Praia - O Tribunal Judicial da Comarca da Praia aplicou uma pena de prisão preventiva a quatro cidadãs cabo-verdianas com idades entre os 19 e os 31 anos, detidas na segunda-feira em flagrante delito no Aeroporto Internacional da Praia, na posse de cerca de 13 quilos de cocaína.As quatro detidas, todas residentes em bairros periféricos da cidade da Praia (Achadinha, Várzea da Companhia e Lém Cachorro) e desempregadas, foram surpreendidas pela Polícia Judiciária de Cabo Verde, aquando desembarcavam de um voo proveniente de Fortaleza, no Brasil.A droga foi descoberta em caixas de produtos para comercialização dissimulada em cintas, canecas térmicas, frascos de spray, produtos de barbear e outros produtos de higiene e beleza. Nesse mesmo voo, um nigeriano foi também detido com dezenas de cápsulas de droga, com elevado grau de pureza de cocaína, no estômago.A descoberta de droga nos aeroportos de Cabo Verde, essencialmente na Praia e no Sal, tem sido uma prática recorrente, sobretudo nos voos com origem em Fortaleza, razão pela qual as «rabidantes», nome por que são conhecidas as vendedoras informais do mercado de Sucupira (o maior do país), situado em pleno coração da Avenida Cidade de Lisboa, são sistematicamente interceptadas, quer pela Polícia de Investigação Criminal, quer pela Polícia Judiciária.Esta detenção surge num momento em que na ilha do Sal decorre o julgamento de um dos casos de narcotráficos mais graves de Cabo Verde, envolvendo alegados «barões» da droga. No banco dos réus está um conhecido empresário cabo-verdiano, outrora imigrante em Portugal, e que responde por José Arlindo Semedo, conhecido por «Zé Pote». Este é acusado de cinco crimes relacionados com droga, lavagem e branqueamento de capitais e associação criminosa. Este caso envolve ainda a ex-namorada do réu, Zany Filomeno, também conhecida como «baronesa da droga», actualmente a cumprir uma pena de oito anos, sanção, entretanto, aliviada «por ter colaborado com a Justiça cabo-verdiana na condução neste processo», uma assistente de bordo da transportadora aérea cabo-verdiana, Lígia Furtado, e um agente da Polícia Nacional, José Jorge Gonçalves, com quem «Zé Pote» tem uma empresa de construção civil em Cabo Verde.O principal arguido deste processo é conhecido pela sua vasta fortuna reflectida em várias empresas de construção civil e de exportação, diversos imóveis espalhados pela cidade da Praia e uma avultada soma em bancos, onde foram efectuadas compras de moeda estrangeira. A luta contra o narcotráfico em Cabo Verde tem criado grandes embaraços às autoridades cabo-verdianas que não têm poupado esforços, materiais e financeiros, para dotar o pessoal da investigação de meios técnicos sofisticados. As acções já resultaram no confiscar de 350 milhões de escudos cabo-verdianos em bens e imóveis só em 2009, o que para as autoridades judiciais, se traduz num crescimento significativo em relação a 2008.A ministra da Justiça de Cabo Verde, Marisa Morais, garante que a Polícia Judiciária está a ter graves problemas com o parque de apreensão de viaturas, lotado de veículos topo de gama (28 só em 2008).Apesar da sua pacatez, Cabo Verde tem sido palco de autênticos ajustes de contas entre os chamados barões da droga, que já culminaram com a morte, à queima-roupa, decapitação e mesmo assassinatos nos capões das viaturas e bermas das estradas mais recônditas, de dezenas pessoas ligadas ao mundo da droga, muitos deles ainda «a monte».
Luandadigital/PNN Portuguese News Network
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