domingo, 4 de abril de 2010

BRASIL:SERRA CONTRA DILMA-O DUELO PRESIDENCIAL VAI COMEÇAR

Os dois pré-candidatos às eleições de Outubro deixaram esta semana os seus cargos.

Os dois mais fortes pré-candidatos às eleições presidenciais de Outubro, José Serra pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e Dilma Rousseff pelo Partido dos Trabalhadores (PT), renunciaram esta semana aos cargos públicos para poderem apresentar-se como "presidenciáveis" e cumprir o calendário eleitoral.
Ele deixou o governo de São Paulo; ela a liderança da Casa Civil. Fizeram-no em clima de aclamação e algumas lágrimas. Os discursos de despedida tiveram o registo popular "pelo Brasil", deixando um "até já" e, nas entrelinhas, mandaram recados mútuos, prenunciando o tom eleitoral da campanha que começa, oficialmente, em Julho.
Dilma criticou ao de leve o governo de Fernando Henrique Cardoso, do qual Serra fez parte como Ministro da Saúde; e ele ironizou subtilmente que o seu governo "nunca cultivou roubalheira". Na retórica houve também o silêncio: não mencionaram que serão candidatos às eleições. Legalmente não podiam ainda admiti-lo, uma vez que as candidaturas oficiais só serão apresentadas este mês. Serra tem lançamento marcado para o sábado dia 10, em Brasília.
Pelo menos podem desde já admitir que, em matéria de popularidade, Serra continua na liderança. As sondagens desta semana do Instituto Datafolha garantiam-lhe nove pontos (36%) à frente a Rousseff (27%). O tucano - a ave símbolo do PSBD - ganha nas regiões ricas como São Paulo (com expressivo número de eleitores) e no sul, onde Dilma viveu, e que "deveria" ser território político dela. Caso as eleições fossem agora, Serra ganharia na primeira volta; se fossem à segunda, a diferença manter-se-ia favorável a ele.
Para o economista brasileiro Carlos Montenegro, especialista em análise de sondagens, não há dúvidas de que o PSDB será o próximo inquilino do Palácio do Planalto, sede do Governo em Brasília, na primeira volta. E isso, independentemente de os candidatos serem Serra ou Aécio Gomes - que foi governador de Minas Gerais, renunciou também esta semana, e poderá ser vice-presidente de Serra, apesar de já ter sido apontado como presidenciável.
Uma ressalva: segundo Montenegro, a vitória à primeira só é garantida se Ciro Gomes não for candidato pelo Partido Socialista Brasileiro - e ele ainda não obteve consenso dentro do partido, mais interessado numa coligação com o PT. Na mesma sondagem Gomes aparecia em terceiro lugar (11%) e Marina Silva, pelo Partido Verde, atrás dele com 8%.
Ainda é cedo para vitórias e há muito marketing político pela frente. Mas parece haver acordo de que será mais difícil para Dilma: como vai explicar o passado de guerrilheira? Depois, a petista é nova na corrida e a primeira candidata desde 1945 sem qualquer experiência eleitoral. Serra é um veterano: está na política desde 1963. Em 2002, perdeu para Lula da Silva, que nas sondagens desta semana aparecia com 76% de popularidade: a maior desde que assumiu a Presidência.
Nem mesmo as polémicas de inaugurações-relâmpago de obras inacabadas do Programa de Aceleração de Crescimento e as multas do Tribunal Superior Eleitoral, por suposta campanha antecipada a favor de Dilma, lhe desgastaram a imagem. A imprensa da "oposição", conhecida como Partido da Imprensa Golpista, tem-no tentado, veementemente, no último mês como forma de desmoralizar o PT. Lula reagiu: "Eles sabem que o Brasil mudou de patamar."
Certo é que, pela primeira vez em dez anos, haverá eleições presidenciais sem Lula.
DN.PT-POR VANESSA RODRIGUES, São Paulo

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