PRÍNCIPE-Os empresários da Região Autónoma do Príncipe estão "totalmente descapitalizados" e acusam a Câmara do Comércio, Indústria Agricultura e Serviços (CCIAS), os Governos regional e central de os "abandonarem à sua sorte".
"Os privados no Príncipe vivem uma profunda descapitalização, a falta de apoio é total, a divisão de oportunidades é ainda pior porque se nota claramente que os empresários em São Tomé têm muito mais benefícios e estamos cansados de denunciar isso", explica António Barros, empresário da ilha do Príncipe.
António Barros, igualmente vice-presidente da Câmara de Comércio na Região Autónoma do Príncipe, foi convidado a pronunciar-se num fórum realizado no fim da semana passada, organizado pela ONG Internacional Alerta, sobre oportunidades de negócios com particular incidência no petróleo.
"Os empresários do Príncipe infelizmente não estão preparados para participar nesse tipo de negócios e dar resposta a esses desafios. Contamos com o apoio das autoridades, regionais e centrais, para invertermos a actual situação deste sector no Príncipe que neste momento é lamentável".
Confrontado com as críticas do seu vice-presidente, Abílio Afonso Henriques, presidente do CCIAS, diz que as dificuldades que os empresários do Príncipe sentem "são iguais" às que sentem os de São Tomé. Abílio Afonso Henriques recorda entretanto que já foi aprovado um novo estatuto que "irá implementar a revisão do acordo de parceria estratégica assinado com o Governo" e onde se propõe a adopção de certas políticas de apoio ao empresariado nacional. "O empresariado nacional vive de facto uma situação de total descapitalização com uma forte dificuldade de acesso ao crédito, e continua a ter juros bastante altos quando consegue crédito". Explica que a descapitalização do sector começou logo a seguir à independência do arquipélago "quando o Governo de partido único adoptou uma política de economia planificada, monopolizando a importação e exportação".
"Vivemos um período bastante difícil em que tínhamos um imposto de rendimento de 45%, taxas de juros bancários de mais de 42%. Portanto, não é preciso ser-se contabilista para dar conta que essas duas situações iriam provocar a falência do sector privado".
Para o presidente da Câmara de Comércio, Indústria, Agricultura e Serviços se, por um lado, houve alguma mudança, particularmente na liberalização da economia, globalmente não melhorou a situação. "Uma pessoa que vai a uma instituição de crédito contrair um crédito para importação ou exportação e paga 42% de juros, e chega no fim do ano e tem de pagar ao Estado 45% do seu lucro, entra num estado de descapitalização", explica. O empresário considera que outros aspectos que "matam a classe empresarial" são-tomense residem na falta de um porto de águas profundas, nos custos de energia, que "são dos mais caros do mundo", bem como um serviço "muito deficiente de Internet".
OJE/LUSA
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