O líder dos conservadores, David Cameron, foi esta quinta-feira acusado, no segundo debate televisivo, pelos rivais nas eleições legislativas de ser "anti-europeu" e de se ter aliado com "maluquinhos" no Parlamento Europeu.
David Cameron, em resposta a uma pergunta de um membro da audiência sobre qual a vantagem de permanecer na União Europeia (UE), começou por criticar a "transferência de poderes" de Londres para Bruxelas, alguns dos quais pretende recuperar.
Recusou também uma eventual adesão ao euro e prometeu que, se for eleito primeiro ministro, fará aprovar uma lei que "garanta um referendo" sobre futuras mudanças legislativas.
Mas o líder dos democratas liberais, Nick Clegg, reivindicou a importância de fazer parte dos 27 para, por exemplo, lutar contra a criminalidade internacional ou as alterações climáticas.
Acusou depois os conservadores de terem perdido influência ao aliar-se a "um grupo de maluquinhos, antissemitas, pessoas que negam que a mudança climática existe e homofóbicos".
O antigo deputado europeu fazia referência ao facto de os conservadores, sob a liderança de Cameron, terem abandonado o Partido Popular Europeu e formado o Grupo dos Conservadores e Reformadores Europeus.
O líder dos trabalhistas, Gordon Brown, invocou os empregos relacionados com as trocas comunitárias como "três milhões de razões" para fazer parte da UE e apelidou Cameron de "anti-europeu", ao mesmo tempo que designou Clegg de "anti-americano". "Ambos vivem fora da realidade", rematou.
Este foi o primeiro ataque do ainda primeiro ministro ao líder dos democratas liberais, que foi considerado vencedor do debate anterior, o que fez a popularidade do partido disparar nas sondagens.
Os dois chocaram na discussão sobre a renovação do arsenal nuclear, que custará vários milhares de milhões de euros e com a qual os democratas liberais discordam.
Clegg argumentou que a posição é apoiada por vários generais aposentados, que, numa carta publicada esta semana, defendem uma alternativa mais barata e em equipamento para os militares.
Mas Gordon Brown exortou o adversário a "ser realista" perante o perigo de países como o Irão e a Coreia do Norte desenvolverem armas nucleares.
"O que é perigoso", replicou Clegg, "é gastar todo este dinheiro que podemos não ter num sistema que quase de certeza não vai ajudar, quando o mundo está a mudar e enfrentamos outras ameaças", David Cameron interveio para afirmar, perante a dúvida sobre "o que vai ser o mundo daqui a 40 anos", que o Reino Unido "não pode correr riscos". "Nunca pensei dizer estas palavras, mas eu concordo com o Gordon", admitiu.
Este segundo debate, transmitido pela Sky News, foi dominado pelos assuntos de política externa, mas os líderes discutiram também sobre imigração, religião e sistema político.
Enquanto no debate anterior, a vitória de Nick Clegg foi clara, desta vez a vantagem do líder dos democratas foi menos expressiva nas sondagens imediatas.
Uma sondagem divulgada pela ITV dá 33% a Clegg e os mesmos 30 % a Cameron e Brown, outra dá um empate com Cameron a 36% e uma terceira, do tablóide The Sun, sugere que Cameron ganhou isolado com 36%, à frente dos 32% de Clegg e os 29% de Brown.
SIC/LUSA(Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico)
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