LONDRES-Há décadas que o país não assistia a umas eleições tão disputadas. As últimas sondagens mantinham uma vantagem do líder dos conservadores, David Cameron, sobre os seus rivais. Mas não suficientemente larga para evitar um parlamento sem maioria absoluta.
Prevê-se que, ao fim de 13 anos, os trabalhistas sejam obrigados a abandonar o poder. Mas muito está em aberto. Uma das sondagens, da ComRes, conclui que quatro em cada dez eleitores não sabia ainda em quem votar.
“Nunca pensei que estas eleições fossem fáceis. As eleições são um desafio, e o povo britânico não nos entrega o governo do país numa bandeja, e muito acertadamente está a fazer-nos trabalhar para o merecer”, comentou hoje Cameron à cadeia ITV, depois de uma noite em branco em que se encontrou com pescadores, técnicos de ambulâncias, ou trabalhadores das obras de circunscrições do Norte de Inglaterra. “Não quero tomar nada como garantido, é uma eleição muito importante, muito renhida, e estou a lutar por cada voto até ao fim”, disse.
As últimas sondagens apontavam para uma liderança dos Tories, com 37 por cento, segundo um estudo da ComRes para a ITV e o “The Independent”; o Labour, do primeiro-ministro Gordon Brown, aparece em segundo, com 29 por cento, e os liberais-democratas de Nick Clegg com 26 por cento.
Outra sondagem, da YouGov para o “The Sun” dava uma boa e rara notícia a Brown, colocando-o em segundo com 30 por cento, a cinco pontos dos Tories, e o Lib Dem com 24 por cento.
Brown diz que está mais determinado que nunca. “Há ainda milhares de pessoas que não fizeram a sua escolha”, declarou aos estudantes da Universidade de Bradford, no Norte de Inglaterra. “Vão decidir nas próximas horas”.
O primeiro-ministro reconhece que em algumas áreas a luta é travada apenas pelos seus rivais, mas não vai baixar os braços. Num discurso em Bradford, garantiu estar “determinado”, “decidido” e que “este não é um momento dos conservadores”, cita a BBC online.
E quando interrogado pela BBC Radio 5, com perguntas dos ouvintes sobre imigração e segurança social, Brown respondeu: “Sou um lutador, não desisto. Luto pelo futuro do Reino Unido, e luto porque acredito no que estou a fazer”.
“Altura de escolher”
Nick Clegg, que foi a revelação da campanha depois da sua notável prestação nos três debates televisivos, esteve em Eastbourne, no Sul, antes de se deslocar a Durham e Sheffield, no Norte, em circunscrições trabalhistas que eram há apenas um mês consideradas invencíveis para os liberais-democratas.
Mas há quem preveja que se Cameron ficar próximo da maioria absoluta dispense o apoio do Lib Dem, e governe com uma aliança com o partido unionista da Irlanda do Norte UUP.
Clegg, que pretende tirar o seu partido do tradicional terceiro lugar, lançou aos britânicos: “Está na altura de fazer uma escolha. Uma escolha entre a política do passado, a velha política, e uma coisa nova e diferente para o futuro”. E mais adiante: “Se David Cameron e Gordon Brown chegarem ao Número 10 [de Downing Street, residência oficial do primeiro-ministro], nada, nada irá mudar. Não podemos permitir que isso aconteça”. A única mudança, “a verdadeira mudança, com a transparência que as pessoas desejam”, disse, será apenas possível com o seu partido.
Para o diário “The Independent”, esta é sobretudo uma “oportunidade histórica” para o país avançar com uma reforma eleitoral, que “acabe com o sistema injusto e desacreditado para sempre”. “Esta campanha eleitoral foi quase uma libertação”, lê-se na edição de hoje.
O jornal compara a era de combate entre dois partidos apenas aos “muros de uma prisão”, que estão agora a ruir. Graças à confiança conquistada pelo Lib Dem, adianta, “há a sensação, pela primeira vez numa geração, de que uma alteração radical no nosso panorama político será possível”.
PUBLICO.PT
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