WASHINGTON-Senado aprovou ontem a maior reforma do sistema financeiro dos EUA desde a Grande Depressão. Lucros das instituições devem cair 20%.
Até 4 de Julho, o feriado em que os Estados Unidos param para festejar o Dia da Independência, o presidente Barack Obama já deverá ter assinado a lei que decreta a maior reforma do sistema financeiro norte-americano desde a Grande Depressão, nos anos 30. Se tudo correr como planeado, as grandes instituições financeiras de Wall Street não terão grandes razões para comemorar, tendo em conta que esta reforma implicará regras bem mais apertadas e uma redução dos lucros em cerca de 20%, de acordo com o Wall Street Journal.
O Senado, que ontem aprovou a reforma por 59 votos a favor e 39 contra, teve um impacto imediato em Wall Street, com as principais praças norte-americanas a abrirem ontem em baixa. "O nosso objectivo não é castigar os bancos, mas proteger a população dos EUA", disse Obama, depois da votação no Senado, sublinhando: "Graças à reforma financeira, o povo americano não vai ter de pagar a conta pelos erros de Wall Street".
A reforma financeira, que se tornou numa bandeira da Administração Obama, tem como objectivo evitar uma nova crise como a que surgiu nos EUA em 2008 e prevê a criação de um organismo de protecção dos consumidores de produtos financeiros, sob tutela da Reserva Federal americana. O documento aprovado pelo Senado impede também que grandes instituições sejam salvas à custa dos contribuintes, prevê uma regulação mais apertada do mercado de produtos derivados, que passarão a ser comercializados de forma mais transparente e proíbe os bancos de comercializar ‘swaps'.
Depois de dezenas de emendas desde Abril, o Senado norte-americano deu ‘luz verde' às 1.600 páginas da nova regulação do sistema financeiro, que depois da reforma do sistema de Saúde se tornou na prioridade número um do presidente Barack Obama. O voto positivo no Senado foi visto como uma nova vitória política para Obama.
Mas antes de chegar à Casa Branca para ser assinada pelo presidente, o que se espera que aconteça até ao início de Julho, a versão da lei aprovada pelo Senado deverá ser fundida com um outro documento já adoptado em Dezembro pela Câmara de Representantes.
Na sequência da decisão do Senado, Obama chamou à Casa Branca os dois responsáveis do Partido Democrata mais envolvidos no processo de reforma financeira, o senador Chris Dodd e o representante Barney Frank, para uma reunião de emergência. Dodd e Frank presidem aos comités financeiros do Senado e da Câmara dos Representantes, respectivamente, e serão actores-chave no processo de fusão das duas versões. Barney Frank prevê que tudo irá correr sem sobressaltos e que "a lei será assinada antes do 4 de Julho".
"A mensagem para Wall Street é clara: a partir de agora não vão poder arriscar com o dinheiro dos outros", disse por seu lado o líder da maioria democrata na Câmara dos Representantes, Harry Read, acrescentando: "Game is over". O secretário do Tesouro, Tim Geithner, disse em comunicado que espera trabalhar com os legisladores para criar uma lei que fortaleça o sistema financeiro americano.
Durante os últimos meses, Obama fez uma intensa campanha para pedir ao Senado a aprovação da reforma financeira que, segundo o presidente, ajudará a impedir "os abusos e os excessos" que levaram à pior crise das últimas décadas.
Reforma financeira na UE também em Julho
A acompanhar de perto o que se passa em Wall Street, também a União Europeia tem em cima da mesa uma reforma financeira que prevê uma regulação apertada dos ‘hedge funds' e empresas de ‘private equity', à qual o Reino Unido se opõe radicalmente, já que 80% dos ‘hedge funds' europeus e 60% das empresas de ‘private equity' concentram-se na City londrina. Londres garante que a reforma financeira da UE irá custar às empresas britânicas 54,6 mil milhões de euros. Pelo contrário França e Alemanha são os grandes impulsionadores da nova lei, e querem que a reforma financeira seja feita rapidamente, numa tomada forte de posição face ao novo governo conservador britânico. A lei terá de ser aprovada pelo Parlamento Europeu, em Julho.
http://economico.sapo.pt/noticias/nova-regulacao-faz-tremer-wall-street_90336.html
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