quinta-feira, 18 de março de 2010

USA:Presidente da Fed defende manutenção de poder regulatório da instituição

Ben Bernanke, presidente da Reserva Federal (Fed) dos EUA, apelou aos congressistas para que não reduzam os poderes regulatórios da instituição sobre o sector financeiro.
Durante uma audição no Congresso Bernanke disse que a Fed precisa da informação que obtém da supervisão dos bancos para estabelecer as taxas de juro e aferir a saúde do sistema bancário.
O Senado está a discutir uma proposta legislativa para alterar a regulação financeira, que, se aprovada, tiraria à Fed o poder de vigiar entidades bancárias com activos inferiores a 50 mil milhões de dólares (36,4 mil milhões de euros), o que a reduziria a supervisionar apenas 35 grandes holdings bancárias.
A actual crise financeira e económica tem sido atribuída por vários críticos a regulações da Fed e de outras agências, consideradas laxistas.
Ao testemunhar perante o comité dos serviços financeiros da Câmara dos Representantes Bernanke reconheceu mais uma vez que as falhas da Fed na sua actividade de regulação desempenharam um papel na actual crise, mas acrescentou que o banco central melhorou a capacidade de regulação e supervisão.
Outros testemunhos, realizados também ontem, corroboraram alguns dos argumentos do presidente da Fed.
Paul Volcker, antigo presidente da Fed, e Anil Kashyap, professora de Economia e Finanças na Universidade de Chicago, defenderam a manutenção da capacidade de supervisão bancária da Fed, repetindo os argumentos de Bernanke.
O presidente do Bank of Newman Grove, Jeffrey Gerhart, expressou o apoio dos pequenos bancos à continuidade da supervisão por parte da Fed, dizendo que sem esta supervisão o banco central perderia informação sobre as economias locais, o que afectaria as suas decisões no estabelecimento de taxas de juro.
Por fim, Allan Meltzer, professor na Universidade de Carnegie-Mellon, disse que duvidava que algum regulador conseguisse prevenir todos os riscos do sistema financeiro.
No entanto os argumentos de Bernanke para preservar os poderes da Fed suscitaram o cepticismo de alguns membros da Câmara dos Representantesnas audiências. Por exemplo, o republicano Spencer Bachus, do Alabama, afirmou que "francamente, o desempenho da Fed... tem sido inadequado". "Apesar da sua supervisão, muitas das grandes e complexas organizações bancárias envolveram-se em transacções que ajudaram a precipitar a crise financeira".
A Fed supervisiona cerca de 5.000 holdings bancárias, cerca de 850 bancos mais pequenos e alguns bancos estrangeiros a operar nos EUA.
A legislação apresentada pelo presidente do comité senatorial da banca, Christopher Dodd, reduziria o poder da Fed sobre os pequenos bancos e as pequenas holdings bancárias, mas dar-lhe-ia mais poder para que supervisionasse empresas financeiras não bancárias tão grandes e interligadas que a sua falência poderia constituir uma ameaça para a economia. Estas firmas poderiam incluir a seguradora gigante American International Group ou o ramo financeiro da General Electric.
OJE/LUSA

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