A SIC apurou, junto de fontes diplomáticas portuguesa e angolana, presentes na VIII cimeira da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, hoje reunida, em Luanda (Angola), que a Guiné-Equatrorial não entra para a comunidade neste ronda negocial. O Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema, também estará presente no Centro de Convenções da Talatona, para participar na cimeira, apesar de ter sido adiada a decisão sobre a adesão deste país à comunidade.
LUANDA-"Apesar dos esforços do Brasil, potência diplomática com mais força dentro da CPLP e país que mais apoiava a entrada da Guiné-Equatorial por razões geoestratégicas (...), isso não foi aceite, nomeadamente pela diplomacia portuguesa", relata o correspondente do Expresso/SIC na cimeira, Ricardo Costa.
O texto final sobre este tema foi redigido pelo ministro dos Negócios Estrangeiros português, Luís Amado, que refere apenas que o pedido foi aceite, mas que uma decisão sobre o mesmo acontecerá mais tarde.
"Trata-se de um processo semelhante ao aplicado aos países que querem aderir à União Europeia", acrescenta o repórter.
O país candidato, o Brasil e outros países do Golfo da Guiné membros da CPLP (Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau) desejavam que a decisão fosse tomada nesta cimeira.
Mas já ontem, o primeiro-ministro português, José Sócrates, disse, em Luanda, que o pedido não ia ser decidido nesta ronda: "Vamos apenas registar que esse país quis aderir. Amanhã vamos apenas analisar o pedido e dizer que recebemos o pedido com agrado. É o mínimo que podemos fazer".
Vários críticos consideram que a entrada do país na CPLP constituiria um precedente inaceitável na prática e na ética da organização, e levaria a descredibilização da organização, que acusam de estar a vender-se devido a interesses económicos de empresas lusófonas na Guiné-Equatorial, país com produção petrolífera.
A questão dos direitos humanos
Numa manifestação de várias organizações de direitos humanos, ontem, junto à sede da CPLP em Lisboa, Pedro Krupenski, director-executivo da Amnistia Internacional Portugal, disse que a iniciativa pretendia "chamar a atenção para as graves situações" de violações de direitos humanos que ocorrem "há demasiado tempo na Guiné-Equatorial".
"Não temos a pretensão de converter a Guiné-Equatorial num país de direitos humanos em dois dias, mas é uma boa oportunidade para chamar a atenção do mundo e pressionar para que algumas questões relevantes do ponto de vista de direitos humanos se resolvam com a rapidez", explicou Krupisnki.
"Não há nenhuma estado membro da CPLP que tenha a pena de morte, a Guiné-Equatorial tem. E se as autoridades do país tão facilmente decretaram o Português como terceira língua oficial, esperamos também que também com a mesma destreza legislativa e política possam abolir essa pena", frisou.
A possível adesão da Guiné Equatorial - que já detêm o estatuto de observador associado da CPLP desde 2006 e cujo presidente promulgou, na terça feira, um decreto que estabelece o Português como terceira língua oficial (depois do espanhol e do francês) - tem vindo a esbarrar num coro de críticas por parte de várias organizações e de alguns responsáveis políticos lusófonos.
Foto:RNW
http://sic.sapo.pt/online/noticias/pais/Adiada+decisao+sobre+adesao+da+Guine+equatorial+a+CPLP.htm
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