BERLIM-O multimilionário e investidor George Soros afirmou que "se os alemães não mudarem a sua política, não se pode excluir o colapso do euro", em entrevista a publicar amanhã no semanário germânico Die Zeit.
Soros considerou ainda que "seria bom para o resto da Europa" que a Alemanha saísse da União Monetária, acusando Berlim de impor aos outros países da moeda única "uma política económica errada, que persiste na redução da dívida pública".
Com esta opção, "os alemães lançam os seus vizinhos para uma deflação", afirmou o investidor, revendo também uma "longa fase de estagnação" na União Europeia, com o recrudescimento de fenómenos como o nacionalismo, a agitação social e a xenofobia.
Na opinião do homem que especulou contra a Libra britânica, "a desintegração da União Europeia já começou, com as diferenças de opinião sobre a política económica entre a Alemanha e a França, que são maiores do que há dez anos".
Na entrevista, Soros previu ainda que Berlim estará "globalmente isolada" na Cimeira do G 20, no próximo fim-de-semana, que reúne em Toronto (Canadá) as 20 maiores economias do mundo e vai debater a forma de reduzir os défices públicos.
Soros lembrou que o presidente norte-americano, Barack Obama, advertiu contra o risco de estrangulamento da retoma, se forem aplicados planos de austeridade demasiado restritivos.
Soros recomendou ainda que os bancos "sejam melhor apetrechados" com capital proveniente do fundo de protecção de 750 mil milhões de euros, criado para proteger a moeda única, para se combater a crise orçamental no sul da Europa.
O fundo foi criado para ajudar os países em dificuldades orçamentais, e não os bancos, "mas é precisamente isso que está errado porque, se capitalizarmos os bancos, eles ajudarão os países", afirmou o multimilionário.
"Na verdade, não se trata de uma crise monetária na Europa, nem dos orçamentos de Estado, como muitos pensam, mas sim de uma crise dos bancos", disse ainda.
O investidor deu o exemplo actual da Espanha, "onde o Estado está muito menos endividado do que outros países europeus, mas quase não consegue obter dinheiro, porque os bancos estão mal"
OJE/LUSA
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