domingo, 7 de junho de 2009

Droga, principal motivo de detenção de 1531 emigrantes




londres-As detenções em países estrangeiros subiram nos primeiros três meses do ano. Só nas cadeias francesas há neste momento 557 portugueses. Rússia, Letónia e Polónia têm pela primeira vez presos nacionais.


As detenções em países estrangeiros subiram nos primeiros três meses do ano. Só nas cadeias francesas há neste momento 557 portugueses. Rússia, Letónia e Polónia têm pela primeira vez presos nacionais.
Quatro da tarde no jardim em frente à Câmara de Lambeth, em Stockwell, o bairro londrino da comunidade portuguesa. É o local onde vagueiam os toxicodependentes, alguns portugueses. O consumo de droga é um problema que se agrava entre os emigrantes e o seu tráfico é o principal motivo de detenção dos nacionais no estrangeiro. Não só em Inglaterra como em todo o mundo. Os últimos dados do Ministério dos Negócios Estrangeiros indicam um aumento de detidos, 1531 no total.
Mas, alertam as autoridades oficiais, os "dados não são exaustivos". As embaixadas e os consulados só registam quem pede apoio.
A Inglaterra é o sexto na lista dos 42 com portugueses nos seus estabelecimentos prisionais. Em primeiro lugar está a França, com 557 emigrantes presos, representando um terço do total. Os países que se seguem na lista têm muito menos detidos lusos: o Luxemburgo (150), os Estados Unidos (135), a Espanha (133) e o Brasil (95).
Além do aumento de detenções nos últimos três meses, a estatística mostra uma inversão da tendência de descida que se verificava desde 2005, quando havia 1873 portugueses nas cadeias internacionais. E surgem três novos países com detenções de emigrantes, todos da Europa do Leste: a Polónia, a Letónia e a Rússia.
Em Inglaterra, estão presos 82 emigrantes, 56 dos quais estão na área de jurisdição do Consulado Geral em Londres. Metade cumpre pena por tráfico de droga e os restantes dividem-se por crimes de furto, assédio, violação, ofensas corporais, burla e homicídio
No centro de Londres, no jardim de Stockwell, os homens e mulheres que ali passam noites e dias não dão sinais de se importarem com o que os rodeia, muito menos em se registarem no consulado. Importam-se com o imediato: obter dinheiro para consumir. Uma ou outra vez têm a visita da polícia.
À droga junta-se o consumo de álcool, o que potencia um terceiro motivo que leva os membros da comunidade portuguesa à prisão: a violência doméstica.
A situação é reconhecida pelo cônsul-geral em Londres, Macedo de Leão. "Há um grande consumo de droga em Inglaterra e as pessoas convencem-se de que não são apanhadas se traficarem, mas são. A nível da violência doméstica, as leis inglesas são muito rígidas e os portugueses convencem- -se de que podem bater nas mulheres", diz. A federação de associações de emigrantes de Inglaterra criou uma comissão de saúde, que está a desenvolver um projecto para informar a comunidade. "A falta de informação é o principal problema e é um obstáculo à sua integração. Uma das barreiras da comunidade emigrante mais antiga é o desconhecimento da língua e as pessoas acabam por não ter acesso a determinados cuidados de saúde", refere a bióloga Vera Henriques, responsável do grupo.
A comissão de saúde também está a colaborar com as autoridades policiais locais no sentido de combater a violência doméstica e os consumos de droga e de álcool. "O consumo de álcool e de droga gera a formação de gangues. Existe uma grande adesão dos jovens portugueses, muitos dos quais nasceram em Inglaterra, aos gangues", diz Vera Henriques.


Fonte:DN por Ceú Neves

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