terça-feira, 13 de abril de 2010

NUCLEAR:Obama organiza cimeira histórica para negar aos terroristas a bomba nuclear

O Presidente Barack Obama inaugura hoje, em Washington, uma cimeira que vai centrar-se no "facto de a maior ameaça à segurança dos Estados Unidos - a curto, médio e longo prazo - ser a possibilidade de uma organização terrorista vir a obter uma arma nuclear".
"Sabemos que organizações como a Al-Qaeda estão a tentar obter uma arma nuclear - uma arma de destruição maciça que não terão pejo em usar", disse Obama, na véspera da mais importante reunião dos últimos 65 anos na capital federal norte-americana e na qual participarão, durante dois dias, chefes de Estado e de governo de quase 50 países. "Se algum dia acontecer uma explosão [nuclear] em Nova Iorque, ou Londres ou Joanesburgo, as consequências serão devastadoras."
A segurança nuclear é uma das prioridades de política externa que Obama definiu num discurso em Praga, em Abril de 2009. A cimeira de Washington assume uma importância ainda maior porque ocorre dias depois da assinatura do Novo Start com a Rússia, que prevê a redução dos respectivos arsenais atómicos, e antes de uma conferência das Nações Unidas que, em Maio, vai rever o Tratado de Não-Proliferação (TNP).
O objectivo principal da cimeira é empreender uma "acção colectiva para os próximos quatro anos" que permita controlar os stocks globais de plutónio e urânio altamente enriquecido - dois materiais usados no fabrico de engenhos nucleares, explicou um dos conselheiros da Casa Branca, Gary Samore.
O problema, observou Charles Ferguson, presidente da Federação de Cientistas Atómicos em Washington, é que a prioridade de Obama não é partilhada por muitos dos países convidados para a cimeira. "Temos Estados na África subsariana com materiais que podem ser usados em armas [nucleares] que estão mais preocupados com o seu desenvolvimento, em alimentar o povo e combater as doenças", disse Ferguson, citado pelo jornal "The Christian Science Monitor". "Vai ser preciso oferecer-lhes contrapartidas para que alinhem [nesta iniciativa] e não parece que será o caso."
Outro factor que pode dificultar uma cooperação mais ampla é o não-reconhecimento pelos EUA de que "estes materiais podem ser usados legitimamente nos sectores militar e civil", em laboratórios de investigação, por exemplo, acentuou Ferguson, recomendando acções multilaterais.
"Se o departamento de segurança nuclear da Agência Internacional de Energia Atómica [AIEA] tivesse um orçamento regular", comentou Ferguson, "o esforço internacional em prol deste plano para quatro anos seria muito maior."
Promessas não-vinculativas
A revista "Newsweek", com base em declarações de fontes da Administração Obama, parece partilhar esta opinião: "A reunião vai produzir mais papéis do que progressos. Haverá um comunicado não-vinculativo, onde os líderes vão admitir os perigos da proliferação nuclear. Vão prometer adoptar novas medidas nacionais e internacionais para garantir os materiais nucleares durante quatro anos. Vão produzir um "plano de trabalho" com passos que, individualmente, os países irão dar (...), mas também isso será não-vinculativo."
O "Financial Times" notou que outras questões prementes terão de ser discutidas a nível bilateral, porque a agenda da cimeira "é muito restrita". Um dos encontros bilaterais mais significativos será o de Obama com o seu homólogo chinês, Hu Jintao. "Se repararmos nos encontros bilaterais que estão marcados, serão quase tão importantes como os que vão decorrer na sala de conferências, onde a controvérsia não será visível", comentou um diplomata europeu citado pelo diário londrino.
Obama deve aproveitar o encontro com Hu para convencer Pequim a viabilizar uma quarta série de sanções ao Irão no Conselho de Segurança da ONU.
O Irão (tal como a Coreia do Norte) não foi convidado, e por isso marcou a sua própria cimeira para os próximos dias 17 e 18. Israel foi convidado, mas o chefe do Governo, Benjamin Netanyahu, não estará presente.
A justificação oficial para ser substituído por Dan Meridor, vice-primeiro-ministro, foi a de que não queria ouvir as críticas da Turquia e do Egipto à recusa em assinar o TNP. Avner Cohen, autor de "Israel and the Bomb", lamentou que "Bibi" tivesse perdido "a oportunidade de obter legitimidade global para o programa nuclear" israelita. A ausência "resulta de medo, falta de confiança e sentimento de isolamento - marcas de um processo irracional de tomada de decisões."
PUBLICO.PT

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