PRAIA-O presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) disse à agência Lusa que a governação em Cabo Verde deve ser elogiada, alegando tratar-se de um país que cresceu "com base em políticas [de desenvolvimento] e não em petróleo ou minerais".
Donald Kaberuka, que chegou terça-feira à tarde à Cidade da Praia para a sua primeira visita de trabalho a Cabo Verde, a convite da ministra das Finanças cabo-verdiana, Cristina Duarte, salientou o esforço das autoridades locais, que, em 35 anos de independência, fizeram mais do que a maioria dos países africanos em 50.
"Cabo Verde é um dos primeiros e poucos países africanos que, em 50 anos [de independências em África], baseou o desenvolvimento em políticas, não em minerais ou petróleo. Essa mudança é muito, muito significativa", sublinhou o economista ruandês, o sétimo presidente eleito do BAD, no cargo desde 1 de Setembro de 2005.
Kaberuka, educado na Tanzânia e no Reino Unido, mestre em Economia pela Universidade de Glasgow (Escócia), aludia ao facto de Cabo Verde ter ascendido, em 2008, a país de rendimento médio, deixando o grupo dos menos desenvolvidos.
"Estou aqui, primeiro, para os homenagear pelo que fizeram, uma vez que outros países, nas mesmas circunstâncias, não foram capazes de atingir este nível", realçou Kaberuka que, por inerência de funções, é igualmente presidente do Conselho do Fundo Africano de Desenvolvimento (FGAD), o "braço concessional" do BAD.
Sobre a visita, Kaberuka lembrou que Cabo Verde é um parceiro do BAD desde praticamente a independência, em 1975, e que a entrada nesta nova fase económica importa uma revisão das abordagens para preparar o futuro.
"Nesta fase [de transição], ainda será necessária alguma ajuda [financeira], mas, em termos comerciais e de investimento, [Cabo Verde] é ainda um país de baixo/médio rendimento. Isso exige uma nova abordagem, quer da parte do Governo quer do BAD, e estou aqui para ver o que se poderá fazer nesse sentido", disse.
Kaberuka, que deixa a Cidade da Praia na manhã da próxima sexta-feira, terá encontros de trabalho com a ministra das Finanças cabo-verdiana e de cortesia com o presidente de Cabo Verde, Pedro Pires.
Cabo Verde tem uma carteira ativa junto do BAD de 64,65 milhões de euros, montante que se refere apenas às cinco operações em curso - cerca de 80% dessa verba está atribuída à ajuda orçamental e a restante às infraestruturas e aos setores rural e social.
Desde 1977, o BAD aprovou 39 operações para Cabo Verde, num montante líquido aproximado de 164,28 milhões de UC (unidades de conta), o que equivale a cerca de 185 milhões de euros.
Os projectos financiados pelo BAD, tais como a construção do Aeroporto Internacional da Praia, as Bacias Hidrográficas de Picos e Engenhos, a Central Única de Santiago, entre outros, têm contribuído grandemente para a melhoria das infraestruturas e da competitividade económica do país, sustentou.
Já como país de rendimento médio, Cabo Verde passou a ter acesso tanto aos financiamentos não concessionais do BAD, como aos concessionais do FAD.
Nesta qualidade, o limite de crédito para Cabo Verde junto ao BAD é de aproximadamente 98 milhões de UC (cerca de 110,38 milhões de euros) para o período 2009-2013. Simultaneamente, o país mantém o acesso ao saldo total de 7 milhões de UC (cerca de 7,88 milhões de euros) no quadro do FAD XI.
OJE/LUSA
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