LISBOA-A TAP considera que a sua própria privatização é "premente", alinhando na opinião do seu accionista único, o Estado, mas afirma que tem "mostrado capacidade" para crescer o tráfego em anos de crise.
"Há mais de uma década que a TAP não recebe qualquer ajuda do Estado pois as regras comunitárias assim o impedem, o que coloca a companhia nacional em desvantagem face à sua concorrência. A necessidade da sua recapitalização torna, assim, premente a sua privatização", respondeu à Lusa uma fonte oficial da companhia.
As declarações da TAP surgem no dia em que o jornal i noticiou que o Governo considera que a companhia aérea portuguesa não conseguirá resistir a uma nova crise.
O jornal cita uma carta enviada pelo gabinete do ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações - que tem a tutela da TAP - ao Bloco de Esquerda na qual se pode ler que "a recapitalização do grupo TAP é uma necessidade urgente e sem ela a empresa encontra-se numa situação fragilizada, correndo riscos de, em face de uma nova crise de mercado ou de aumento dos preços dos combustíveis, a empresa ser arrastada para uma situação de ruptura financeira e de impossibilidade de, por si só, solver compromissos".
Tal como a TAP afirma agora também o gabinete de António Mendonça recorda ao Bloco de Esquerda que existem "imposições legais do direito europeias quanto ao desvirtuamento das regras de concorrência" que impedem "que os Estados ajudem financeiramente as empresas de transporte aéreo". Por isso mesmo a tutela diz que "é aconselhável que a melhoria da liquidez da empresa se faça com base nos seus activos disponíveis e com base na melhoria dos resultados operacionais". É isso mesmo que a TAP diz que tem vindo a fazer. "[A TAP] tem sido, no entanto, capaz de fazer face às sucessivas dificuldades que a indústria tem sofrido na última década. No ano em curso, marcado pela crise da economia europeia, a TAP tem mostrado a sua capacidade para enfrentar os seus desafios, crescendo o seu volume de tráfego no primeiro semestre 5,7%", refere o porta-voz da companhia, explicando que tal se deve "em especial", à "aposta em novos destinos e das melhorias nos mercados do Brasil e de África".
O que o Governo diz também é que caso tal não seja suficiente, tem de se pensar noutras formas. "Mostrando-se contudo tal ainda insuficiente, deverão ser consideradas todas as alternativas que permitam defender os interesses inalienáveis da empresa e do País", respondeu a tutela ao Bloco de Esquerda, sublinhando no entanto que "não há ainda uma decisão" sobre uma eventual privatização.
Também por não haver ainda uma decisão sobre uma eventual privatização, nem sobre o modelo que esta poderá ter, o gabinete das Obras Públicas e Transportes, diz que "não é ainda conhecido o [seu] impacto do ponto de vista da evolução do défice".
Uma coisa é o Governo e a TAP quererem privatizar a companhia, outra é haver investidores interessados em comprar.
Em Março, em entrevista à Lusa, o presidente da TAP, Fernando Pinto, dizia que a companhia é atractiva para muitos investidores. "Acho que a TAP pode ser atractiva para muitos investidores. Tenho confiança nisso. A resistência da TAP a tudo o que se passou nos últimos quase dez anos é enorme", disse na altura.
OJE/LUSA
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