CAIRO-O Presidente americano Barack Obama elogiou o Islão e os seus contributos para a civilização mundial e pediu o fim dos preconceitos de parte a parte.
O Islão e os Estados Unidos não devem ser vistos como concorrentes, afirmou hoje Obama, num discurso efectuado na Universidade de Al-Azhar, no Cairo.
O líder norte-americano começou por elogiar o local onde estava, afirmando ser uma honra encontrar-se na “cidade intemporal do Cairo” e numa instituição de ensino que há mais de mil anos carrega a luz da civilização muçulmana, conjugando a modernidade e a tradição de forma harmoniosa.
Obama prosseguiu com um elenco dos progressos civilizacionais que nasceram no mundo muçulmano, referências que mereceram grandes aplausos por parte da plateia.Barack Obama citou por diversas vezes o Alcorão, inclusive para demonstrar a incompatibilidade do extremismo islâmico de organizações como a al-Qaeda com o Islão.Lembrando que pelo menos sete milhões de muçulmanos vivem nos Estados Unidos, o presidente, cujo pai era muçulmano, afirmou que o Islão também faz parte do seu país.Grandes Questões O Presidente americano falou de vários focos de tensão que deviam ser enfrentados. Em primeiro lugar, a violência extremista. “A América não está nem nunca estará em guerra com o Islão. Mas continuaremos a confrontar os extremistas violentos que ameaçam a nossa segurança”, afirmou.Falando de ambas as guerras em que o exército americano está envolvido, afirmou que o Afeganistão é um exemplo dos objectivos americanos e da necessidade de trabalhar em conjunto com outros países.Quanto ao Iraque, Obama disse acreditar que os iraquianos estão melhor agora do que estavam sob o domínio de Saddam, mas que a experiência tinha demonstrado a necessidade de apostar na diplomacia e no consenso internacional.A segunda questão a abordar foi o problema israelo-palestiniano.“A ligação entre o meu país e Israel é forte e inquebrável. É baseada em laços culturais e históricos”, afirmou, recordando a importância do holocausto para legitimar a aspiração por uma pátria judaica.“Ameaçar Israel com a destruição ou repetir mentiras anti-semiticas é profundamente errado”, afirmou.“Por outro lado, é inegável que os palestinianos, muçulmanos e cristãos, têm sofrido terrivelmente ao longo dos últimos 60 anos”, disse Obama, concluindo que “a América não virará as suas costas à legítima aspiração pela dignidade, oportunidade e Estado”, para os Palestinianos.Criticando o terrorismo palestiniano e os colonatos judaicos, igualmente, reforçou que a América alinhará as suas políticas de acordo com aqueles que procuram a paz.O terceiro foco de tensão a abordar, afirmou Obama, é o perigo do armamento nuclear. Aqui falou directamente sobre o Irão, estendendo novamente a mão à República Islâmica, afirmando estar disposto a avançar para um reatar das relações.
Em quarto lugar falou-se de democracia, e da necessidade de verdadeiras reformas democráticas em várias partes do mundo, incluindo o mundo muçulmano, sem que estas reformas sejam impostas por terceiros.Um dos pontos mais sensíveis, de que Obama falou foi da liberdade religiosa. O presidente elogiou a história de tolerância dos estados islâmicos da Andaluzia e de Córdoba, mas alertou para o perigo da supressão desta liberdade no mundo islâmico actual.Numa referência directa ao Egipto, que mereceu muitos aplausos, falou especificamente da comunidade copta, a minoria cristã que representa entre 7 a 12% da população, mas que se queixa de graves perseguições e descriminação.Ainda no assunto da liberdade religiosa, falou da importância de melhorar as relações entre diferentes facções do Islão, nomeadamente entre Sunitas e Xiitas.O discurso de Obama não terminou sem antes falar do desenvolvimento económico, com o presidente a elencar uma série de medidas que a sua administração vai levar adiante para promover o desenvolvimento sustentável em vários pontos do mundo.
Fonte:RR
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