PRAIA-Os partidos da oposição com assento parlamentar, o Movimento para a Democracia (MpD) e a União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID), consideram que ao longo dos 35 anos de independência, Cabo Verde registou ganhos significativos, mas entendem que o país podia estar melhor.
Os representantes das duas facções políticas são unânimes em afirmar que a independência valeu a pena e que durante esses anos o país ganhou credibilidade internacional e capacidade de criação, faltando agora vencer a batalha do desenvolvimento.
“Hoje somos um país respeitado e admirado. E é essa batalha de desenvolvimento que é batalha actual do arquipélago, porque já está consensualizado que Cabo Verde já é um país independente e democrático. Agora é preciso vencer a batalha de independência”, sublinhou o líder parlamentar do MpD, Fernando Elísio Freire.
Aquele dirigente do principal partido da oposição é de opinião que há ainda vários desafios a vencer, nomeadamente, o de igualdade e oportunidade para os jovens, uma educação de qualidade, garantia da maior competitividade às empresas e diminuição da dependência externa de produtos petrolíferos.
Por sua vez, o presidente da UCID, António Monteiro, apontou ganhos assinaláveis no domínio da saúde, ao nível da educação, em termos económicos, mas julga que o país podia estar muito melhor do que é hoje.
“Se nós analisarmos toda a capacidade existente no país, se analisarmos toda a ajuda internacional, toda cooperação internacional tida durante esses 35 anos de independência o país poderia estar muito melhor daquilo que está hoje”, sublinhou António Monteiro.
Na linda da frente daquilo que a UCID considera ter sido o falhanço dos sucessivos governos está a questão do desemprego, que conforme António Monteiro, continua bastante elevado, e a questão da pobreza extrema.
“Não obstante a criação da riqueza, ainda continuamos a ter uma franja da população muito grande a viver com pobreza extrema e a UCID considera que tendo em conta todo esse desenvolvimento que o país conheceu e todos os apoios conseguidos não é de se aceitar que a pobreza ainda continua a galopar da forma como tem estado a galopar”, salientou.
António Monteiro vai mais longe e declara que houve uma regressão no que se refere a qualidade de ensino, nos valores morais e na questão da segurança pública.
“O país que em 1975 tinha um modelo completamente diferente de hoje e a UCID pensa que na altura o cidadão sentia muito mais protegido, muito mais seguro do que hoje. Trinta e cinco anos depois da independência as pessoas têm o grande receio de sair à rua e as casas todas cheias de grades parecem cadeias”, sustentou.
A justiça é outro ponto que depois de 35 anos merece uma avaliação negativa por parte de António Monteiro. O presidente dos democratas cristãos afirma que o sector da justiça não conseguiu acompanhar o desenvolvimento económico que aconteceu em Cabo Verde.
“Tivemos um crescimento do PIB bastante considerável, mas os governos não conseguiram dotar os tribunais e todo os sistema judicial do país de capacidade em termos de recursos humanos e da capacidade de infra-estruturas para acompanhar a demanda que surge devido ao próprio desenvolvimento”, concluiu António Monteiro.
Com vista a assinalar os 35 anos de independência nacional, que se comemora amanhã, 05 de Julho, várias actividades vêm sendo realizadas desde Abril. O ponto alto acontece amanhã numa sessão solene que contará com a participação de várias individualidades nacionais e estrangeiras entre as quais o presidente da República de Portugal, Cavaco Silva.
Inforpress/MJB/Fim
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