sexta-feira, 23 de abril de 2010

BÉLGICA:REI TENTA TRAVAR CRISE POLÍTICA

BRUXELAS-O rei dos belgas, Alberto II, prossegue, hoje, sexta-feira, os contactos com os líderes políticos da Bélgica sobre o pedido de demissão do primeiro-ministro, Yves Leterme, enquanto os liberais flamengos ponderam voltar às negociações.
Ontem, quinta-feira, depois da apresentação do pedido de demissão de Leterme, após os liberais flamengos do Open VLD terem abandonado a coligação governamental de cinco partidos, o monarca começou a receber os líderes políticos belgas, prosseguindo hoje, sexta-feira, com essa tarefa, segundo a imprensa do país.
O líder do Open VLD, Alexander De Croo, fixou um novo prazo, até à próxima quinta-feira, para os responsáveis francófonos aceitarem um acordo com os flamengos sobre os direitos políticos e administrativos dos primeiros na área metropolitana de Bruxelas - região Bruxelas-Halle-Vilvoorde (BHV) - que é flamenga.
"Se os que quebraram a confiança fizerem um esforço para a restaurar, podemos reavaliar a situação", declarou De Croo a uma televisão flamenga.
Por seu lado, os presidentes dos partidos francófonos dizem-se prontos a reabrir as negociações, mas rejeitam o ultimato.
Em causa está uma proposta de cisão do círculo eleitoral BHV, mantendo regalias aos francófonos que vivem em seis comunas (autarquias) flamengas (de língua neerlandesa) nos arredores de Bruxelas, sendo a capital a única região bilingue do país.
Entretanto, as manchetes da imprensa belga, principalmente francófona, dramatizam hoje, sexta-feira, o problema ao questionarem o futuro do país.
"Este país ainda faz sentido?", questiona, em manchete, o jornal de referência "Le Soir".
Por seu lado, o "La Libre Belgique" considera ter havido um "golpe de força flamengo", enquanto o tablóide "La Dernière Heure" titula "Bye Bye Belgium".
Do lado flamengo, as manchetes são menos dramáticas, sendo que o "De Standaard", de referência, considera a actual crise como "um sinal claro da impotência da política belga".
A "Gazet van Antwerpen" questiona-se sobre o que acontecerá "depois do caos".
A Bélgica divide-se entre duas grandes comunidades linguísticas: a Norte a Flandres, de língua neerlandesa, com 60% da população, e no Sul a Valónia, francófona.
Há ainda uma pequena comunidade de língua alemã territorialmente integrada na Valónia.
O país está literalmente dividido em dois, com línguas diferentes, sendo que apenas Bruxelas é oficialmente bilingue.
JN.PT

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