GUINÉ BISSAU-Instabilidade política não afectou campanha para eleições de domingo, mas há quem tema a crispação após o anúncio dos resultados. Três ex-presidentes parecem bem colocados.
Terminou ontem em Bissau a campanha para as eleições presidenciais, cuja primeira volta se realiza amanhã. A semana não teve incidentes de maior e decorreu com a animação própria de anteriores eleições guineenses, mas esta calma foi mais aparente do que real.
As eleições foram necessárias após o assassínio, em Março, do presidente Nino Vieira e do chefe de Estado-Maior, general Tagmé Na Waie. Nestes três meses, a Guiné mergulhou numa situação de alta instabilidade, com intimidações, agressões e até a morte de um candidato, Baciro Dabó, que se mantém nos boletins e cujos votos serão considerados nulos.
Baciro foi abatido num incidente que as autoridades guineenses descreveram como tentativa de golpe de Estado. Na altura, houve três outras vítimas mortais, incluindo o antigo ministro Hélder Proença (muito próximo de Nino Vieira). E foram detidas quatro pessoas, entre elas o ex-primeiro-ministro Faustino Imbali, cuja sorte está a preocupar o governo português.
A campanha realizou-se num clima difícil. Houve linguagem forte de alguns candidatos, sobretudo Kumba Ialá, que fez extensas acusações aos rivais, nomeadamente a Malan Bacai Sanhá, mas também ao governo chefiado por Carlos Gomes Júnior. Kumba culpou Gomes Júnior e o PAIGC pela onda de violência. O estilo agressivo foi visto pelos críticos como a quebra do compromisso, assumido dias antes do início da campanha, que obrigava todos os candidatos a obedecerem a um "código de conduta" e a apelarem à unidade nacional.
A Guiné tem 600 mil eleitores e os votos serão dispersos por 11 candidatos, pelo que muitos observadores dizem que será pouco provável uma vitória à primeira volta. Malan Bacai Sanhá tem a vantagem do apoio do PAIGC, partido que venceu as legislativas do ano passado com maioria absoluta. Este partido dispõe da máquina partidária mais eficaz do país.
Henrique Rosa é um respeitado independente e os seus comícios têm reunido muitas pessoas. Deste candidato dependerá a dispersão de votos que force a segunda volta. Kumba Ialá representa o voto étnico (balanta). Foi eleito em 2000, para um mandato que não chegou a concluir, vítima de golpe militar em 2003. Kumba converteu-se ao Islão, religião de Malan Bacai e a maioritária na Guiné. A sua entrada neste eleitorado é apreciável e terá aumentado. Há três ex-presidentes na corrida, dois deles interinos (Malan Bacai e Henrique Rosa). Guineenses contactados por telefone pelo DN em Bissau dizem temer que Kumba não aceite o seu afastamento da segunda volta ou a vitória à primeira volta de um dos seus adversários. Mas não há sondagens e as análises são palpites com base nas multidões nos comícios.
Muitos guineenses temem a situação de insegurança e sabem que as próximas semanas dependerão da disciplina nas forças armadas e da possibilidade de envio de uma força de estabilização, caso a situação se agrave. Ontem, a Lusa citava o chefe de Estado-Maior das forças armadas interino, comandante Zamora Induta, segundo o qual a "situação de segurança está controlada na íntegra. Não há nada, nem sinais que possam comprometer a segurança", garantiu o militar.
Terminou ontem em Bissau a campanha para as eleições presidenciais, cuja primeira volta se realiza amanhã. A semana não teve incidentes de maior e decorreu com a animação própria de anteriores eleições guineenses, mas esta calma foi mais aparente do que real.
As eleições foram necessárias após o assassínio, em Março, do presidente Nino Vieira e do chefe de Estado-Maior, general Tagmé Na Waie. Nestes três meses, a Guiné mergulhou numa situação de alta instabilidade, com intimidações, agressões e até a morte de um candidato, Baciro Dabó, que se mantém nos boletins e cujos votos serão considerados nulos.
Baciro foi abatido num incidente que as autoridades guineenses descreveram como tentativa de golpe de Estado. Na altura, houve três outras vítimas mortais, incluindo o antigo ministro Hélder Proença (muito próximo de Nino Vieira). E foram detidas quatro pessoas, entre elas o ex-primeiro-ministro Faustino Imbali, cuja sorte está a preocupar o governo português.
A campanha realizou-se num clima difícil. Houve linguagem forte de alguns candidatos, sobretudo Kumba Ialá, que fez extensas acusações aos rivais, nomeadamente a Malan Bacai Sanhá, mas também ao governo chefiado por Carlos Gomes Júnior. Kumba culpou Gomes Júnior e o PAIGC pela onda de violência. O estilo agressivo foi visto pelos críticos como a quebra do compromisso, assumido dias antes do início da campanha, que obrigava todos os candidatos a obedecerem a um "código de conduta" e a apelarem à unidade nacional.
A Guiné tem 600 mil eleitores e os votos serão dispersos por 11 candidatos, pelo que muitos observadores dizem que será pouco provável uma vitória à primeira volta. Malan Bacai Sanhá tem a vantagem do apoio do PAIGC, partido que venceu as legislativas do ano passado com maioria absoluta. Este partido dispõe da máquina partidária mais eficaz do país.
Henrique Rosa é um respeitado independente e os seus comícios têm reunido muitas pessoas. Deste candidato dependerá a dispersão de votos que force a segunda volta. Kumba Ialá representa o voto étnico (balanta). Foi eleito em 2000, para um mandato que não chegou a concluir, vítima de golpe militar em 2003. Kumba converteu-se ao Islão, religião de Malan Bacai e a maioritária na Guiné. A sua entrada neste eleitorado é apreciável e terá aumentado. Há três ex-presidentes na corrida, dois deles interinos (Malan Bacai e Henrique Rosa). Guineenses contactados por telefone pelo DN em Bissau dizem temer que Kumba não aceite o seu afastamento da segunda volta ou a vitória à primeira volta de um dos seus adversários. Mas não há sondagens e as análises são palpites com base nas multidões nos comícios.
Muitos guineenses temem a situação de insegurança e sabem que as próximas semanas dependerão da disciplina nas forças armadas e da possibilidade de envio de uma força de estabilização, caso a situação se agrave. Ontem, a Lusa citava o chefe de Estado-Maior das forças armadas interino, comandante Zamora Induta, segundo o qual a "situação de segurança está controlada na íntegra. Não há nada, nem sinais que possam comprometer a segurança", garantiu o militar.
DNonline(Luís Naves)
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