quinta-feira, 1 de julho de 2010

CEDEAO:Guiné-Bissau paga quotas em atraso e quer presidir CEDEAO

 SAL-A Guiné-Bissau pagou quotas em atraso na CEDEAO e quer ocupar a presidência da comissão, uma ambição que afastou o consenso entre os chefes da diplomacia africanos sobre os critérios dos novos cargos da organização.
Após uma autêntica maratona - os trabalhos começaram às 09h00 locais de quarta-feira (11h00 em Lisboa) e terminaram hoje à 01h00 local (03h00 em Lisboa) -, os ministros dos Negócios Estrangeiros da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), reunidos na ilha cabo-verdiana do Sal, não conseguiram ultrapassar as divergências sobre quem deverá ocupar os vários novos cargos, deixando a decisão para a cimeira de sexta-feira.
Nenhum dos ministros falou, mas fontes diplomáticas cabo-verdianas, guineenses e senegalesas disseram à Agência Lusa que Senegal, Gana, Burkina Faso e Nigéria apresentaram fortes diferenças de pontos de vista, a que se juntou a Guiné-Bissau.
À partida para o Conselho de Ministros da CEDEAO, a Guiné-Bissau não tinha direito ao uso da palavra nem à eleição para nenhum cargo na organização, dado que tinha as quotas em atraso.
No entanto, Bissau revelou, no início do encontro, que tinha pago um terço do montante em causa e que, como tal, voltaria a estar habilitado não só a falar como a eleger representantes para a Comissão, exigindo a "nomeação" de um comissário.
A exigência surpreendeu tudo e todos, admitiram as fontes, uma vez que o relatório do Comité Ad Hoc, criado em Fevereiro, estava concluído e aguardava-se uma votação pacífica.
A Guiné-Bissau, através do ministro dos Negócios Estrangeiros, Adelino Mano Queta, mostrou-se "intransigente", alegando que o cargo de comissário fora prometido há quatro anos.
A situação "descambou", indicaram as fontes à Lusa, e, a partir de então, Nigéria, Burkina Faso, Senegal e Gana - este último detém a actual presidência e vice-presidência da Comissão - entraram em discussões, que levaram à inviabilização de um consenso.
No entanto, se a Guiné-Bissau apoia "inequivocamente" a candidatura de Cabo Verde à vice-presidência, as autoridades cabo-verdianas não apoiam a guineense a um cargo de comissário, uma vez que as questões estavam previamente negociadas.
Senegal, Burkina Faso são os candidatos à presidência.
"O impasse vai ser agora desbloqueado na Cimeira (de chefes de estado e de governo), pois a decisão final terá de ser política", indicaram as fontes, coincidentes na opinião de que "a guerra das nomeações" está também a inviabilizar a discussão de outros temas importantes para a CEDEAO, como a paz e segurança na sub-região.
A rotatividade na presidência da CEDEAO e a eleição dos novos órgãos da Comissão da comunidade, incluindo também os nomes para as presidências do Parlamento e do Tribunal de Justiça, bem como do "Controlador Financeiro", serão assim discutidas na cimeira, uma vez que os chefes da diplomacia já nem sequer se vão reunir, nem separada nem informalmente, garantiram as fontes.
OJE/LUSA

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