Raúl Castro discursou em congresso do Partido Comunista em Havana neste domingo (4). (Foto: Ismael Francisco/AP
'A vacilação é sinônimo de derrota', afirmou presidente cubano.
HAVANA-O presidente cubano, general Raúl Castro, afirmou neste domingo (4) que seu país prefere "desaparecer" a aceitar a "chantagem" de Estados Unidos e Europa com "manipulações" sobre a vigência dos direitos humanos na ilha.
"Este país jamais será dobrado. Antes prefere desaparecer, como demonstramos em 1962", disse o governante em alusão à Crise dos Mísseis da Guerra Fria.
"A vacilação é sinônimo de derrota. Não cederemos jamais à chantagem de nenhum país ou conjunto de nações, por mais poderosas que sejam, aconteça o que acontecer", acrescentou o general ao encerrar em Havana o IX Congresso do ramo juvenil do governante Partido Comunista.
"Cuba também não cederá à chantagem inaceitável dos dissidentes que se declaram em greve de fome para pedir a libertação de presos políticos doentes", disse Castro, reiterando a versão oficial de que são "delinquentes comuns, e se morrerem é culpa deles e de quem lhes apoia".
O líder denunciou "incríveis campanhas midiáticas do inimigo e tergiversações", ao responder às críticas do Parlamento Europeu e outros organismos, Governos e personalidades após a morte em fevereiro do dissidente preso Orlando Zapata depois de uma greve de fome de 85 dias.
Castro lembrou que Cuba também não cedeu "nem um milímetro" quando Washington apontava com suas armas nucleares e, segundo disse, se dispunha a invadir Cuba, nem quando a União Soviética ruiu, seu principal aliado e fornecedor.
O general disse que lhe "repugna o dois pesos e duas medidas dos países europeus que criticam os direitos humanos em Cuba quando ali maltratam os imigrantes e reprimem as manifestações inclusive a tiros".
Segundo Castro, a atual Administração americana, presidida por Barack Obama, "não cessou o apoio à subversão na ilha e mantém o bloqueio comercial que Washington aplica desde 1962". Acrescentou que "a extrema direita espanhola e o império americano continuam buscando a destruição da revolução cubana".
Situação econômica é crítica, ressaltou Castro
Por outro lado, reiterou suas advertências dos últimos anos de que a situação econômica cubana é crítica, que seu governo não pode manter subsídios "excessivamente paternalistas", e que há um milhão de cubanos que sobram nas relações de empregados estatais.
"Há folhas de pagamento infladas, muito infladas, terrivelmente infladas, em quase todos os setores, e pagam-se salários não vinculados à produção, com o que não se pode evitar que se deteriore a capacidade de compras do povo", acrescentou.
Insistiu também em que são gastos "milhões e milhões" para importar alimentos que podem ser cultivados em Cuba, enquanto crescem as "ilegalidades" e a corrupção. "Continuar gastando acima da receita significa comer o futuro e pôr em risco a sobrevivência da revolução", assegurou o presidente.
Criticou os "companheiros que se desesperam pedindo mudanças imediatas", sem levar em conta a quantidade de assuntos que ele tem pela frente para assegurar um futuro para a revolução que liderou em 1959 seu irmão e antecessor, Fidel Castro, ainda primeiro-secretário do Partido Comunista.
Elián González participa de congresso de jovens comunistas em Cuba
Jovem ficou famoso após sobreviver a naufrágio perto da Flórida.Em 2000, foi devolvido pelos EUA ao pai, que ficou na ilha.
O cubano Elián González, um adolescente que ficou famoso há dez anos, quando protagonizou uma disputa entre críticos do regime de Havana radicados em Miami - aonde chegou depois de ser levado de Cuba pela mãe - e o governo cubano, participa do IX Congresso da União de Jovens Comunistas (UJC), com uniforme de cadete, noticiou o site oficial Cubadebate.
Com uma curta referência por escrito, o espaço digital publicou três fotos do jovem, agora com 16 anos, vestindo o uniforme das escolas militares "Camilo Cienfuegos", onde estuda para se formar oficial das Forças Armadas Cubanas.O Congresso do qual Elián participa pediu que se enfrente a "apatia" política e a "desobediência das leis" na juventude cubana.
O jovem foi o centro de uma dramática saga de sete meses - de dezembro de 1999 a junho de 2000 - quando sua mãe o tirou clandestinamente de Cuba em uma embarcação precária, que naufragou perto da costa da Flórida.
O menino, que tinha menos de 6 anos na época, se salvou agarrado a um pedaço de madeira, enquanto sua mãe e outras 11 pessoas morreram afogadas.
Salvo por um pescador, Elián foi entregue a parentes cubanos radicados em Miami. O pai, Juan Miguel González, pedia desde Cuba a sua devolução, apoiado pelo governo.
Os tribunais americanos acabaram decidindo a favor do pai, apesar da forte pressão dos cubanos anticastristas, e o menino voltou à ilha em junho de 2000.
O caso foi aproveitado pelo líder cubano, Fidel Castro, para lançar uma ofensiva política denominada oficialmente "Batalha de Ideias".
GLOBO.COM/AFP/EFE
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