II PARTE
publicado no Liberal dia 22 de Fevereiro
Aproveitamos a vinda do grupo para ter uma conversa com dois dos mais talentosos elementos do grupo: Eduino e Bino Branco.
Escreveu liberal sobre a entrevista:"Norberto B. C. Silva, da Rádio Atlântico, encontrou Eduino e Bino em Roterdão, cidade europeia considerada talismã pelo grupo e que marcou, agora, o início de mais uma tournée europeia dos “Ferro e Gaita” na divulgação do CADA “Cidade Velha”. Na conversa que teve com os músicos, ficou a saber-se coisas bastante interessantes.
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Rádio Atlântico - Uma pergunta para os dois… Porquê a escolha do nome “Cidade Velha” como titulo do vosso último álbum?
Eduino - Como sabes, Cidade Velha é um nome muito forte no tocante à nossa cultura. Como todos nós sabemos é na Cidade Velha que nasceu a história da cabo-verdianidade.
RA - A composição realça que aspectos da cidade velha?
Eduino - Bem a composição como é evidente aborda assuntos que têm a ver com a cultura e uma certa crítica para que se melhore a política do governo em relação à cultura, nomeadamente no tocante à pirataria que tem prejudicado muitos artistas.
RA - Gostaria que fosses mais explícito, tu por exemplo Bino…
Bino - Sim a música que é título do nosso álbum tem a ver com Cidade Velha como berço da nossa cultura. Falamos das coisas boas que acontecem dentro da nossa cultura mas, como é evidente, temos que pôr o dedo na ferida para o que não está bem para tentar a sua melhoria.
RA – Bino, estás no grupo desde início. O que vos levou a formar o grupo?
CHANDO NÃO DIZ A VERDADE
Bino - Quem formou o grupo Ferro Gaita é o Eduino aqui presente. A ideia inicial de formação do grupo foi dele e contou também com o meu apoio e de outros elementos…
RA - desculpa interromper-te, mas em entrevistas feitas a Chando Graciosa aqui na Holanda ele disse-me que a ideia de formar o grupo Ferro Gaita é dele. Afinal onde está a verdade?
Eduino - Se o Chando disse isso acho que não corresponde à verdade. Eu antes dos Ferro Gaita já estive em vários grupos, entre os quais um do Reggae. Na altura, juntamente com o Paulino decidi aprender a tocar a gaita para explorar melhor a música tradicional de Cabo Verde. Aprendi a tocar a gaita com o Bitori e a partir daí comecei a fazer as minhas composições. Chando apareceu um dia em minha casa e viu-me a tocar e gostou, dizendo que tinha muito talento e que dava para formar o grupo. Eu disse-lhe que tinha um projecto juntamente com Bino, meu companheiro desde criança nessas andanças da música. Na altura, Chando esteve acompanhado do Feliciano, ex baixista do grupo Djassi, grupo que eu e o Bino fizemos parte, assim como outro amigo nosso, o Lobo. Na altura começamos a trabalhar juntos, eu o Chando e outros e chegamos a fazer uma gravação no Garden Gril que nunca divulgamos. Devido a desavenças separamo-nos e decidi excluir Chando do Grupo porque as nossas ideias sobre a música e o grupo não eram as mesmas.
RA - Mas quem baptizou o grupo de “Ferro Gaita”?
Eduino - Fui eu mesmo a dar o nome ao grupo
RA - Bino, peço desculpas por interromper. Porque é que “Ferro Gaita” procura estudar a música tradicional de Cabo Verde?
Bino - O nome do grupo veio dos próprios instrumentos muito populares na nossa cultura, principalmente de Santiago: o ferro e a gaita muito utilizados na música santiaguense. Nós apostamos na cultura tradicional de Cabo Verde e no seu desenvolvimento e por isso dedicamo-nos muito a isso. Mas não significa também que o grupo não esteja apto para tocar outros estilos musicais.
RA - A mesma pergunta para ti Eduino. Quem trabalhou/trabalha melhor a música tradicional? Podia falar onde está a diferença entre vocês e o Bulimundo de Kachás?
Eduino – Repara, tanto o Bulimundo como nós, seguimos a mesma linha da valorização do funaná. Mas a diferença se calhar está na forma de tocar a gaita. Se calhar o bulimundo usava outros instrumentos para imitar a gaita e nós usamos a gaita tradicional e o ferrinho.
RA - Muita gente defende que os Ferro e Gaita são uma evolução em relação ao próprio Bulimundo. O que tem a dizer sobre isso?
Eduino - Repara nós temos mais meios e melhores condições de trabalho de que os grupos de há 20/30 anos e por isso é normal abordar a música de uma outra forma. A tecnologia é mais avançada e torna mais simples a introdução de instrumentos como o Búzio, o Ferrinho ou outros menos usados anteriormente.
RA - Vejo que não querem entrar em polémicas na forma como respondem. O meu objectivo também não é esse mas clarificar posições e neste caso em relação a dois conjuntos importantes em Cabo Verde. O que tens a acrescentar mais sobre isso Bino?
Bino - O nosso Grupo procura ir mais a fundo da cultura santiaguense, explorar outras vertentes dentro do próprio funaná e estou de acordo com o Eduino de que actualmente temos mais meios o que simplifica as nossas tarefas se compararmos com os nossos colegas de há 20/30 anos atrás. O nosso objectivo é enriquecer cada vez mais a nossa cultura.
RA - O vosso conjunto faz também muita música de intervenção. O tema “Bandera Liberdadi” é uma crítica ao tempo do partido único? E é um hino, um louvor à democracia a partir de 91? A minha leitura está correcta ou fazer música não tem nada a ver com a política?
Eduino - Claro que a música pode ter a ver com a política porque nós como músicos podemos expressar o nosso descontentamento com as coisas que estão erradas e manifestar a nossa opinião para uma chamada de atenção a quem de direito. “Bandera de liberdadi” mostra onde estão as nossas raízes, a evolução e para onde queremos ir. A música fala do povoamento de Cabo Verde, da escravatura, da independência, da abertura política, até aponta perspectivas para o futuro.
RA - Mudando agora de assunto. Bino, normalmente, no palco pareces ser uma pessoa mais expansiva, mais alegre do que o próprio Eduino. O que sentes na hora de actuar?
Bino - Eu não sou o mais expansivo. O grupo actua junto e eu se calhar tento exteriorizar mais a alegria de todo o grupo de uma forma diferente. Mas ao actuar, estou a pensar no colectivo e no melhor para o grupo todo. Nós trabalhamos com honestidade porque temos uma grande missão que é fazer o público sentir-se bem e alegre. É uma grande responsabilidade actuar em público. Por isso, procuramos passar uma energia positiva para o público.
RA - Eduino a ideia que passas ao público é um pouco ao contrário da do Bino. Pareces mais tranquilo. És tímido em palco?
Eduino – Eu, como para além de cantar também tenho que tocar, tento ser o mais concentrado possível para marcar o ritmo do grupo. Se calhar por isso passo essa ideia, mas gosto de vibrar também e sinto a vontade quando actuo e não sou tímido. Acho que eu e o Bino complementamo-nos em palco, cada um com o seu próprio estilo e isso tem dando bons resultados.
RA - Falando agora da vossa digressão europeia. Hoje actuam na Holanda e depois quais os próximos passos?
Bino - Sim é verdade, actuamos hoje aqui na Holanda e depois estaremos na Suiça, França, Luxemburgo, Itália e Portugal.
RA - Eduino o que é que te inspira quando fazes as tuas composições?
Eduino - A fonte primeira da minha inspiração é a minha terra Cabo Verde e depois na própria música com destaque para o funaná. Com a aceitação que estamos a ter nesses 12 anos de carreira, sinto-me cada vez mais avontade para compor temas mesmo os de crítica social e outras que defendem as nossas raízes culturais.
RA - Quem te influenciou?
Eduino - Encontrei influências dentro de casa. O meu pai, conhecido como “Djonsa nha Carolina de Mitra”, toca a gaita. O meu padrasto, Danilo, era professor de música e trompetista. O meu padrinho, Honorato, também toca. Eu e o Bino começamos a tocar juntos de criança no conjunto “Djassi”, com uns 13 anos. Depois, na tropa, toquei na banda militar como trompetista e depois comecei a formar grupos entre os quais o Ferro Gaita. Claro que não posso deixar de referenciar o Bitori nha Bibinha também.
FERRO GAITA NÃO É MpD, FERRO GAITA NÃO É PAICV
RA - Voltando ao CD “Cidade Velha”, Bino fala um pouco mais no CD e se tem artistas convidados como fizeram anteriormente.
Bino - O CD tem 12 faixas e numa das faixas, por exemplo, temos a participação dos alunos da Escola de Música Tradicional dos Ferro Gaita. Temos ainda o Zé Carlos e o Zé Pinton aqui na Holanda, tem a participação do João Cirilo dos Estados unidos, do Félix do Fogo, Nho Nani, Dick, Mané Calote e outros artistas.
RA - Ferro Gaita é associado muitas vezes ao MpD. Isso é verdade?
Bino - Ferro Gaita não é MpD, Ferro Gaita não é PAICV. Nós não temos nada a ver com partidos politicos. Somos um grupo que procura apenas defender a tradição e a cultura de Cabo Verde.
Eduino - Estou de acordo com o Bino. Nós fazemos o nosso trabalho e as pessoas nos têm dado apoio de todos os quadrantes do País e agradecemos por isso. Repara, nós aprendemos a tocar durante o regime do PAICV, no tempo do Conjunto Djassi. Tanto o PAICV como o MpD sempre estiveram juntamente no apoio ao Grupo Ferro Gaita e portanto nós não tomamos partido por nenhum partido. Mas sabes como nós “creolos” somos, falamos demais. Se não falarmos não ficamos contentes. Manda boca é ku nós creolos (risos).
RA - Última pergunta aos dois. O Ministério da Cultura apoia os artistas?
Eduino - Eu acho que não apoia o suficiente. Há muitas coisas que precisam ser mudadas e que o ministério mesmo podendo intervir não faz nada. Repara o que acontece no caso da “pirataria”. Os grupos investem muito dinheiro para gravar um CD ou DVD e depois há pessoas que fazem reprodução pirata e vendem o teu trabalho por 50, 100 escudos e isso é revoltante e quem de direito não age. Isso não quer dizer que não há apoios noutras áreas, mas podiam, por exemplo, neste caso concreto, debater com os artistas a forma de pôr cobro a essa prática nefasta.
Bino – Bem, temos tido algum apoio para a gravaçäo e lançamento dos nossos CDS, mas estou de acordo com o Eduino que é preciso combater, na prática, a pirataria.
Eduino - Como sabes, Cidade Velha é um nome muito forte no tocante à nossa cultura. Como todos nós sabemos é na Cidade Velha que nasceu a história da cabo-verdianidade.
RA - A composição realça que aspectos da cidade velha?
Eduino - Bem a composição como é evidente aborda assuntos que têm a ver com a cultura e uma certa crítica para que se melhore a política do governo em relação à cultura, nomeadamente no tocante à pirataria que tem prejudicado muitos artistas.
RA - Gostaria que fosses mais explícito, tu por exemplo Bino…
Bino - Sim a música que é título do nosso álbum tem a ver com Cidade Velha como berço da nossa cultura. Falamos das coisas boas que acontecem dentro da nossa cultura mas, como é evidente, temos que pôr o dedo na ferida para o que não está bem para tentar a sua melhoria.
RA – Bino, estás no grupo desde início. O que vos levou a formar o grupo?
CHANDO NÃO DIZ A VERDADE
Bino - Quem formou o grupo Ferro Gaita é o Eduino aqui presente. A ideia inicial de formação do grupo foi dele e contou também com o meu apoio e de outros elementos…
RA - desculpa interromper-te, mas em entrevistas feitas a Chando Graciosa aqui na Holanda ele disse-me que a ideia de formar o grupo Ferro Gaita é dele. Afinal onde está a verdade?
Eduino - Se o Chando disse isso acho que não corresponde à verdade. Eu antes dos Ferro Gaita já estive em vários grupos, entre os quais um do Reggae. Na altura, juntamente com o Paulino decidi aprender a tocar a gaita para explorar melhor a música tradicional de Cabo Verde. Aprendi a tocar a gaita com o Bitori e a partir daí comecei a fazer as minhas composições. Chando apareceu um dia em minha casa e viu-me a tocar e gostou, dizendo que tinha muito talento e que dava para formar o grupo. Eu disse-lhe que tinha um projecto juntamente com Bino, meu companheiro desde criança nessas andanças da música. Na altura, Chando esteve acompanhado do Feliciano, ex baixista do grupo Djassi, grupo que eu e o Bino fizemos parte, assim como outro amigo nosso, o Lobo. Na altura começamos a trabalhar juntos, eu o Chando e outros e chegamos a fazer uma gravação no Garden Gril que nunca divulgamos. Devido a desavenças separamo-nos e decidi excluir Chando do Grupo porque as nossas ideias sobre a música e o grupo não eram as mesmas.
RA - Mas quem baptizou o grupo de “Ferro Gaita”?
Eduino - Fui eu mesmo a dar o nome ao grupo
RA - Bino, peço desculpas por interromper. Porque é que “Ferro Gaita” procura estudar a música tradicional de Cabo Verde?
Bino - O nome do grupo veio dos próprios instrumentos muito populares na nossa cultura, principalmente de Santiago: o ferro e a gaita muito utilizados na música santiaguense. Nós apostamos na cultura tradicional de Cabo Verde e no seu desenvolvimento e por isso dedicamo-nos muito a isso. Mas não significa também que o grupo não esteja apto para tocar outros estilos musicais.
RA - A mesma pergunta para ti Eduino. Quem trabalhou/trabalha melhor a música tradicional? Podia falar onde está a diferença entre vocês e o Bulimundo de Kachás?
Eduino – Repara, tanto o Bulimundo como nós, seguimos a mesma linha da valorização do funaná. Mas a diferença se calhar está na forma de tocar a gaita. Se calhar o bulimundo usava outros instrumentos para imitar a gaita e nós usamos a gaita tradicional e o ferrinho.
RA - Muita gente defende que os Ferro e Gaita são uma evolução em relação ao próprio Bulimundo. O que tem a dizer sobre isso?
Eduino - Repara nós temos mais meios e melhores condições de trabalho de que os grupos de há 20/30 anos e por isso é normal abordar a música de uma outra forma. A tecnologia é mais avançada e torna mais simples a introdução de instrumentos como o Búzio, o Ferrinho ou outros menos usados anteriormente.
RA - Vejo que não querem entrar em polémicas na forma como respondem. O meu objectivo também não é esse mas clarificar posições e neste caso em relação a dois conjuntos importantes em Cabo Verde. O que tens a acrescentar mais sobre isso Bino?
Bino - O nosso Grupo procura ir mais a fundo da cultura santiaguense, explorar outras vertentes dentro do próprio funaná e estou de acordo com o Eduino de que actualmente temos mais meios o que simplifica as nossas tarefas se compararmos com os nossos colegas de há 20/30 anos atrás. O nosso objectivo é enriquecer cada vez mais a nossa cultura.
RA - O vosso conjunto faz também muita música de intervenção. O tema “Bandera Liberdadi” é uma crítica ao tempo do partido único? E é um hino, um louvor à democracia a partir de 91? A minha leitura está correcta ou fazer música não tem nada a ver com a política?
Eduino - Claro que a música pode ter a ver com a política porque nós como músicos podemos expressar o nosso descontentamento com as coisas que estão erradas e manifestar a nossa opinião para uma chamada de atenção a quem de direito. “Bandera de liberdadi” mostra onde estão as nossas raízes, a evolução e para onde queremos ir. A música fala do povoamento de Cabo Verde, da escravatura, da independência, da abertura política, até aponta perspectivas para o futuro.
RA - Mudando agora de assunto. Bino, normalmente, no palco pareces ser uma pessoa mais expansiva, mais alegre do que o próprio Eduino. O que sentes na hora de actuar?
Bino - Eu não sou o mais expansivo. O grupo actua junto e eu se calhar tento exteriorizar mais a alegria de todo o grupo de uma forma diferente. Mas ao actuar, estou a pensar no colectivo e no melhor para o grupo todo. Nós trabalhamos com honestidade porque temos uma grande missão que é fazer o público sentir-se bem e alegre. É uma grande responsabilidade actuar em público. Por isso, procuramos passar uma energia positiva para o público.
RA - Eduino a ideia que passas ao público é um pouco ao contrário da do Bino. Pareces mais tranquilo. És tímido em palco?
Eduino – Eu, como para além de cantar também tenho que tocar, tento ser o mais concentrado possível para marcar o ritmo do grupo. Se calhar por isso passo essa ideia, mas gosto de vibrar também e sinto a vontade quando actuo e não sou tímido. Acho que eu e o Bino complementamo-nos em palco, cada um com o seu próprio estilo e isso tem dando bons resultados.
RA - Falando agora da vossa digressão europeia. Hoje actuam na Holanda e depois quais os próximos passos?
Bino - Sim é verdade, actuamos hoje aqui na Holanda e depois estaremos na Suiça, França, Luxemburgo, Itália e Portugal.
RA - Eduino o que é que te inspira quando fazes as tuas composições?
Eduino - A fonte primeira da minha inspiração é a minha terra Cabo Verde e depois na própria música com destaque para o funaná. Com a aceitação que estamos a ter nesses 12 anos de carreira, sinto-me cada vez mais avontade para compor temas mesmo os de crítica social e outras que defendem as nossas raízes culturais.
RA - Quem te influenciou?
Eduino - Encontrei influências dentro de casa. O meu pai, conhecido como “Djonsa nha Carolina de Mitra”, toca a gaita. O meu padrasto, Danilo, era professor de música e trompetista. O meu padrinho, Honorato, também toca. Eu e o Bino começamos a tocar juntos de criança no conjunto “Djassi”, com uns 13 anos. Depois, na tropa, toquei na banda militar como trompetista e depois comecei a formar grupos entre os quais o Ferro Gaita. Claro que não posso deixar de referenciar o Bitori nha Bibinha também.
FERRO GAITA NÃO É MpD, FERRO GAITA NÃO É PAICV
RA - Voltando ao CD “Cidade Velha”, Bino fala um pouco mais no CD e se tem artistas convidados como fizeram anteriormente.
Bino - O CD tem 12 faixas e numa das faixas, por exemplo, temos a participação dos alunos da Escola de Música Tradicional dos Ferro Gaita. Temos ainda o Zé Carlos e o Zé Pinton aqui na Holanda, tem a participação do João Cirilo dos Estados unidos, do Félix do Fogo, Nho Nani, Dick, Mané Calote e outros artistas.
RA - Ferro Gaita é associado muitas vezes ao MpD. Isso é verdade?
Bino - Ferro Gaita não é MpD, Ferro Gaita não é PAICV. Nós não temos nada a ver com partidos politicos. Somos um grupo que procura apenas defender a tradição e a cultura de Cabo Verde.
Eduino - Estou de acordo com o Bino. Nós fazemos o nosso trabalho e as pessoas nos têm dado apoio de todos os quadrantes do País e agradecemos por isso. Repara, nós aprendemos a tocar durante o regime do PAICV, no tempo do Conjunto Djassi. Tanto o PAICV como o MpD sempre estiveram juntamente no apoio ao Grupo Ferro Gaita e portanto nós não tomamos partido por nenhum partido. Mas sabes como nós “creolos” somos, falamos demais. Se não falarmos não ficamos contentes. Manda boca é ku nós creolos (risos).
RA - Última pergunta aos dois. O Ministério da Cultura apoia os artistas?
Eduino - Eu acho que não apoia o suficiente. Há muitas coisas que precisam ser mudadas e que o ministério mesmo podendo intervir não faz nada. Repara o que acontece no caso da “pirataria”. Os grupos investem muito dinheiro para gravar um CD ou DVD e depois há pessoas que fazem reprodução pirata e vendem o teu trabalho por 50, 100 escudos e isso é revoltante e quem de direito não age. Isso não quer dizer que não há apoios noutras áreas, mas podiam, por exemplo, neste caso concreto, debater com os artistas a forma de pôr cobro a essa prática nefasta.
Bino – Bem, temos tido algum apoio para a gravaçäo e lançamento dos nossos CDS, mas estou de acordo com o Eduino que é preciso combater, na prática, a pirataria.
Na apresentação na Holanda, o público vibrou intensamente com um dos considerados ícones da actual música das ilhas.
NORBERTO SILVA
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