O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, divulgou este sábado uma mensagem em que se refere aos massacres de 1,5 milhões de arménios, entre 1915-1917, pelos turcos do Império Otomano, como “uma das piores atrocidades do século XX”. Mas não usa o termo “genocídio”, que desagrada às autoridades da Turquia.
Em Istambul, turcos assinalaram pela primeira vez os massacres, em pelo menos três lugares da cidade, quebrando um tabu num país que rejeita a tese de genocício defendida pelos arménios.
Como candidato, Obama prometeu qualificar os massacres como genocídio, mas enquanto Presidente ainda não o fez, observaram as agências noticiosas, apesar de o inquilino da Casa Branca afirmar que não mudou de opinião. “A minha visão da História não mudou”, disse na mensagem deste ano. “É do interesse de todos estabelecer plenamente e com franqueza os factos.”
Os presidentes dos Estados Unidos divulgam tradicionalmente uma mensagem sobre o assunto na data do início dos massacres. “Os povos turco e arménio serão mais fortes se reconhecerem a sua história comum”, disse o líder norte-americano.
O 95º aniversário acontece dois dias após o anúncio de uma interrupção no processo de reaproximação encetado nos últimos meses por Turquia e Arménia, com o Presidente arménio a acusar as autoridades de Ancara de colocarem condições inaceitáveis.
Os dois países assinaram em Outubro acordos que prevêem o restabelecimento de relações diplomáticas e a reabertura da fronteira, mas esses textos aguardam a aprovação dos seus parlamentos.
Manifestação na Praça Taksim
E sábado em Istambul, na Praça Taksim, centro da cidade, centenas de pessoas sentaram-se durante longos minutos no solo, com cravos vermelhos e velas nas mãos, antes de escutarem música arménia, segundo a descrição da AFP.
A manifestação foi promovida por intelectuais, protegidos por centenas de polícias, que tiveram de impedir pela força contra-manifestantes de se aproximarem. Para não chocarem mais os que contestaram a iniciativa, no texto evocativo dos massacres os organizadores usaram a expressão “grande catástrofe”, em vez do termo ”genocídio”.
Em Ierevan, dezenas de milhares de arménios evocaram também o massacre, em manifestações onde, segundo os media turcos, foram queimadas bandeiras de Ancara.
A Turquia reconhece a morte de 300 mil a 500 mil pessoas, mas defende que foram vítimas do caos dos últimos anos do Império Otomano e não de uma campanha de extermínio.
Em Paris, milhares de pessoas - seis a a sete mil segundo os organizadores, 2600 de acordo com a polícia – assinalaram o genocídio reconhecido, entre outros, por países como a França e o Canadá. Em Beirute milhares de arménios residentes no Líbano também assinalaram a data.
PÚBLICO.PT
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