sábado, 3 de abril de 2010

HOLANDA:"HOLANDA NÃO QUER SABER QUANTO CUSTA A IMIGRAÇÃO

Os cientistas holandeses não querem saber quanto custa a imigração. Essa é a conclusão da tese de doutorado que o pesquisador Jan van de Beek, da Universidade de Amsterdã , acaba de defender.

“Por acaso você é de extrema direita?” perguntou um dos colegas de Jan van de Beek logo após sua apresentação. A pesquisa dele toca num ponto delicado. Aconteceu várias vezes de as pessoas o ofenderem, chamando-o de nazista ou fascista.
Quando estava preparando sua monografia sobre políticas de refugiados, em 1999, Van de Beek percebeu a falta de dados econômicos sobre a imigração, o que achou estranho, já que a Holanda é um país de imigração por excelência desde os anos 1960. Ele então decidiu investigar a razão disso para sua tese de doutorado.
Politicamente correto
A partir dos anos 1960 quase não foram feitas pesquisas com relação ao custo-benefício da imigração. Também não há dados estatísticos, por parte das autoridades, sobre o desemprego e o uso do seguro social por imigrantes, por exemplo. A partir do começo dos anos 80, a escassez de informações passou a estar relacionada com o que recebeu o nome de ‘politicamente correto’.
“Naquela época via-se um crescimento do partido de extrema-direita de Hans Janmaat, o que fez com que ressurgisse entre muitos o trauma da Segunda Guerra Mundial. A nossa elite escolheu evitar de todas as formas o que poderia soar como medida de extrema-direita. Hans Janmaat usava com frequência argumentos econômicos contra os migrantes. Dessa maneira, criou-se um tabu em torno de pesquisas econômicas sobre migrantes.
Van de Beek evita usar o termo ‘politicamente correto’ em sua tese; ele prefere usar a expressão acadêmica ‘leitura moral’: “O conhecimento científico não era mais avaliado pelo grau de veracidade, mas pelo efeito político e social esperado. Isso é decepcionante ao se pensar que o objetivo da ciência é buscar a verdade."
Agenda política
Durante a defesa de sua tese de doutorado, Van de Beek foi elogiado diversas vezes pela sua independência. Por quatro anos, o pesquisador remou contra a maré dentro da Faculdade de Ciências Sociais, conhecido como ‘de esquerda’.
Mas também houve contestações afiadas à sua pesquisa. “O senhor critica a postura politicamente correta dos seus colegas. Mas não há uma agenda política por trás da sua pesquisa?”, perguntou Jan Willem Duivendak, docente de sociologia na Universidade de Amsterdã.
Mercado de trabalho
Van de Beek não guarda segredo sobre o seu ponto de vista de que imigrantes de países pobres pouco contribuem com a Holanda. “Em uma economia de conhecimento como a nossa, imigrantes pouco escolarizados não nos oferecem muitos benefícios. Se houvessem mais pesquisas nesse assunto, provavelmente já teríamos chegado à conclusão que devemos selecionar os imigrantes por nível educacional. Os migrantes estão mal posicionados no mercado de trabalho na Holanda, em comparação com outros países ricos.”
Geert Wilders
Van de Beek não quer de maneira nenhuma ser colocado no mesmo campo do político populista Geert Wilders. “Wilders ameaça, com sua convocação para a deportação de milhões de muçulmanos, o estado de direito holandês. Mas eu acredito que há uma ligação entre a tendência de nossas elites em não querer saber sobre a imigração e o sucesso do PVV (Partido da Liberdade, criado por Wilders). Uma pesquisa sobre os efeitos econômicos da migração poderiam diminuir a tensão política na Holanda.”
Em 2009, o líder do PVV exigiu do governo uma pesquisa sobre os custos e os benefícios da migração na Holanda. O gabinete negou. “Estrangeiros fazem parte de nossa sociedade. A presença deles não se reduz a uma simples soma e subtração em euros”, disse em resposta o ministro da Integração, Eberhard van der Laan. Diante dessa reação, Wilders concluiu que “parece que o cidadão não pode saber o custo da migração em massa”. O político calcula que os estrangeiros vindos de países pobres deixaram a Holanda bilhões de euros mais pobre.
RNW-Por Michel Hoebink (escrito no português do Brasil)

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