PRAIA-O Governo de Cabo Verde quer contar com o apoio do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) para que o arquipélago se torne "uma porta de e para África", disse hoje à agência Lusa Cristina Duarte, ministra das Finanças cabo-verdiana.
Cristina Duarte, entrevistada pela Lusa sobre a primeira visita de trabalho de um presidente do BAD a Cabo Verde, iniciada terça-feira e que se prolonga até sexta, salientou que a deslocação de Donald Kaberuka à Cidade da Praia visa essencialmente perspectivar o futuro no médio e longo prazos.
"Cabo Verde quer tornar-se um centro internacional de negócios, um centro internacional de prestação de serviços, uma gateway de e para África. Para que tudo isto aconteça tem de continuar a atrair o investimento directo estrangeiro, mas, neste processo, tem de identificar e mobilizar, primeiro, parceiros estratégicos".
Exemplo disso, prosseguiu, é o Cluster SEU, com o qual se pretende transformar a ilha do Sal num hub de transportes aéreos, controlo de tráfego aéreo e plataforma para carga de passageiros.
"Só se conseguirá isso se identificarmos um parceiro estratégico, que consiga visualizar esta oportunidade de negócio em Cabo Verde", frisou Cristina Duarte. "É basicamente isto que vamos trabalhar com o BAD. Queremos transformar Cabo Verde num centro internacional de negócios, identificar parcerias e actualizar os projectos que comecem a consubstanciar a implementação desta estratégia".
Cristina Duarte lembra que o conjunto de projectos existentes com o BAD totaliza 98 milhões de unidades de conta (UC - cerca de 110,38 milhões de euros) para o período 2009-2013, incluindo, entre eles, os da expansão do aeroporto da Cidade da Praia e o Cluster SEU.
"O estudo de viabilidade da expansão do aeroporto da Praia está na fase final. Acredito que, entre o segundo semestre de 2010 e 2011, se comece a mobilizar os financiamentos para executar o projecto. E há também o parque tecnológico, liderado pelo NOSI (Núcleo Operacional dos Sistemas de Informação)", exemplificou.
"Temos um pipeline claro, mas o actual conjunto de projectos não traduz completamente a estratégia que apresentei ao presidente do BAD. Ou seja, os quatro clusters, a necessidade de identificar parcerias estratégicas e, consequentemente, os projectos numa base público-privada, que é o caminho a seguir", referiu.
A ministra das Finanças cabo-verdiana mostrou-se também satisfeita pelas declarações feitas terça-feira à Lusa por Kaberuka, que elogiou as políticas económicas de Cabo Verde, país que foi o único, nos últimos 50 anos, que se graduou de menos desenvolvido para rendimento médio devido às políticas económicas que seguiu. "A graduação foi essencialmente guiada, conduzida, pela justeza e bom senso das políticas económicas. Houve outros países que foram graduados, mas foram-no com base num aumento razoável do PIB per capita, porque descobriram petróleo ou diamantes, etc., ou seja, com base em recursos naturais", argumentou.
Desde 1977, altura em começou a cooperação efectiva, o BAD aprovou 39 operações para Cabo Verde, num montante líquido aproximado de 164,28 milhões de UC (cerca de 185 milhões de euros).
OJE/LUSA
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