Os EUA e Rússia apelaram esta segunda-feira a todos os países que sigam o seu exemplo e tomem ações para um desarmamento global e um mundo sem armas nucleares.
Os embaixadores dos antigos rivais juntaram forças no debate na Assembleia Geral das Nações Unidas para realçar a assinatura, a 08 de abril, do novo tratado START (sigla em inglês para Tratado de Redução de Armas Estratégicas).
O novo START reduzirá os arsenais nucleares norte-americano e russo para nível inéditos desde a década de 60.
O embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin, apelou a todas as nações"sem exceções, desde logo as que têm arsenais nucleares,para que juntem esforços com a Rússia e os EUA e contribuam ativamente para o processo de desarmamento. Estamos convencidos de que apenas através de esforços coletivos podemos conseguir um desarmamento efetivo e um mundo sem nuclear",disse.
A embaixadora norte-americana, Susan Rice, encorajou todos os países a aproveitarem o atual momento para fazerem "progressos reais" no desarmamento e no uso pacífico da energia nuclear, a propósito da próxima revisão quinquenal do Tratado de Não Proliferação Nuclear, que decorrerá em Nova Iorque de 3 a 28 de maio.
Num movimento inusitado, Rice e Churkin divulgaram uma nota na quarta feira a anunciar que interviriam na sessão de abertura do debate sobre desarmamento e segurança mundial. Esta conjugação "reafirma o nosso compromisso para a eliminação das armas nucleares", afirmaram.
O novo tratado START, assinado em Praga pelos presidentes norte-americano, Barack Obama, e russo, Dmitry Medvedev, assinala um acentuado desanuviamento nas relações russo-norte-americanas.
Se for ratificado pelos parlamentos dos dois Estados, o tratado levará à redução das ogivas para 1550, cerca de um terço abaixo do atual limite de 2200.
Churkin, durante o seu discurso de hoje, disse que o novo tratado "apregoa a transição para um nível elevado de cooperação entre a Rússia e os EUA no desarmamento e na não proliferação" e estabelece as fundações para "novas relações na área estratégica e militar".
Rice classificou a assinatura como "um marco principal" e disse que correspondeu a uma promessa de Obama para dar passos concretos para um mundo sem armas nucleares.
"A nossa intervenção conjunta, hoje, aqui, é um sinal da muito reforçada relação entre as nossas duas nações - uma relação baseada na franqueza, na cooperação e no respeito mútuo", acrescentou.
Na cimeira de 47 Estados promovida e acolhida por Obama na passada semana, Medvedev e outros líderes mundiais responderam ao apelo do presidente norte-americano para a segurança de todos os materiais nucleares, em todo o mundo, no prazo de quatro anos.
Os EUA e a Rússia também completaram um acordo, há muito adiado, sobre o destino de toneladas de plutónio das armas do tempo da Guerra Fria.
Rice disse que os EUA "trabalharão para reverter a disseminação das armas nucleares e reforçar o ambiente com vista à sua eliminação" na conferência que se realiza no próximo mês para rever o Tratado de Não Proliferação.
Este tratado, de 1968, considerado o marco dos esforços globais de não proliferação, destina-se a prevenir a disseminação de armas atómicas para além dos cinco Estados que a possuíam então - China, EUA, França, Reino Unido e Rússia.
Requer aos seus signatários que não procurem alcançar a arma nuclear em troca de um compromisso daqueles cinco Estados nucleares de evoluírem para o desarmamento e garantirem o acesso à tecnologia nuclear que permita a produção de energia nuclear para fins pacíficos.
(Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico)
Lusa
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