quinta-feira, 8 de julho de 2010

HOLANDA:Holandês desenvolve novo teste de doping

O que têm em comum a urina de Lance Armstrong e a de uma vaca holandesa? Os dois são testados para doping. Uma nova pesquisa holandesa sobre métodos ilegais de engorda de gado poderá ajudar também no controle de doping de competições como o Tour de France.
O vencedor do Tour de France só será conhecido no dia 3 de julho de 2018, pois precisamente nesta data termina o período de oito anos em que os atletas ainda podem ser punidos pelo uso de doping. Uma formalidade legal para a qual ninguém dá bola? Absolutamente não. Um novo detector de doping faz com que a punição seja possível. Mesmo oito anos depois.
Ganhando tempo
O químico holandês Michel Nielen, da Universidade de Wageningen, pesquisa pelos e urina do gado para detectar métodos ilegais de engorda como esteróides anabolizantes. Assim como no desporto, estas substâncias são proibidas na agropecuária. Michel Nielen desenvolveu, junto com pesquisadores gregos, um novo método de detecção que, segundo ele, é muito mais rápido, eficiente e barato que os actuais.
”Na lista de substâncias proibidas no desporto estão inúmeras pequenas moléculas como os esteróides anabolizantes. São moléculas não-protéicas. Enquanto a actual tecnologia de doping, como EPO, é justamente de preparados proteicos. Mas os controladores já estão muito ocupados com a primeira lista, que inclui umas 240 substâncias. E aí sobra pouca atenção para o doping proteico. O que nós fizemos agora foi cercar este campo de pequenas substâncias, tanto as substâncias já existentes como as que ainda podem entrar no mercado no futuro.”
Um teste de urina com o método de Nielen e seus colegas gregos indica a presença de todas as substâncias não-protéicas proibidas. Com isso ganha-se muito mais tempo para testar o doping proteico.
Resultados do passado
A pesquisa de Nielens é voltada para a engorda ilegal de gado, mas poderá trazer vantagens para o desporto, diz Herman Ram, director da Autoridade Holandesa de Doping.
”Para o futuro, isto significa que poderemos trabalhar com mais precisão, porque substâncias que até agora permaneceram fora do radar serão postas dentro do radar. Se ainda houver amostras de urina do passado, podemos testar novamente. Mas isso só terá consequências para o atleta de a substância já fosse proibida na época.”
Com o método de Nielens, portanto, antigas amostras de urina poderão ser controladas. Teremos que temer pelas vitórias históricas de Joop Zoetemelk, Bernard Hinault e Eddy Merckx? Não, estes ciclistas permanecerão intocáveis pois o uso de doping é passível de pena apenas até oito anos depois.
Oito anos
Mas as medalhas olímpicas conquistadas em Pequim estão sujeitas aos novos testes, assim como o campeão Lance Armstrong, que, em teoria, poderia ter que entregar os troféus ganhos depois de 1999 se ficar detectado que usou alguma substancia que na época era proibida.
Os laboratórios oficiais de doping guardam neste momento as amostras de urina por apenas três meses. Mas se depender do Tour de France e do Comité Olímpico Internacional (IOC), elas serão guardadas por oito anos. Mas será que as organizações não deveriam se voltar especialmente para o controle de abusos futuros? É exactamente isso que eles pretendem fazer, diz Herman Ram.
”A organização do Tour de France e o IOC mostraram que estão preparados para olhar para o passado, e o fato de que já disseram isso abertamente também tem um efeito preventivo. Então um atleta já sabe que pode escapar durante o Tour, mas que ainda pode ser pego durante os oito anos seguintes, e com isso se espera que eles decidam por não tomar certos riscos.”
RNW-por Martijn van Tol (Foto: EPA)

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