sexta-feira, 28 de maio de 2010

JOSÉ MARIA NEVES: A PERSONIFICAÇÃO DA DEMOCRACIA DE FACHADA-POR CASIMIRO DE PINA

PRAIA-JMN propõe a “anestesia” social como método do Governo. Mete no “governo” um grandessíssimo falsificador de atestados médicos (S.M.) e uma Ministra da Justiça envolvida na trapaça do “saco azul” (M.M.), sem descurar um Ministro dos Transportes notoriamente corrupto (M.I.), cuja empresa familiar, num grave caso de conflito de interesses, participa (e ganha, ooops!) concursos realizados pelo próprio Estado (“L’État, c’est moi!”)
De uma coisa ninguém pode acusar Pedro Pires, Aristides Pereira e todos aqueles “camaradas do povo” que instauraram, a partir da LOPE e das demais leis draconianas da década de 70, o totalitarismo em Cabo Verde: cinismo legal e “doublethink”.
Não. Essa primeira “geração totalitária” era honesta. Demasiado honesta.
Dizia ao que vinha e praticava a sua visão do mundo com uma coerência acima de qualquer suspeita.
Tudo batia certo, da Lei do Boato aos aparelhos de repressão (tribunais de zona, milícias, etc.) entrementes criados, os quais, conduzidos serenamente pelos esbirros da ditadura, impunham a lei e a ordem naqueles dias de provação. Os dias das “Calças Roladas”, na satírica expressão de Germano Almeida, em que o povo cabo-verdiano comeu o pão que o diabo amassou.
José Maria Neves, o primeiro “estadista” cabo-verdiano que, em 550 anos de história, cometeu meia dúzia de crimes e continua a monte, fugindo da Justiça mediante a alegação sorrateira de um “non liquet” constitucional, é diferente. Bastante diferente.
Ele não sufraga o totalitarismo explícito de outrora. A sua doutrina não é, desenganem-se, o porno-marxismo: é o socialismo light inventado pela escola de Frankfurt.
JMN propõe a “anestesia” social como método do Governo. Mete no “governo” um grandessíssimo falsificador de atestados médicos (S.M.) e uma Ministra da Justiça envolvida na trapaça do “saco azul” (M.M.), sem descurar um Ministro dos Transportes notoriamente corrupto (M.I.), cuja empresa familiar, num grave caso de conflito de interesses, participa (e ganha, ooops!) concursos realizados pelo próprio Estado (“L’État, c’est moi!”).
José Maria Pereira Neves é a personificação da democracia de fachada.
De fininho, actuando com aquela esperteza perversa que a Criminologia, em estudos de referência, já esclareceu, subverteu as instituições fundamentais do Estado de Direito, minando, a um tempo, os valores decisivos e tudo aquilo que sustenta uma sociedade de homens livres.
Nenhum sector escapou à sua voracidade controleira: os municípios são manietados por leis imbecis (vide a questão da cooperação internacional e as limitações impostas em sede do orçamento anual do Estado) e por associações (QUANGO,s, como bem explicou David Andersen) cuja única utilidade social é violar a lei e concorrer com os órgãos democraticamente eleitos pelas populações; a economia é surripiada pelo défice público e por um Estado esmagador cujo peso não para de aumentar; a iniciativa privada é estrangulada num complexo jogo de favores e cumplicidades burocráticas; a segurança, de direito fundamental e obrigação primeira de qualquer Governo sério, resvalou numa miríade de “encontros de reflexão” e de conciliação com os criminosos, numa espiral perigosa, sem critério, em que as boas intenções substituem as responsabilidades.
Tudo, em José Maria Neves, é fingimento e hipocrisia, “doublethink” (“duplipensar”, em português: usar a lógica contra a lógica), tal como previra George Orwell, em que as palavras mascaram a realidade e significam exactamente o contrário daquilo que aparentemente dizem. Escutai!
Amor, esse pseudo-amor vendido a metro nas revistas cor-de-rosa, é apenas Ódio (leiam, por favor, o A Semana e o espaço Zig Zag do jornal A Nação) e Exclusão daqueles que, sem temor nem honrarias, com custos pessoais elevados, combatem o “status quo” e a Espiral do Silêncio; Verdade é Mentira; Liberdade é Opressão; Transformação é Decadência; Desemprego é Prosperidade!
O Sistema, tão amavelmente sustentado pelos escritórios de propaganda, é, afinal, um rodopio de piruetas e mistificações. Isto é, a Segunda Realidade, que é justamente a essência diabólica, central, indispensável, do Contra-Iluminismo e do pensamento totalitário.
O totalitarismo não é tanto o Gulag ou a supressão das liberdades imaginadas pelo “século educador” de que falava Ortega Y Gasset. Isso é apenas a amplificação máxima da loucura, a “nemesis” da planificação central.
O totalitarismo é, sobretudo, uma Doença de Alma, a vontade doentia de suprimir a realidade e impor, se possível, e no seu lugar, o Império da Mentira.
Mais um exemplo soberbo: S. Excelência José Maria Neves declarou ao jornal “Oje” (edição de 26 de Maio de 2010, p. 13) o seguinte: “A taxa de desemprego é elevada. Temos de continuar a trabalhar para densificar o sector privado…”.
Ora, como é possível fazer isso, se o Estado, hoje, é cada vez mais forte e expansivo?!!
São metas incompatíveis, mutuamente excludentes: se o Estado cresce em tamanho, o sector privado definha e perde terreno.
A “planificação” crescente das questões económicas, como bem o mostrou Hayek, produz inevitavelmente duas coisas: decréscimo da prosperidade material e mitigação gradual das liberdades individuais.
Esta é, aliás, uma constante na história política das nações. É o Caminho para a Servidão!
A democracia de fachada é um biombo, o mais horrível sistema de dominação já inventado pelo Homem.
É uma promessa que nunca se concretiza, uma esperança que desfralda a bandeira da cidadania plena e só oferece, na prática, precariedade e retrocesso social. Qual é o Índice de Desenvolvimento Humano de Cabo Verde?
O MpD tem de perceber uma coisa: não pode continuar, numa “bravata” par(a)lamentar inútil, a discutir questiúnculas administrativas com o dr. José Maria Neves.
É preciso fazer o retrato desse homem, o “anjo do amor”, tiranete vibrante, fugidio e superenganador.
Sentá-lo no divã da República. Mostrar ao País, com rigor e profundidade analítica, QUEM é, afinal, o homem do leme, o profeta das mil transformações e demagogias! As negociatas que permite e as manigâncias que, no remanso do gabinete, incentiva…
No dia em que o fizer, tudo estará decidido. O partido ganhará densidade e não haverá servicinho de nenhuma empresa de sondagem capaz de impedir uma sua vitória expressiva nas próximas eleições.
O MpD tem de fazer isso urgentemente, e tem de aprender, também, a diferença crucial entre Poder e Eleições, duas realidades radicalmente distintas. O PAICV deseja as duas coisas; o MpD, apenas a segunda.
É esta a diferença.
Eleições sem Poder é a ilusão beata de tecnocratas sem visão. É um beco sem saída.
http://liberal.sapo.cv/noticia.asp?idEdicao=64&id=29050&idSeccao=527&Action=noticia

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