sexta-feira, 9 de julho de 2010

CV: UM PRISIONEIRO DE GUATANAMO EM CABO VERDE

PRAIA-Cabo Verde vai receber, em breve, um dos prisioneiros que se encontram na base militar norte-americana de Guantanamo, em Cuba, disse hoje(08 de Julho) à Agência Lusa a ministra da Justiça cabo-verdiana.
Segundo Marisa Morais, a decisão foi tomada há pouco mais de uma semana e é uma resposta a um pedido feito nesse sentido há mais de um ano pelos Estados Unidos, reforçado durante a visita a Cabo Verde, em Agosto de 2009, da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton.
"Houve um pedido dos Estados Unidos para que recebêssemos um dos prisioneiros. Depois, houve um aturado processo de selecção para escolher quem vinha. Os Estados Unidos disponibilizaram todos os processos", disse Marisa Morais, que não adiantou à Lusa a nacionalidade do detido nem a provável data de chegada ou mesmo se já chegou ao país.
No entanto, o jornal cabo-verdiano A Semana adiantou tratar-se de um cidadão sírio, de mais de 50 anos, "com problemas de saúde", detido durante as acções militares que os Estados Unidos, ainda na presidência de George W. Bush, empreenderam em vários países, na sequência dos atentados de 11 de Setembro de 2001.
Marisa Morais lembrou à Lusa que Cabo Verde, embora a outro nível, já tem "experiência" neste tipo de situações, realçando que, nos primeiros anos da independência, o arquipélago recebeu cerca de uma dezena de membros da ETA e que nunca houve problemas com eles.
"Foi em 1976. Uns já foram embora, mas a maioria permaneceu no país e integrou-se na sociedade cabo-verdiana. De tal forma que vários casaram com cabo-verdianas, têm filhos e vivem discretamente no país", sublinhou.
Questionada pela Lusa sobre se Cabo Verde tem condições de segurança suficientes para garantir, quer a sua própria segurança, quer a do detido, Marisa Morais assegurou que sim, adiantando que o prisioneiro não ficará detido nas penitenciárias, sendo-lhe atribuída uma residência fixa, com as devidas medidas de segurança.
"Estamos num mundo global e a nossa intenção é ajudar e participar nessa globalização. É uma questão humanitária e nós temos o dever de ajudar", referiu Marisa Morais, lembrando que a questão, antes de ser tomada a decisão, foi abordada com os vários órgãos de soberania cabo-verdianos e com os partidos políticos.
Segundo a ministra da Justiça cabo-verdiana, as três forças políticas representadas no Parlamento -- Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, no poder), Movimento para a Democracia (MpD, oposição) e União Cabo-Verdiana da Independência Democrática (UCID) -- deram o seu "aval", uma vez que "compreenderam os valores" que estavam em causa, tendo-se atingido um "consenso".
"Não haverá qualquer aproveitamento político", garantiu, da mesma forma que assegurou que não existem quaisquer contrapartidas dadas pelos Estados Unidos.
Guantanamo é uma base militar norte-americana situada em Cuba que recebeu, entre 2002 e 2009, suspeitos de envolvimento nos atentados de 11 de Setembro de 2001 nos Estados Unidos.
Em 2009, o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, decretou o fecho da "base prisão", onde se encontram cerca de 250 suspeitos, com a administração norte-americana a desenvolver intensas negociações com "países amigos" para os acolher.
http://dn.sapo.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1613555&seccao=CPLP

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