de representações onde a Holanda espera fazer muitos negócios. É o caso da China, Rússia e Brasil. Esses são os países com grande emergência econômica e de poder”.
Reputação
Van Bommel teme também que a nova política externa do ministro Rosenthal tenha consequências no que diz respeito à Holanda no resto do mundo. Muitos embaixadores também já sinalizaram isso, entre eles o embaixador britânico Paul Arkwright. Ele constata que a Holanda se fecha cada vez mais para o mundo externo, o que prejudica a reputação internacional. Van Bommel concorda com Arkwright:
“Diminuiu o aspecto da Holanda como defensor dos direitos humanos, como capital jurídica do mundo. Escolhemos pelo interesse a curto prazo, que são os interesses comerciais e o fortalecimento da ordem internacional. O que, nota bene, está na Constituição holandesa está sendo deixado de lado. O que eu acho muito deplorável”.
Vínculos
Rosenthal reconhece que a sua política externa quer ser mais voltada para os interesses holandeses e para “tudo o que tem a ver com prosperidade e crescimento econômico”. Mas um não exclui o outro: o comércio mundial está estreitamente relacionado aos direitos humanos e à liberdade.
Além disso, ele acredita que a Holanda continua fazendo sua parte internacionalmente. Ele cita a contribuição holandesa em missões que levam segurança e estabilidade a países como a Líbia e o Afeganistão. Ou também na luta contra a pirataria na costa africana.
Há críticas também de dentro do seu próprio ministério. Funcionários públicos disseram de maneira anônima ao jornal NRC Handelsblad que se preocupam com o caminho seguido por Rosenthal: muito voltado para dentro e orientado para os interesses econômicos. Por sua vez, o ministro acredita que alguns funcionários não poderão continuar seu trabalho, que o ministério precisa ser reformado e reduzido ao mesmo tempo.
Por Erik Klooster (Foto: http://www.refdag.nl/)
http://www.rnw.nl/portugues/article/holanda-prosperidade-%C3%A9-mais-importante-que-direitos-humanos
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