PRAIA-A agência de notação financeira Fitch reafirmou em Maio a avaliação de Cabo Verde como país "estável", considerando porém que existe "algum risco" com os aumentos das dívidas pública e externa, o que implica uma gestão económica "sólida".
Fonte do Banco de Cabo Verde (BCV) salientou hoje à agência Lusa que a agência manteve a classificação B+ para o rating de longo prazo em moeda estrangeira e de BB- para o de longo prazo em escudo cabo-verdiano, considerando "estável" a perspectiva para o risco de país.
"Num contexto de crise económica internacional e de aumento do défice orçamental de Cabo Verde, a avaliação contraria a de Dezembro de 2009 da Standard and Poor's, que considerou negativas as perspectivas para o "risco país"", salienta a mesma fonte.
Para esta avaliação terá contribuído um desempenho melhor que o antecipado - nomeadamente pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) - da economia de Cabo Verde em 2009, com destaque para os défices orçamental e da conta corrente, bem como em relação ao crescimento da economia.
Segundo o FMI o programa ambicioso de investimento público deverá trazer benefícios a longo prazo para a economia cabo-verdiana e, "por conseguinte, não constitui uma ameaça actual para o risco de país de Cabo Verde", garantiu a fonte do BCV, liderado por Carlos Burgo.
Contudo, segundo a Fitch, os aumentos das dívidas pública e externa comportam "algum risco", o que "implica a necessidade de uma gestão sólida dos projectos e um forte retorno dos mesmos em termos de crescimento".
A 11 deste mês, ao apresentar o relatório semestral do BCV sobre Política Monetária em Cabo Verde, Carlos Burgo disse que as projecções da balança de pagamentos apontam para um agravamento do défice da conta corrente para 12,7%, para um aumento moderado nos preços, com a taxa de inflação média a fixar-se entre 1,5 e 2,5%, e para uma ligeira recuperação nas receitas públicas.
Confirmando a projecção de ligeira retoma da economia cabo-verdiana, onde o comportamento misto demonstra que o consumo interrompeu o declínio registado desde 2007, Carlos Burgo referiu que a perspectiva de recuperação económica é "animadora". Nesse sentido prevê que possa crescer em torno dos 5%, em que o consumo, principal componente da procura interna, interrompeu o período de declínio iniciado em 2007 e "começou a dar mostras de recuperação".
Para este ano o crescimento do produto interno bruto (PIB) deverá situar-se no intervalo entre 4 e 5%, mantendo-se a previsão apresentada no relatório publicado em Outubro de 2009.
As projecções da balança de pagamentos para 2010 apontam para um agravamento do défice da conta corrente de 10,8% do PIB em 2009 para 12,7% em 2010, "traduzindo o crescimento do défice da balança comercial, em resultado do aumento significativo das importações de bens de capital".
OJE/LUSA
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