domingo, 16 de maio de 2010
SAÚDE:"ECSTASY LIQUIDO"VICIA
Cresce o número de jovens holandeses que se internam em clínicas para dependentes químicos para se desintoxicarem do GHB (gama-hidroxibutirato), a droga de discotecas também conhecida como ecstasy líquido.
Enquanto que em 1997 cinquenta pessoas procuravam o tratamento numa clínica, no ano passado 200 pacientes deram entrada em clínicas para dependentes químicos na Holanda. Os dados são das clínicas e do instituto Trimbos, instituição para saúde mental e problemas de dependência. É desconhecido o número de dependentes de GHB na Holanda.
Há dois lugares na Holanda nos quais os dependentes de GHB podem tratar-se. Parar de uma vez não funciona devido ao grave sintoma de abstinência. Motivo pelo qual os dependentes são internados e tomam uma dose cada vez menor de GHB como tratamento, até que eles possam viver sem a droga. Esse método de desintoxicação é administrado nas duas clínicas.
Droga popular
Muitas drogas de discotecas vêm e vão, mas o GHB permanece popular entre os jovens. De acordo com o instituto Trimbos, a droga é barata, fácil de conseguir e até mesmo de fazer em casa com produtos de limpeza. Uma outra vantagem é que o GHB não deixa o sentimento de ressaca. A droga é tomada como um coquetel. É transparente, um pouco viscosa e salgada. A desvantagem é que se toma em grandes quantidades e torna-se inconsciente rapidamente.
Jerry de Vries tem 22 anos e é um dos holandeses que se tornou dependente de GHB. Um amigo lhe ofereceu a droga pela primeira vez. A partir de uma pequena dose de GHB ele passou a consumir mais rapidamente, até que ele não conseguiu mais viver sem a droga:
“É muito barata, mas é uma coisa muito perigosa. Você não tem ideia do que você toma nem quanto. Você toma muito e depois você sente o nocaute. Horas mais tarde você acorda. E aí depende um pouco de onde você está. Se você está em casa, então se recupera. Mas eu já passei por situações de acordar no meio da rua. E se você desperta, você nem sabe que você ficou tanto tempo inconsciente.”
Jerry internou-se na clínica Noord-Nederland para tratamento de dependentes químicos em Leeuwarden, no norte da Holanda. Sozinho ele não conseguiu se livrar da droga.
“Eu não fui reduzindo gradualmente, eu parei de uma só vez. Depois eu entrei numa psicose por alguns dias. Eu não tinha mais controle de mim mesmo. Eu ouvia sirenes o tempo todo e tinha muito medo. Eu queria mais para a minha vida do que apenas sofrer. Então eu me internei.”
GHB
De acordo com o responsável da clínica Noord-Nederland, Koop Hoekstra, o GHB é conhecido na Holanda desde os anos 1950. O anestésico tinha uso veterinário. A administração foi interrompida porque havia problemas com a dosagem. Nos anos 90, o remédio ressurgiu, dessa vez como droga de danceteria. Primeiro pensou-se que GHB não era perigosa, mas agora se sabe que a droga causa o vício facilmente.
“Há casos conhecidos de jovens que ficam com problemas no coração e até mesmo paragens cardíacos. Jovens com problemas de respiração e insuficiência respiratória chegam aos centros de tratamento intensivo dos hospitais da região”, afirma Koop Hoekstra.
Hoekstra explica como funciona o tratamento: “As pessoas que vêm para cá para um tratamento de desintoxicação recebem a droga de duas em duas horas e algumas vezes precisam tomar GHB até mesmo durante a noite para livrar-se do vício indesejado.”
Segundo Hoekstra, o uso do GHB não pode levar a morte. No entanto, há alguns casos na Holanda de pessoas que morreram após utilizar a droga. Isso porque utilizaram a droga de discotecas em combinação com álcool e outros anestésicos.
Radio Netherlands Worldwide(RNW)-Por Belinda van Steijn
*Jerry de Vries é um nome fictício, o entrevistado exigiu anonimato.
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