PRAIA-O Movimento para a Democracia (MpD, oposição) acusou hoje(16/04) o Governo de Cabo Verde de ter "falhado clamorosamente" na política económica, sustentando que os dados oficiais dão conta de que o crescimento aproxima-se "perigosamente de terreno negativo".
Numa conferência de imprensa, destinada a "comentar" os dados económicos mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) cabo-verdiano, o líder da bancada parlamentar do MpD, Fernando Elísio Freire, realçou que os indicadores demonstram que a "economia do arquipélago "vai muito mal".
"Os números do INE falam por si e traduzem o que todas as pessoas sabem e sentem no seu dia-a-dia, ou seja, que a economia vai muito mal e que a tendência tem sido para piorar em vez de melhorar", afirmou.
Citando também a última previsão feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre Cabo Verde, que aponta para uma taxa de crescimento económico em 2009 de 4 por cento, contra os "dois dígitos" proclamados no início desse ano pelo primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, o deputado do MpD sublinhou que a conjuntura económica no arquipélago está "cada vez mais desfavorável".
Segundo o INE, o indicador de clima económico no primeiro trimestre deste ano "manteve a tendência descendente que vem desde o primeiro trimestre de 2008, tendo entrado em terreno negativo no primeiro trimestre de 2010".
"O que significa que a conjuntura económica é cada vez mais desfavorável, o crescimento económico está a abrandar de trimestre para trimestre e aproxima-se perigosamente de terreno negativo", sustentou Elísio Freire.
Para o MpD, a evolução negativa está a afectar alguns dos principais sectores da economia e os que têm maior potencial de criação de emprego, como os casos dos da construção, transportes e turismo.
"O indicador de confiança dos empresários do sector é o mais baixo desde 2002. O volume de negócio e o emprego caíram significativamente no primeiro trimestre de 2010, e as expectativas dos empresários apontam no mesmo sentido, isto é, para a desaceleração da actividade turística e o aumento do desemprego nesse sector", disse.
"Quando o silêncio já não é possível, o Governo tem sempre a mesma resposta: é a crise internacional, é culpa da oposição, é tudo menos responsabilidade do Governo. Em vão se procura saber o que pensa o Governo fazer para combater a crise que já está instalada na economia e que, se nada mudar, irá seguramente agravar-se", sublinhou.
"E estamos a falar do mesmo Governo que, há pouco mais de um ano, pela boca do primeiro ministro, afirmou de forma totalmente irresponsável que a economia de Cabo Verde estava «blindada» contra os efeitos da crise internacional", recordou.
"Hoje, perguntamos ao Governo onde para a famosa blindagem, que afinal era de vidro, e onde está a saúde da economia, que parece ter sido também afectada pela dengue, tal é o estado de inanição em que se encontra neste momento", referiu.
Segundo Elísio Freire, o Governo "esqueceu" as pessoas, "reduziu" o crescimento da economia a "proporções anémicas", "aumentou" o desemprego, "mostra-se incapaz de resolver" os problemas da energia, da água e do saneamento e levou por diante "uma política de endividamento descontrolado".
OJE/LUSA
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