PRAIA-O deputado do Movimento para a Democracia eleito pelo círculo da Boa Vista, José Luís Santos, considerou hoje, que o sector da pesca naquela ilha tem tido uma “morte lenta”, por não beneficiar de uma devida atenção por parte do governo.
Falando no período da sessão parlamentar dedicado a Perguntas ao Governo, o deputado do principal partido da oposição acusou o executivo de não dar a atenção que merecem os pescadores e as peixeiras da “Ilha das Dunas”, escreve a Inforpress.
Segundo José Luís Santos, as acções do governo não envolvem concretamente os profissionais da pesca mais desfavorecidos.
Este facto, no seu entender, tende a prejudicar o desenvolvimento económico da Boa Vista, que tem uma comunidade piscatória “muito considerável”, e cuja maioria das famílias, o Estado não consegue dar emprego.
Em resposta, o ministro do Ambiente, Desenvolvimento Rural e Recursos Marinhos, José Maria Veiga, recordou que a pesca, tanto a nível do país, como em todo mundo, tem tornado um sector “extremamente complicado” devido a escassez de recursos, o que exige maiores investimentos.
José Maria Veiga indicou que Boa Vista vai ser beneficiada, brevemente, com alguns projectos a serem executados a nível nacional, sendo um deles no valor de um milhão de euros (110 mil contos) no sector da pesca artesanal, provenientes da cooperação espanhola.
“Já importamos alguns equipamentos, dentro os quais 300 malas de conservação de pescado, 100 sondas para os pescadores, um eixo para capacitação de pescadores e vendedeiras e um sistema de certificação que irá permitir uma enorme organização desse mercado pesqueiro”, garantiu o governante.
Segundo a agência noticiosa cabo-verdiana, José Maria Veiga disse ainda que um novo projecto vai ser lançado nas próximas duas semanas, financiado pelo Banco Mundial, em oito milhões de dólares (cerca de 720 mil contos) e que envolve além da pesca artesanal, a fiscalização marítima.
Um terceiro projecto, já em execução, e que também vai beneficiar Boa Vista, segundo o governante responsável pelo sector das Pescas, é o de instalação de dispositivos de conservas de peixe em Cabo Verde.
O projecto, elaborado pelo Instituto Nacional de Desenvolvimento das Pescas (INDP), em São Vicente, está orçamentado em um milhão, 406 mil dólares (cerca de 125 mil contos) e envolve o Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
O ministro José Maria Veiga informou, ainda, que no âmbito da sua última deslocação ao Brasil foi concertado um novo projecto “extremamente inovador”, em parceria com o governo brasileiro e a FAO a nível da aquacultura, que vai permitir ainda criar um sistema de intervenção a nível do continente africano.
São um conjunto de acções no sector que, de acordo com o governante, vão permitir que a ilha da Boa Vista e não só, dê um salto qualitativo, além de um trabalho de certificação dos produtos piscatórias que o executivo pretende colocar já em prática.
“Tendo um serviço de certificação no país, podemos exigir mais qualidade aos hotéis e garantir os nacionais no mercado turístico”, advogou José Maria Veiga.
MPD ACUSA GOVERNO DE NÃO TER PLANOS E PROJECTOS PARA SECTOR AGRÍCOLA
PRAIA-O Movimento para Democracia considerou hoje(28 de Junho) na abertura da sessão parlamentar de Junho, que a agricultura em Cabo Verde está abandonada devido à inexistência de planos e projectos concretos para o sector.
De acordo com Agostinho Lopes, deputado da bancada do MpD, os produtores agro-pecuários do país estão “abandonados à sua sorte”, devido a inexistência de uma política e de uma planificação por parte do actual governo, para o sector da agricultura, revelou a Inforpress.
“A ausência de políticas e de planificação é notória e gritante. Os produtores agro-pecuários estão abandonados à sua sorte. A mobilização de mais e melhor água é pura propaganda. A única obra feita com verdadeiro impacto é a barragem de Poilão e só disponibiliza 1,2 milhões de metros cúbicos de água para irrigação (…) e falta executar a parte de chuvas artificias”, disse.
Conforme apontou ainda esse deputado, as obras de ordenamento e valorização das bacias hidrográficas dos Picos, dos Engenhos, de Fajã, de Ribeira Prata, de Alto Mira e Ribeira da Torre, bem como os projectos de MCA têm problemas de execução e até esta data não trouxeram “nenhuma melhoria” para os agricultores em termos de disponibilidade de água.
Ainda de acordo com a Inforpress, outro aspecto apontado pelo deputado Agostinho Lopes, envolve, segundo disse, a improdutividade de várias propriedades devido à ausência do Estado na investigação, mobilização de água e no processo da dessalinização acelerada dos solos, sobretudo nos casos de Justino Lopes e de Chão Bom, na ilha de Santiago.
“Não há regulação na questão de água. Os conflitos são permanentes e a intervenção dos serviços competentes é ineficaz. Os preços subiram em flecha sem uma análise que levasse em conta as necessidades de incentivos à produção de bens agrícolas. Enfim, a água é mais rara e cada vez mais cara”, enfatizou o deputado.
Segundo Agostinho Lopes, a tão “propalada modernização da rega” faz parte de uma “propaganda” do Governo, alegando que a introdução do sistema gota a gota é dos anos 90.
Conforme sublinhou, a sua divulgação tem sido no entanto “tímida, sem incentivos e sem objectivos claros quanto a meta a atingir em termos áreas irrigada, e sem investigação e absorção dos avanços técnicos registados a nível mundial nesta área.
“Quase duas décadas depois da introdução da rega gota a gota, só pouco mais de 20 por cento das nossas terras irrigadas utilizam o sistema. Se a dinâmica dos anos 90 tivesse tido continuação, a superfície hoje contemplada deveria rondar os 80 por cento da área efectivamente irrigada. Com a água que se pouparia teríamos hoje disponibilidade de atingir 3600 hectares de regadio produtivo em vez dos 1800 a 2000 hoje existentes”, citou Lopes.
O deputado do MpD apontou ainda que a investigação agrária no país foi destruída, pois, segundo disse, a única instituição de investigação organizada existente, a INIDA, está em processo de desarticulação.
As críticas do MpD nesse primeiro dia de trabalho parlamentar, referem-se ainda à ausência de transportes marítimos que, conforme apontam, impede a unificação do mercado agrícola cabo-verdiano que está fragmentado, constituindo um dos principais entraves para o desenvolvimento, rentabilização e modernização do sector, conclui a Inforpress.
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