A “primeira espécie sintética” foi criada “através de um código digital no computador”, revela o líder da equipa de investigadores.
Foi criada a primeira célula viva sintética. O anúncio foi feito por Craig Venter, o co-autor da primeira sequenciação do genoma humano, através da revista "Science".
Há dezenas de possíveis aplicações para esta célula sintética, desde a produção de medicamentos, passando pela criação de combustíveis, até bactérias que absorvem os gases que provocam o efeito de estufa. Craig Venter, em declarações à BBC, revela que a “primeira espécie sintética” foi criada “através de um código digital no computador”.
“Criámos o cromossoma com ADN a partir do 0, a partir de quatro frascos de químicos. Os cromossomas têm mais de um milhão de letras. Fizemos a montagem final em levedura, como aquela que se usa no pão ou na cerveja. A levedura tem essa capacidade de reunir o ADN”, explica o cientista.
“Tirámos, então, o cromossoma da levedura e mudámo-lo para um recipiente, uma célula bacteriana, e assim que o fizemos começaram a ser produzidas as proteínas previstas pelo ADN, convertendo aquela célula numa espécie inteiramente nova. É uma célula completamente nova, que já se reproduziu milhões de vezes. O único ADN é o sintético que fabricámos. É assim a única espécie no planeta cujos pais são computadores”, sublinha Craig Venter.
A equipa liderada pelo norte-americano Craig Venter produziu, inicialmente, um genoma sintético bacteriano e transplantou-o de uma bactéria para outra. Os cientistas combinaram agora os dois métodos para criar o que apelidam de uma "célula sintética", embora só o genoma seja verdadeiramente sintético.
Para o Professor Daniel Serrão esta descoberta é uma proeza, no entanto, alerta para a necessidade de grande cuidado na sua aplicação prática. “Enquanto investigador é absolutamente livre para procurar o conhecimento, para descobrir aspectos da vida e da ciência – é essa a sua obrigação. Mas, já não o é quando pretende aplicar os resultados da sua investigação a outros seres vivos – animais ou vegetais. É preciso ter todo o cuidado e há necessidade de uma ponderação cuidadosa”, alerta o especialista em Bioética
RR.PT
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