sábado, 3 de abril de 2010

G.BISSAU:REGRESSSO Á NORMALIDADE COM PEDIDO DE DESCULPAS

BISSAU-Carlos Gomes Júnior garantiu hoje que a situação que se viveu nas últimas horas na Guiné-Bissau vai ser ultrapassada e que o seu cargo se mantém e que irá continuar a cumprir o seu mandato.
"Vou continuar como primeiro-ministro. Vou continuar o mandato. Fui eleito pelo povo", afirmou o primeiro-ministro da Guiné-Bissau ao mesmo que garantiu que os incidentes registados ontem vão ser ultrapassados.
"Vou para o gabinete tratar dos assuntos correntes", acrescentou Carlos Gomes Júnior após falar com os jornalistas e depois de ter estado reunido com o Presidente da República, Malam Bacai Sanhá.
Recorde-se que o antigo chefe do Estado-Maior da Armada, José Américo Bubo Na Tchuto, e o actual vice-chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, major general António Indjai, protagonizaram no dia de ontem uma intervenção militar que conduziu à detenção do chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, almirante Zamora Induta.
O primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, chegou também a estar detido pelos militares, mas já regressou a casa e ao trabalho, mantendo-se nesta altura detido Zamora Induta.
Indjai pede desculpas
O general António Indjai cumpriu o prometido ao início da tarde de hoje e veio falar aos jornalistas para pedir desculpa pelas palavras de ameaça de morte proferidas no dia de ontem contra o primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior.
"Só queria pedir desculpa pela alteração que tinha ontem devido à pressão que estava em mim. No trabalho que estávamos a fazer proferi uma frase que não é boa, por isso peço desculpa à sociedade civil e ao povo da Guiné-Bissau", declarou António Indjai.
O general Indjai pediu desculpa e apresentou como justificação para a sua atitude de ontem a "muita pressão" que tinha sobre si pelo que "devido à aglomeração de pessoas nas ruas disse que se o povo não abandonasse as ruas vou mandar matá-lo".
As palavras de desculpa ao povo da Guiné-Bissau foram proferidas por António Indjai numa conferência de imprensa no quartel-general na Fortaleza d'Amura, em Bissau.
Já quando questionado a falar sobre a situação do almirante Zamora Induta, de quem era vice-chefe do Estado-Maior, António Indjai afirmou que aquele oficial se encontra detido "mas não lhe fizeram nada de mal".
"Zamora está detido, juntamente com o coronel Samba Djaló, mas não lhe fizeram mal nenhum, não lhe beliscaram sequer. Terá que ir responder na Justiça pelos males que fez", sublinhou Indjai ao mesmo tempo que desmentia que tenha havido mais detenções de militares ou civis.
Já sobre a situação de Zamora Induta, se continuava a ser o chefe do Estado-Maior ou não, António Indjai disse que não, mas que as Forças Armadas iam aguardar pela indicação "pelos políticos" de um novo responsável, deixando entender que Zamora Induta não voltará para esse posto.
Em nota lida pelo major Dabana Walna, chefe do gabinete de Zamora Induta, foi apresentado um conjunto de acusações contra o chefe do Estado-Maior, nomeadamente alegadas tentativas de assassínios de oficiais militares, divisão, personificação do Exército e uso indevido de armas.
RTP.PT
CPLP manifesta satisfação por não ter havido mais violência na Guiné-Bissau

A presidência portuguesa da CPLP emitiu hoje um comunicado em que "manifesta satisfação por não se ter registado mais violência em Bissau", reiterando a "condenação do uso da força para a resolução de divergências".No texto, a presidência portuguesa informa que, ao longo do dia de hoje, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) "encetará diligências junto das autoridades do país e das instâncias internacionais presentes em Bissau com vista a apoiar soluções para o regresso à normalidade constitucional".

Na capital guineense, acrescenta o texto, a CPLP vai ser representada pelos embaixadores de Portugal, Angola e Brasil e pelo seu secretário-executivo, Domingo Simões Perereira.
A instabilidade voltou quinta-feira à Guiné-Bissau quando militares, liderados pelo antigo chefe da Armada almirante José Américo Bubo Na Tchuto e pelo "número dois" do Estado Maior General das Forças Armadas, que se auto-proclamou chefe do EMGFA, major-general António Indjai, detiveram o primeiro ministro, Carlos Gomes Júnior, e o CEMGFA, almirante Zamora Induta.
Carlos Gomes Júnior foi depois libertado, enquanto Zamora Induta continua detido.
(Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico)
Com Lusa

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