PRAIA-O Departamento de Defesa norte-americano anunciou hoje que Cabo Verde já recebeu o prisioneiro da base militar de Guantanamo e felicitou as autoridades cabo-verdianas pela disponibilidade, noticia a agência Lusa.
De acordo com informação do Departamento de Defesa, a aprovação da transferência de Abd-al-Nisr Mohammed Khantumani para Cabo Verde mereceu unanimidade de todas as agências federais envolvidas no grupo de trabalho presidencial criado para analisar os processos, nomeadamente do ponto de vista da segurança, no âmbito do fecho das contestadas
“instalações de detenção” de suspeitos de terrorismo.
Juntamente com Khantumani, um outro detido, Abdul Aziz Naji, foi enviado para a Argélia, neste caso um repatriamento.
A ministra da Justiça cabo-verdiana, Marisa Morais, disse recentemente à Lusa que a decisão do governo foi tomada no início do mês e que é uma resposta a um pedido feito há mais de um ano pelos Estados Unidos, reforçado durante a visita a Cabo Verde, em Agosto de 2009, da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton.
O jornal A Semana adiantou tratar-se de um cidadão sírio, de mais de 50 anos, “com problemas de saúde”, detido durante as acções militares que os Estados Unidos, ainda na presidência de George W. Bush, empreenderam em vários países, na sequência dos atentados de 11 de Setembro de 2001.
Até agora, Portugal era o único país lusófono a ter aceite receber detidos de Guantanamo, onde ainda permanecem 178 suspeitos.
Desde 2002, mais de 600 detidos abandonaram as instalações de detenção, que actual administração pretende encerrar.
“Os Estados Unidos agradecem aos governos da Argélia e de Cabo Verde pela sua disponibilidade para apoiar os esforços norte-americanos para encerrar a unidade de detenção da Baía de Guantanamo”, refere a nota do Departamento de Defesa.
“Os Estados Unidos coordenaram [esforços] com os governos da Argélia e de Cabo Verde para assegurar que as transferências foram feitas segundo as medidas de segurança apropriadas”, adianta.
Questionada pela Lusa sobre se Cabo Verde tem condições de segurança suficientes para garantir, quer a sua própria segurança, quer a do detido, Marisa Morais assegurou que sim, adiantando que o prisioneiro não ficará detido nas penitenciárias, sendo-lhe atribuída uma residência fixa, com as devidas medidas de segurança.
“Estamos num mundo global e a nossa intenção é ajudar e participar nessa globalização. É uma questão humanitária e nós temos o dever de ajudar”, referiu Marisa Morais, lembrando que a questão, antes de ser tomada a decisão, foi abordada com os vários órgãos de soberania cabo-verdianos e com os partidos políticos.
A ministra Marisa Morais lembrou à Lusa que Cabo Verde, embora a outro nível, já tem “experiência” neste tipo de situações, realçando que, nos primeiros anos da independência, o arquipélago recebeu cerca de uma dezena de membros da ETA e que nunca houve problemas com eles.
“Foi em 1976. Uns já foram embora, mas a maioria permaneceu no país e integrou-se na sociedade cabo-verdiana. De tal forma que vários casaram com cabo-verdianas, têm filhos e vivem discretamente no país”, sublinhou.
Lusa/Fim
http://noticias.sapo.cv/inforpress/artigo/15088.html
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