quarta-feira, 19 de maio de 2010
CV(SAPO.CV):PARABÉNS, CIDADE DA PRAIA!
PRAIA-Praia faz hoje 175 anos. O Dia do Município é comemorado com várias actividades oficiais, com o ponto alto a ter lugar, como já é habitual, no Festival da Gambôa, este fim de semana.
E quantas vezes não ouvimos perguntar: Praia, mas porquê?
Para quem não sabe, a resposta está precisamente na praia de areias escuras - a praia de Santa Maria - ali bem perto do Platô, o pequeno planalto núcleo da fundação da cidade.
Na verdade, a vila da Praia de Santa Maria surgiu em 1615, quando a população começou a habitar este pequeno planalto que oferecia boas condições para navios.
Os históricos assaltos de piratas à então capital Ribeira Grande terão levado muitos a pensar em mudar-se para um local mais seguro e protegido. E o declínio que se seguiu à velha cidade ditou a fuga rumo a essa nova povoação que começava a surgir. Em 1770 o governo da colónia passa oficialmente a capital das ilhas para a vila da Praia de Santa Maria.
Ao longo da História de Cabo Verde houve sucessivas propostas de transferências da capital de Praia para outros sítios, sendo a última a proposta da mudança para Mindelo durante o séc. XIX.
As sucessivas administrações portuguesas nunca mostraram interesse (económico ou político?) em mudar a capital de Cabo Verde. Através de um decreto de 1858, com a elevação do estatuto de vila para cidade, Praia ficou definitivamente a capital de Cabo Verde, concentrando as funções de centro político, religioso e económico.
Como explica o ensaísta José Luís Hoppfer Almada, "no contexto cultural, a Cidade da Praia marcaria com a sua hegemonia cultural os períodos iniciais e áureo da imprensa cabo-verdiana.
A tranferência para a mesma da Escola Principal do Ensino Primário, depois de, em 1845, ter sido fundada e ter funcionado na ilha Brava. De destacar, também, em 1860, a instalação na nova cidade do Lyceo Nacional, o primeiro de Cabo Verde."
É na Praia que tem lugar a primeira impressão de livros em terras cabo-verdianas (1916), designadamente dos livros de poemas Mal de Amor e Santificação do Beijo, de Eugénio Tavares,
Aqui também se inicia o modernismo cultural (literário e plástico), segundo Hoppfer Almada, com a publicação do livro Diário, de António Pedro, o qual ostenta um desenho de Jaime de Figueiredo, intelectual que prega um modernismo de forte inspiração presencista, e, em 1931, cria, com Jorge Barbosa, João Lopes, Francisco Torres e Julião Quintinha (metropolitano de passagem por Cabo Verde), o grupo Atlanta, o primeiro grupo (ou “tertúlia”, como prefere Arnaldo França) caboverdiano assumidamente modernista.
Para além disso, é na cidade da Praia que, na altura, se concentram os mais relevantes círculos culturais e gabinetes de leitura bem como as mais importantes infra-estruturas culturais, como a Imprensa Nacional, a Biblioteca-Museu Nacional e o Teatro Africano.
À data da independência, em 1975, a cidade propriamente dita resumia-se ao Platô, onde se concentravam todos os serviços administrativos. No entanto, em poucos anos os bairros circundantes desenvolveram-se com a chegada de populações vindas do interior de Santiago e das restantes ilhas do arquipélago.
Bairros como Safende, Ponta d'Água, Achadinha, Achada de Santo António, Várzea, Fazenda, achada Grande, Achada São Filipe, e nos últimos anos Terra Branca e Palmarejo vieram dar uma nova vida à cidade. Em pouco mais de duas décadas, a população da cidade quadruplicou e passou a albergar um quinto de toda a população de Cabo Verde.
Nestes últimos anos, a cidade voltou a conhecer uma nova modernização, com a asfaltagem de estradas e ruas do Platô, a construção de um novo aeroporto, de duas vias rápidas e uma marginal.
A vida cultural da cidade retomou, também, a sua dinâmica. Nos últimos anos, vários são os eventos que vêm fazendo da Praia local de passagem para artistas internacionais: o festival da Gambôa, o FestiJazz, o Kriol Jazz Festival, para além dos ciclos de cinema e outros espectáculos que todos os anos compõem os cartazes dos centros culturais francês, português e o Auditório Jorge Barbosa.
A nova Praia do século XXI também já se faz sentir na nova arquitectura de alguns edifícios e em projectos arrojados, como é o caso do Praia Towers, da Editur, com duas torres de vidro, diante do Platô.
Nos últimos anos, muitas têm sido as campanhas de limpeza e de sensibilização dos cidadãos para com a sua cidade. E com o advento da internet e das novas tecnologias, já é possível encontrar grupos no Facebook promovendo campanhas como Campanha Pa Djuda Recupera Património De Nôs Cidade da Praia
SAPO.CV POR JA
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