PRAIA-O Brasil vai assinar com Cabo Verde o perdão da dívida do arquipélago, no valor de 3,5 milhões de dólares (cerca de três milhões de euros), disse hoje à Agência Lusa a embaixadora brasileira na Cidade da Praia.
Segundo Maria Dulce Barros, trata-se de uma das conclusões práticas do reforço das relações comerciais entre o Brasil e Cabo Verde e integradas no quadro da cimeira entre os dois países, que se realizará sábado à tarde na ilha cabo-verdiana do Sal, na presença do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“O perdão da dívida já tinha sido acordado, mesmo apesar de Cabo Verde sempre ter cumprido os seus compromissos. Mas faltava regulamentá-lo e é isso que vai acontecer, permitindo a Cabo Verde ter melhores condições para obter financiamentos para projetos de desenvolvimento” no arquipélago, disse a diplomata brasileira.
Transportes aéreos e marítimos, relações comerciais e, sobretudo, as “questões estratégicas” ligadas à segurança, designadamente no combate ao narcotráfico, estão também na agenda da visita de Lula da Silva a Cabo Verde, onde participará na inédita cimeira com homólogos da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que se realiza também sábado.
As relações comerciais entre os dois países têm estado a funcionar para um só lado e diminuíram ligeiramente em 2009, devido à crise financeira internacional.
Segundo Maria Dulce Barros, dos 40 milhões de dólares (cerca de 33,5 milhões de euros) em exportações para Cabo Verde atingidos em 2008, desceu-se, no ano passado, para 35 milhões de dólares (29,1 milhões de euros).
No sentido inverso, as importações brasileiras de Cabo Verde mantiveram-se estáveis nos residuais 30 mil dólares (25 mil euros), sendo “enorme” o défice comercial cabo-verdiano em relação ao Brasil.
Outra das apostas da visita de Lula da Silva a Cabo Verde passa pelo setor dos transportes, estando em estudo a possibilidade de os dois países aumentarem “significativamente” as ligações aéreas (só há uma frequência por semana entre a Cidade da Praia e Fortaleza) e marítimas (praticamente inexistentes).
“A experiência com Cabo Verde já está a dar frutos e a ideia (da cimeira com a CEDEAO, sábado de manhã) é estendê-la aos restantes países da sub-região” oeste-africana, disse à Lusa Maria Dulce Barros.
A embaixadora realçou que a estratégia do Brasil em África “há muito que passou da retórica à ação”, lembrando que o país abriu, ao longo dos últimos dois anos, novas embaixadas em Conacri, Ouagadougou, Acra, Bamaco, Cotonou, Niamey e Abidjan (que representa também em Monróvia), que se juntaram às já existentes em Bissau, Cidade da Praia, Lomé, Dacar e Abuja (Nigéria).
“Temos 13 embaixadas nos 15 Estados membros da CEDEAO e alguns projetos em curso nesses países”, afirmou a diplomata brasileira, recordando ainda que o Brasil também abriu uma missão diplomática em Malabo, onde várias empresas brasileiras estão a construir infraestruturas.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/Fim.Sapo.cv
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