PRAIA-A República Checa poderá vir a ser um espaço preferencial de acolhimento de estudantes cabo-verdianos, que poderão vir a ter acesso a ofertas de formação diversificadas e naquele país da Europa Central.
Esta é uma das expectativas identificadas no quadro do presente processo de estreitamento das relações de cooperação entre os dois países, cujas autoridades vêm, na educação, um sector com enormes potencialidades a explorar.
De acordo com a cônsul da República Checa na Praia, principalmente através do sistema de formação para estrangeiros mas, também, em certa medida, pela via do sistema público, os estudantes cabo-verdianos terão acesso a um “ensino prestigiado e de qualidade”.
Lucie Lachoutová, que esteve em Cabo Verde em missão oficial, explicou que os jovens cabo-verdianos que optarem por estudar nas universidades checas não terão acesso, como no passado (nos tempos da antiga Checoslováquia) a bolsas de estudo, mas beneficiarão de todas as facilidades e do bom acolhimento que os checos tradicionalmente reservam aos estrangeiros.
ENSINO DE PRESTÍGIO E QUALIDADE
“As nossas universidades são internacionalmente reconhecidas, os nossos cursos são prestigiados e a qualidade de vida que temos é comparável à de qualquer país da União Europeia”, disse, enumerando as vantagens oferecidas pela República Checa, que também apresenta “níveis de custo de vida bastante inferiores à média dos países comunitários”.
Por isso, depreende-se das explicações avançadas por aquela diplomata, a escolha da República Checa oferece vantagens evidentes, não só para os estudantes como, igualmente, para as famílias cabo-verdianas, cujos esforços para financiar a formação dos filhos serão menos significativos do que se optarem por outros países.
A medicina, a medicina veterinária, as engenharias, a arquitectura, as ciências biológicas e as novas tecnologias são algumas das ofertas de formação superior disponibilizadas pelas universidades checas em diferentes cidades como Praga, Pilsen, Brno, Hradec Králové e Olomouc.
“As principais universidades checas têm faculdades em todas as principais cidades do país, pelo que o leque de opções, também nos aspectos geográfico e de estilo de vida grande”, acentuou, dando conta de que os cursos para estrangeiros são leccionados em língua inglesa, bastando ao estudante superar as provas de ingresso para a elas ter acesso.
VISTOS EMITIDOS NA PRAIA
Todas estas possibilidades são agora concretizáveis com relativa facilidade, adiantou Lucie Lachoutová, devido aos passos que estão a ser dados entre as autoridades dos dois países na perspectiva de incrementar os fluxos de cidadãos num e noutro sentido.
“Por via de um acordo a ser assinado em breve, os cidadãos cabo-verdianos vão agora poder requerer o visto de entrada na República Checa através da embaixada de Portugal na Praia, e ao Consulado Honorário de Cabo Verde em Praga (cuja sede foi recentemente inaugurada) já foi atribuída competência para emitir vistos de entrada em Cabo Verde”, indicou.
Esta situação vai também facilitar grandemente a deslocação de turistas checos a Cabo Verde, um destino que começa a merecer muita procura naquele país da Europa Central, de e para onde existem voos charters frequentes, principalmente com ligação à Boa Vista e ao Sal.
As trocas culturais vão também merecer uma atenção especial por parte dos dois países, interessados numa interacção entre os cidadãos checos e cabo-verdianos, segundo a diplomata, para quem, embora geograficamente distantes, Cabo Verde e a República Checa têm mais em comum do que muita gente pode pensar.
Lucie Lachoutová recordou, por exemplo, a popularidade que teve em São Vicente, nos anos 30 e 40, o Movimento Sokol, que, criado na antiga Checoslováquia, dedicava-se, tendo em vista o exercício pleno da cidadania, à educação física, mental e moral dos seus membros. O movimento veio, posteriormente, a ser proibido pelo regime salazarista.
ACORDO DE MOBILIDADE
O acordo de parceria para a mobilidade a ser assinado entre Cabo Verde e a União Europeia, inscrito no âmbito mais geral da Parceria Especial, constituirá outro instrumento importante na cooperação dos dois países, que se espera vir a concretizar-se o mais rapidamente possível, eventualmente ainda ao longo deste ano.
Reflectindo, em traços gerais, direitos, deveres e obrigações contidos em compromissos bilaterais já assumidos, ou a assumir, por Cabo Verde com alguns países europeues como França, Portugal e Luxemburgo, o acordo de mobilidade deverá ter impacto na aproximação entre a República Checa e Cabo Verde, configurando igualmente uma oportunidade de incremento das relações bilaterais nas áreas comercial e empresarial.
De acordo com Lucie Lachoutová, existe já alguma procura da República Checa por cidadãos cabo-verdianos, onde os registos apontam para uma média anual de meia centena de vistos solicitados, número que deverá aumentar substancialmente com as facilidades recentemente introduzidas e, principalmente, devido ao futuro acordo para a mobilidade.
ANAÇÃO-Por Orlando Rodrigues
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