quarta-feira, 2 de março de 2011

HOLANDA:ELEIÇÕES REGIONAIS DEFINEM O FUTURO DO GOVERNO MINORITÁRIO DE CENTRO-DIREITA

ROTTERDAM-Os holandeses vão às urnas hoje para eleger as novas assembleias provinciais e a taxa de abstenção deve ser alta. Segundo sondagens mais de metade dos eleitores não devera votar.

Como as eleições regionais podem afectar o governo nacional?

A resposta está na primeira câmara do parlamento holandês, o Senado. Os representantes serão escolhidos com base nos resultados da eleição desta quarta-feira.

Normalmente em segundo plano no sistema político holandês, este é um daqueles raros momentos em que a primeira câmara terá importância. A sua eventual composição poderá significar o fim do governo de coligação liderado por Mark Rutte constituído pelos partidos VVD (Partido Liberal) e CDA (Partido Cristão-Democrático) que contam com o apoio no Parlamento (Tweede Kamer) do partido PVV (Partido pela Liberdade).

A Holanda está atravessando um período político volátil. O país está dividido ao meio entre partidos de esquerda e de direita. Geert Wilders, do partido populista PVV (Partido da Liberdade), contribuiu muito para esta divisão.

O líder liberal e actual primeiro-ministro Mark Rutte só conseguiu formar a actual coligação após meses de negociações. Mesmo assim, não conseguiu formar um governo com maioria na segunda câmara do parlamento. Só pôde governar graças ao apoio parlamentar do controverso partido anti-islão de Geert Wilders. E mesmo com este apoio, a coligação de Rutte tem maioria mínima de apenas um voto.

Na primeira câmara, é ainda pior. Ali, os partidos do governo não têm maioria, por isso precisam de uma vitória nas eleições desta quarta-feira.

Se falharem, não significa necessariamente que o governo cairá. A maioria na primeira câmara não é estritamente necessária para que uma coligação sobreviva (ter maioria na segunda câmara é mais importante). No entanto, não ter a maioria no Senado, significaria que muitos dos planos do governo seriam atrasados ou ficariam completamente parados.

O primeiro-ministro Mark Rutte está claramente preocupado com esta perspectiva. Na semana passada, ele disse que não conquistar a maioria na primeira câmara levaria a “condições belgas”, referindo-se ao impasse político na vizinha Bélgica, que continua sem governo oito meses após as eleições.

Geert Wilders concorda. O seu partido participa pela primeira vez das eleições provinciais e ao que parece pode conseguir mais uma grande vitória. O próprio Wilders tem feito campanha diariamente, por vezes mostrando-se mais “suave” do que de costume. Uma foto de Geert Wilders sorridente segurando um gatinho pode se tornar a imagem icónica desta campanha.

A imagem “simpática” contrasta com as agressivas advertências de Wilders contra os perigos do islão e a importância dos partidos de coligação ganharem maioria no Senado.

Mas enquanto a estrela do Partido da Liberdade sobe (terá pela primeira vez representantes na primeira câmara), um histórico partido holandês e membro da coligação de governo está em maus lençóis a fazer fé nas sondagens, trata-se dos cristãos-democratas do CDA que estão com resultados muito aquém do normal em diversas sondagens e os analistas acreditam que isso deve-se em grande parte a divisões internas no partido, causadas pela colaboração com o partido de Wilders.
 O CDA está nestas eleições a tentar limitar as suas perdas, mas qualquer coisa abaixo da metade de sua actual representação seria uma derrota moral para a coligação.

Deste escrutínio saem os conselheiros provinciais que designam depois os 75 senadores. As eleições são mais do que um teste à popularidade do recém-formado governo minoritário de Mark Rutte já que o Senado pode bloquear a aprovação de leis.

Cada uma das 12 províncias conta com um governo e respectiva assembleia mas é no poder de nomeação de senadores que os olhares se centram.

Segundo opiniões de vários entendidos na matéria, os partidos da coligação do actual governo podem conseguir uma vitória, mas seria mínima, nas eleições de 02 de Março. Caso não consigam e os partidos de esquerda mantenham a maioria na primeira câmara, não se sabe o que acontecerá em seguida.

O governo pode decidir continuar persistindo, tentando ganhar maioria no Senado,lei a lei, ou Mark Rutte pode jogar a toalha e convocar novas eleições gerais pela segunda vez em 18 meses.

RÁDIO ATLANTICO-Com John Tyler da RNW

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