Em entrevista a um jornal francês, o arcebispo de Evreux admitiu ter recebido na década de 1980 na sua diocese um padre condenado por pedofilia. "Na época, a igreja funcionava assim", disse o arcebispo.
"Fazíamos um favor. Pediam-nos para receber um padre indesejável e nós aceitavamos. Foi o que fiz há mais de 20 anos. Foi um erro", disse o monsenhor Jacques Gaillot ao jornal Le Parisien/Aujourd'hui en France, no momento em que a Igreja Católica é abalada por uma onda de escândalos de pedofilia.
Em 1987, a Igreja autorizou o padre canadiano Denis Vadeboncoeur a exercer em França, apesar do sacerdote ter sido condenado a 20 meses de prisão no seu país em 1985, por actos de pedofilia.
Jacques Gaillot tinha conhecimento da condenação mas, ainda assim, nomeou Vadeboncoeur em 1988 padre e vigário episcopal, o que deixava o canadiano em contacto com muitas crianças na região oeste de França.
Em 2005, Denis Vadeboncoeur foi condenado pela Sala Penal de Eure a 12 anos de prisão por violar um menor, entre 1989 e 1992.
Durante o julgamento, o bispo Gaillot manifestou arrependimento. "Hoje, as coisas mudaram na Igreja. Agora, vamos aos tribunais. Estamos a sair gradualmente desta cultura do segredo", afirmou o monsenhor Gaillot.
Fiéis católicos defendem Igreja
A maioria dos fiéis que se reuniu este domingo na Praça de São Pedro para seguir a tradicional mensagem de Páscoa defendeu a Igreja e o Papa frente aos escândalos de pedofilia e denunciaram uma suposta "instrumentalização" dos escândalos.
"Apesar do fenómeno ser grave, existe alguma instrumentalização", disse à Agência France Press o italiano Marino, que viajou de Turim (norte do país), com toda a família, para passar a Semana Santa em Roma.
"A Igreja é formada por homens e, entre eles, alguns que cometem erros. O importante é que não os protejam", afirmou Marino, que considera que "a fé não tem nada a ver com os comportamentos de algumas pessoas".
Sob uma maré de guarda-chuvas de todas as cores, e depois de o decano dos cardeais abrir a cerimónia com uma mensagem inédita de solidariedade a Bento XVI, o alemão Edgard Meier recusou-se relacionar a pedofilia com a Igreja Católica.
"Não é algo típico da Igreja", afirmou Meier, que provém do país de nascimento de Bento XVI, onde se multiplicaram nas últimas semanas as revelações de casos de abusos sexuais a menores ocorridos durante décadas.
@SAPO/AFP
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