domingo, 14 de março de 2010

CV(DIÁSPORA):ENTREVISTA COM EMANUEL BARBOSA

Recentemente estivemos em Portugal onde aproveitamos para fazer uma série de entrevistas.
Hoje vamos publicar a entrevista feita em Lisboa com Emanuel Barbosa da Comissão Politica do MpD -Região politica especial de portugal.
Breves dados
Emanuel Alberto Duarte Barbosa tem 40 anos, é licenciado em Engenharia Informática pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e actualmente é mestrando do mesmo curso e na mesma faculdade. Foi Director de Administração do Palácio do Governo, caminha para cinco anos como quadro efectivo da companhia Portuguesa EDISOFT - Empresa de Serviços e Desenvolvimento de Software, S.A. do grupo EMPORDEF, exercendo no departamento Transports and Space integrando a equipa do projecto MGF - Message Generation Facility - do GALILEO - Europe's Global Satellite Navigation System.
RÁDIO ATLÂNTICO:O MPD em Portugal parece com uma dinâmica diferente realizando várias actividades junto da comunidade cabo-verdiana radicada em Portugal como pude constatar recentemente.
O Movimento para a Democracia está de facto forte em Portugal?
EMANUEL BARBOSA:O MpD está forte, muito forte mesmo. Não há actividades que fazemos que não tenha a presença em massa dos militantes e simpatizantes, pelo que sentimos o partido a crescer a cada dia que passa, estamos bem e melhor organizados, a nossa comunidade tem sentido a nossa presença, temos conseguido levar a nossa mensagem, a juventude está a galvanizar à volta do partido, temos estado a altura das nossas responsabilidades no combate politico com o nosso adversário. Em suma, estamos seguros de que, se continuarmos, assim, emprestando vigor e determinação às nossas actividades, alcançaremos os nossos maiores objectivos: que é o de ganhar as eleições legislativas.
RA:Li recentemente numa entrevista dada por si no expresso das ilhas que triplicaram o número de militantes. Isso corresponde a verdade?
EB:Com certeza, e mais, neste momento, estamos à beira de quintuplicarmos o número de militantes, no limiar de atingirmos o primeiro milhar. Isto é um marco interessante e reflecte, sem dúvida alguma, o trabalho desenvolvido. Este incremento significativo do número de militantes é fruto de um trabalho consistente, baseado numa estratégia devidamente pensada e simboliza esta nova dinâmica, que foi imprimida na Região Politica de Portugal. Também traduz a reaproximação do partido às suas bases e evidencia a óptima receptividade do partido junto da nossa comunidade em Portugal e isso regozija-nos bastante.
RA:O recenseamento eleitoral no estrangeiro vai começar brevemente. Qual a importância do recenseamento para o MpD Portugal?
EB:O recenseamento é uma etapa fulcral no processo eleitoral e o MpD, aqui, em Portugal, irá envolver-se duma forma pedagógica, sensibilizando e incentivando as pessoas, para que o maior número possível dos nossos conterrâneos possa ser recenseado. No anterior recenseamento, houve um salto qualitativo, mas penso que existem ainda uma boa margem de progressão tendo em conta a dimensão da nossa comunidade aqui nas terras Lusas. Também é nossa pretensão monitorar e supervisionar de perto todo o processo para termos a certeza de que este decorra sem máculas. Esperamos que todo o processo, em toda a diáspora, seja transparente para que o estigma da fraude não fique a pender, como ficou nas últimas eleições, sobre a diáspora.
RA:A vossa maquina está pronta para esse trabalho?
EB:O nosso propósito é o de melhorar e afinar a máquina a cada dia que passa, porque pensamos que há sempre algo a corrigir, mas, em termos gerais, podemos afirmar que estamos preparados e prontos para este desafio.
RA:Com a eleição de Carlos Veiga o partido parece dar de novo uma atenção especial e renovada para as diásporas cabo-verdianas. Foram realizadas Convenções em S. Tomé e nos Estados Unidos da América. Para a Europa está previsto também algo semelhante?
EB:Está previsto e esse virar de agulha para a diáspora é importante. A diáspora tem um peso eleitoral que não é desprezível, bem pelo contrário, e os resultados dos últimos pleitos eleitorais bem o demonstram. Em relação às últimas legislativas, temos que trabalhar afincadamente para reverter o resultado de cinco mandatos contra um favorável ao nosso adversário. Penso que estamos em condições de dar a volta a este resultado. Portanto, são precisos encontros do género para a definição de estratégias e formas de actuação conjuntas ao nível da diáspora
RA:Em Lisboa pude ver como Carlos Veiga continua popular também entre os jovens estudantes. Estou a referir a palestra organizada pelo núcleo dos estudantes da Universidade Lusófona. A mensagem de Veiga continua a passar junto dos jovens?
EB:Claramente, porque Veiga é portador de um discurso actual, suportado num pensamento moderno. Tem levado aos jovens mensagens pragmáticas e claras, direccionadas, objectivamente, para soluções que são necessárias. Os jovens, em particular, e os Cabo-verdianos, em geral, desejam ver implementadas as propostas de Carlos Veiga. Isso prova que Veiga conhece o país real, o país verdadeiro, conhece os problemas e tem ideias bem definidas de como atacá-los e, quando é assim, a mensagem passa com naturalidade, principalmente junto dos jovens, que é um segmento avesso a discursos circunstanciais.
RA:Na outra Margem o líder do MpD também foi aclamado por muita gente humilde e trabalhadora. Porque é que Carlos Veiga continua a ser tão popular assim apesar de ter estado quase 10 anos afastado da política activa?
EB:As pessoas têm memória e sabem o que o Dr. Carlos Veiga fez para a nação Cabo-verdiana e, em particular, para os emigrantes. Depois, existe uma simbiose natural entre Veiga e os Cabo-verdianos pela maneira de estar dele e pelo reconhecimento da sua competência. Isto causa algum desconforto no seu adversário José Maria Neves, que não consegue ter esta empatia com os Cabo-verdianos, em razão das políticas hostis que tem adoptado e pelo seu discurso crispado, como o mostram os epítetos que tem brindado aos cabo-verdianos, como "drogados", "burro na ladera", "sombra côco", etc., etc. Os Cabo-verdianos revêem mais no registo de Carlos Veiga do que no do José Maria Neves. Carlos Veiga sabe dar-se ao respeito e, por outro lado, é humilde e de trato fino. Estas qualidades tornam-no uma figura ímpar.
RA:voltando ao funcionamento do MpD em Portugal. Queria perguntar-lhe se a sua equipa está motivada para os próximos embates eleitorais que se avizinham?
EB:A motivação é a coisa que não falta por estas bandas. É uma motivação estribada no trabalho de casa que foi feito e que nos dá a confiança forte de que estaremos à altura dos desafios que se nos apresentam nos próximos tempos: os de levar de vencida os nossos adversários. Dito de outra forma, de ganhar as legislativas em Portugal.
RA:O PAICV é muito forte em Portugal. Acha que podem derrotar o partido de José Maria Neves em Portugal?
EB:Isto de dizer que o PAICV é forte em Portugal é relativo. Só será forte se o permitirmos e, neste momento, penso que não o estamos a permitir e existem sinais evidentes do desconforto e desorientação do PAICV perante o crescimento do MpD, aqui, em Portugal. Discutiremos as próximas eleições, com o PAICV, palmo a palmo, voto a voto, porque estamos cientes do trabalho que temos vindo a desenvolver. Dos vários encontros tidos com a nossa comunidade o sentimento que temos recolhido é que o PAICV irá ser castigado na urna pelo desprezo que tem dispensado aos filhos de Cabo Verde no estrangeiro.
RA:Acha que o actual Governo está a servir os interesses dos cabo-verdianos não residentes?
EB:De modo nenhum. Este governo tem uma visão minimalista relativamente aos imigrantes, apenas os vêem como geradores de remessas e potenciais eleitores. Não tem uma política integradora, que seja catalizadora da força da nossa imigração no processo de desenvolvimento de Cabo Verde. Basta vermos como os nossos imigrantes são hostilizados quando vão de férias por instituições estatais que não estão preparadas para dar respostas céleres e eficazes aos problemas dos nossos imigrantes. Outro exemplo é o distanciamento entre os serviços das nossas embaixadas e os consulados que deixam muito a desejar; Também, não se compreende que o governo de Cabo Verde assista, impávido e sereno, que as nossas gentes, em algumas paragens do mundo fora, vivam no limiar da dignidade humana sem se envolver, no quadro da cooperação com os países de acolhimento, na busca de soluções para os problemas dos nossos conterâneos. É preciso pôr termo a esta visão tacanha de considerar a imigração apenas quando é preciso o seu voto e pela remessa que faz chegar a Cabo Verde. Que se ganhe e se construa uma nova concepção para o imigrante, que passe pelo reconhecimento do seu papel de parceiro especial e preferencial no desenvolvimento do nosso país.
RA:Caso o MpD vencer as próximas legislativas servirá melhor os interesses dos cabo-verdianos diasporizados?
EB:Claramente. Penso que, quando o presidente do nosso partido, ao dirigir-se aos emigrantes, lhes disse para não lhe pedirem um ministério para a emigração porque ele chamará a si directamente as questões da emigração, é um sinal mais de que evidente da relevância que quer atribuir aos Cabo-verdianos além-fronteira. Se fizermos um balanço é fácil concluir que as politicas marcantes para os imigrantes foram quase todas elas decididas e implementadas durante a governação do MpD, como, por exemplo, o direito a voto. Isso é sinal de que o MpD sempre foi mais sensível às causas da imigração, compreende-as melhor, porque o MpD já demonstrou, bastas vezes, que tem os imigrantes no coração.
RA: Acha que Jorge Carlos Fonseca faria boa dupla com com Carlos Veiga nos próximos embates eleitorais?
EB:Não quero tecer considerações sobre cenários hipotéticos.
RA: O MpD Portugal já tomou posição sobre o/a candidato(a) a apoiar nas Presidenciais?
EB:MpD Portugal é uma Região Politica, e a aprovação das propostas de apoio a candidato a Presidente da República sai fora do escopo das suas competências, tal cabe a Direcção Nacional. Enquanto estrutura, nós apoiaremos e sufragamos as decisões nacionais do partido.
RÁDIO ATLÂNTICO-NORBERTO SILVA

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